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Esta é uma
curiosidade que me ocorreu enquanto recordava, numa 6a. série, a
adição de números relativos.
Ao invés de
apresentar os exercícios na maneira usual, pedi aos alunos que completassem
uma tabela de dupla entrada:
apresentação
solução
Achei
conveniente que os alunos também efetuassem a adição de vários números
relativos.
Os alunos
gostaram da apresentação da tabela na forma abaixo:
Observei
ainda o seguinte fato: se a soma de todos os números dados inicialmente for
0 e a tabela for quadrada, o número no canto inferior direito será 0. Mostrei estas tabelas ao meu colega Murilo Edeval Droppa e, junto, colocando as letras a1,a2,..., ak na primeira coluna e b1, b2, ..., bn na primeira linha da tabela, demonstramos que a soma S do canto inferior direito é S = (n + 1)(a1 + a2 + ... + ak) + (k + 1)(b1 + b2 + ... + bn) quer ela seja obtida a partir dos elementos da última linha ou da última coluna. Aspectos positivos desta atividade: 1. Os alunos exercitam somar números inteiros, consumindo pouco espaço no caderno.
2. Os
alunos exercitam o uso de tabelas de dupla entrada.
3. Por se
tratar de uma novidade, a apresentação é atraente.
4. É fácil
perceber se algum erro foi cometido: será certamente o caso se as somas ao
longo da última linha e da última coluna “não baterem”.
No
interessante livro: “Número, a linguagem da ciência”, de Tobias Dantzig, da
Editora Zahar, o autor nos conta um pouco da história dos números. No
capítulo I, sugestivamente intitulado “Impressões Digitais”, ele chama a
nossa atenção pra a enorme importância que nossas mãos tiveram no
desenvolvimento da contagem. À página 23 o autor descreve um curioso
processo para fazer multiplicações usando os dedos das mãos. Tal processo
era usado por camponeses de uma região da França.
Aqui vamos
detalhar um pouco mais a descrição do autor.
Os
camponeses citados conheciam a tabuada até a do 5 e usavam as mãos para
multiplicar números entre 5 e 10. Vejamos um exemplo: 7 x 9.
1) Numa das
mãos, abaixam-se tantos dedos quantas unidades o 7 passa de 5;
2) Na outra
mão, abaixam-se tantos dedos quantas unidades o 9 passa de 5; portanto
abaixam-se 4 dedos.
3) Os dedos
abaixados devem ser somados e representam dezenas. Assim, no nosso exemplo,
temos 2 + 4 = 6 dezenas, isto é, 60 unidades.
4) Os dedos
que estão em pé devem ser multiplicados e representam unidades. No nosso
caso temos 1 x 3 = 3 unidades.
5) Agora
somamos: 60 + 3 = 63. Olhe só 7 x 9 = 63!
Se você
gostou da brincadeira faça agora 7 x 8, 8 x 9, 6 x 9 etc.
Verifique
que o processo também vale para os fatores 5 e 10, que são os extremos do
intervalo em que o processo pode ser usado.
Agora uma
pergunta: como demonstrar que o processo vale sempre, desde que os fatores
estejam entre 5 e 10?
Vamos fazer
esta prova. Ela é bastante simples.
Consideremos o produto dos inteiros m e n com 5 m, n
10.
Observe o
esquema:
Os dedos abaixados são somados: (m – 5) + (n – 5) = m + n – 10; eles representam dezenas: 10(m + n – 10) (1)
Os dedos em
pé são multiplicados: (10 – m) . (10 –
n) (2)
Agora
somamos (1) com (2) e obtemos mn.
No livro
citado, Tobias Dantzig afirma que artifícios semelhantes foram encontrados
em vários lugares, distantes uns dos outros. Estas idéias ilustram a
importância que nossas mãos tiveram no desenvolvimento da contagem.
N.R. 1: Os
camponeses, de fato, usavam a identidade
(5 +x)(5 + y) = 10x + 10y + (5 – x)(5
– y),
com 0
x, y
5 pois, conhecendo a
tabuada até a do 5, sabiam o valor de (5 – x)(5 – y) e a identidade lhes
permitia então calcular o produto (5 + x)(5 + y) de números entre 5 e 10.
N.R. 2: A
RPM recebeu outro artigo sobre o mesmo assunto escrito por Revair Altair
Benati, de São José do Rio Preto, SP.
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