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Luciano Aparecido Magrini Neste artigo vamos apresentar o modelo populacional de Malthus em sua versão discreta. Trata-se de um modelo clássico em dinâmica populacional que pode ser utilizado em sala de aula com alunos do ensino médio. Além disso, faremos a construção de um modelo malthusiano para a população do município de São Paulo e mostraremos que o erro pode se manter aceitável, desde que os intervalos de tempo permaneçam pequenos. Thomas Malthus (1766 -1834) era um religioso e economista britânico, que estava convencido de que as populações humanas, se não limitassem a natalidade, estariam fadadas à fome e à destruição, pois “enquanto os recursos crescem em progressão aritmética, a população cresce em progressão geométrica”. Isso ocorreria porque a cada instante a população cresceria a uma taxa proporcional à população presente, sendo essa a hipótese principal do modelo malthusiano. Pn /Pn-1 , onde a constante de proporcionalidade r é chamada de taxa de crescimento ou declínio conforme seja positiva ou negativa. Em populações em que a migração é desprezível, essa constante pode ser tomada como a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade. Sendo P0 a população inicial em um certo ano tomado como ano zero, segue: P1 = rP0, P2 = r2P0, P2 = r2P0, etc. De um modo geral, Pn = rnP0 é a equação que expressa o modelo malthusiano de população. Deve ser observado que a variação bruta da população do ano para o ano é Pn – Pn–1, enquanto a variação relativa é uma constante, em geral fornecida em forma de porcentagem. Tomemos um exemplo. Na Tabela 1 abaixo, estão registrados os dados da população do município de São Paulo entre os anos de 2000 e 2005 (estamos considerando o ano de 2000 como o tempo inicial). Observe que a razão r não é constante para essa população. Na realidade, a taxa anual está decrescendo, o que significa que esta população não segue o modelo de Malthus. Por exemplo, a população cresceu 0,87% de 2000 para 2001, cresceu 0,84% de 2001 para 2002, e assim por diante. É comum também, em Demografia, considerar a variação da população de 10 em 10 anos ou de 5 em 5 anos, seja porque esses são os intervalos entre os Censos ou entre as contagens de população, seja porque nas declarações de ano de nascimento existe uma “atração” pelos algarismos finais 0 e 5. Nesse caso, deduz-se a variação anual, suposta constante, para dar uma ideia da evolução do crescimento. Por exemplo, na Tabela 1, se a taxa anual fosse realmente constante entre 2000 e 2005, deveríamos ter
o que significa que entre os anos de 2000 e 2005 a população em estudo cresceu, em média, cerca de 0,81% ao ano. Se usarmos essa taxa como taxa anual constante, obteremos a “projeção” de população obtida na coluna 3 da Tabela 2, seguindo estritamente o modelo malthusiano Pn = 1,008134n ∙ 10434252. Abaixo, na Tabela 2 estão apresentados os dados oficiais com as respectivas projeções pelo modelo malthusiano e os erros percentuais (os dados foram arredondados para o inteiro mais próximo no caso da projeção e para duas casas decimais no caso do erro percentual). Vemos assim que o modelo de Malthus, apesar de simplista e de não considerar as especificidades de uma cidade como São Paulo e nem fatores como imigração e migração se adapta bem à realidade para períodos pequenos de tempo. Contudo, como já mencionado, o crescimento exponencial de uma população não se mantém para longos períodos de tempo e essa é uma das principais críticas a esse modelo de dinâmica populacional. Sugerimos ao leitor que exercite o funcionamento do modelo malthusiano em outros dados populacionais e que os apresente em sala de aula e também que busque na literatura outros modelos de dinâmica populacional como o modelo de Verhulst, o modelo de Gompertz e outros.
REFERÊNCIAS [1] MAGRINI, Luciano A. Modelos matemáticos e aplicações ao Ensino Médio. 2013. 122f. Dissertação (Mestrado em Matemática em Rede Nacional) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Neto”, Rio Claro, 2013. [2] BASSANEZI, Rodney C. Ensinoaprendizagem com modelagem matemática. 3 ed. São Paulo: Editora Contexto, 2011. [3] NEVES, Djairo G. F. Equações diferenciais aplicadas. 3 ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2012. |