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Rudimar Luiz Nós INTRODUÇÃO Neste artigo, vamos apresentar o teorema de Stewart e sua demonstração, motivando esse estudo com o problema do cálculo do raio da circunferência inscrita em uma arbelos. Em Geometria, arbelos é uma região plana delimitada por uma semicircunferência de diâmetro D e duas semicircunferências de diâmetros d e D – d, como mostra a figura a seguir. Acredita-se que Arquimedes tenha sido o primeiro a estudar suas propriedades matemáticas na obra Book of Lemmas. Em grego, arbelos significa "faca de sapateiro" porque se assemelha à lâmina de uma faca usada por sapateiros desde a antiguidade até os dias atuais ([4]). Nas páginas seguintes há figuras ilustrando a faca do sapateiro, bem como uma escultura na forma de arbelos existente na Holanda. Vamos utilizar, como já mencionamos, o teorema de Stewart para relacionar os raios r1 e r2 de uma arbelos com o raio r da circunferência nela inscrita ([1]) e também para provar dois resultados propostos em [3]. Mas, antes disso, vamos ao teorema de Stewart. o teorema de stewart Matthew Stewart (1717-1785), matemático escocês, foi aluno de Colin Maclaurin na Universidade de Edimburgo, assumindo a cadeira deste em 1747. Sua obra mais conhecida é Some general theorems of considerable use in the higher parts of Mathematics, cuja contracapa está reproduzida na página seguinte.
Demonstração: Supondo o ângulo B agudo, como na figura, seja k a projeção da ceviana CD sobre o lado AB. No triângulo BDC , valem as relações: a2 = (m – k)2 + h2 e h2 = d2 – k2, logo, b2 = n2 + d2 + 2nk. (2) Multiplicando (1) por n e (2) por m, obtemos: a2n = m2n+ d2n– 2mnk, Como m + n = c, temos: a2n + b2m – d2c = cmn, que é a igualdade que queríamos provar. Uma demonstração análoga pode ser feita no caso de o ângulo B ser obtuso ou reto. Resolvendo o problema Da arbelos Dada a arbelos da figura abaixo, vamos relacionar os raios r1 e r2 com o raio r da circunferência inscrita na arbelos.
Vamos considerar o triângulo ABC cujos vértices são os centros das semicircunferências de raios r1 e r2 e o centro da circunferência inscrita, de raio r. As medidas dos lados do triângulo ABC são: AB = r + r1, AC = r + r2 e BC = r1 + r2. Sendo D o centro da semicircunferência de raio (r1 + r2), temos BD = r2, DC = r1 e Usando o teorema de Stewart no triângulo ABC com a ceviana AD, obtemos: (r + r1)2. r1 + (r + r2)2. r2 – (r1 + r2 – r)2 (r1 + r2) Desenvolvendo algebricamente essa igualdade, e isolando-se o r, chega-se à relação procurada: . (1) Como complemento, observamos que a altura h, assinalada na figura, do triângulo ABC em relação ao lado BC, pode ser calculada em função de r, fazendo-se: sendo a segunda igualdade obtida usando-se a fórmula de Heron (ver [2] ou, por exemplo, RPM 23, 36 ou 57) para o cálculo da área do triângulo ABC, lembrando que as medidas de seus lados são: Substituindo-se, em (2), o valor de r pelo valor obtido em (1), vem: Usando essa igualdade em (2), obtemos e, então, h = 2r.
provando outros resultados Os resultados 1 e 2 a seguir estão propostos em [3]. Vamos prová-los usando o teorema de Stewart. Resultado 1
Resultado 2
Demonstração do Resultado 1 Seja o triângulo ABC, de lados BC = a, AC = b e AB = c. Suas medianas são AM = ma, BN = mb e CO = mc. Aplicando-se o teorema de Stewart para a mediana ma, obtém-se:
Analogamente, obtêm-se para as medianas mb e mc, respectivamente: Somando-se as três últimas equações, obtemos que é o que queríamos provar. Demonstração do Resultado 2 Seja ABC um triângulo retângulo em A, de lados BC =a, AC = b e AB = c. Sejam T1 e T2 os pontos que dividem a hipotenusa em três partes iguais; logo, BT1 = T1T2 = T2C = a/3. Se AT1 = d1, aplicando-se o teorema de Stewart no triângulo ABC para a ceviana AT1, obtemos Analogamente, se AT2 = d2, aplicando-se o teorema de Stewart no triângulo ABC para a ceviana AT2, obtemos: Somando-se as duas últimas equações, obtemos
Pelo teorema de Pitágoras, b2 + c2 = a2; logo, que é o que queríamos provar.
REFERÊNCIAS 1 Matemática Pura. Brahmagupta, Heron e algumas aplicações interessantes, 2014. Disponível em: http://amatematicapura.blogspot.com.br/2012/07/brahmagupta-heron-e-algumas-aplicacoes.html. Acesso em: 14 de fevereiro de 2014. 2 Dalcin, M. A demostração feita por Heron. Revista do Professor de Matemática, no 36. São Paulo: SBM, 2009. 3 Posamentier, A. S., Salkind, C. T. Challenging problems in geometry. New York: Dover, 1996. 4 Wikipedia. Arbelos, 2014. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Arbelos. Acesso em: 14 de fevereiro de 2014.
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