CORRESPONDÊNCIA
RPM – Cartas do Leitor
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CONJETURA DE GOLDBACH

RPM 82

Olá,

Na RPM 82, página 5, foi publicada a conjetura de Goldbach assim: “todo inteiro maior do que 2 pode ser escrito como soma de três primos”. Fiquei pensando como poderia escrever o 3, o 4, e o 5, como soma de três primos e, naturalmente, não encontrei resposta. Diante da dúvida consultei a internet e descobri no site
http://matematicaenigmatica.blogspot.com.br/2010/10/conjectura-de-goldbach-o-que-e.html
que ele considerava 1 como primo. Então, faltou dizer junto à conjetura que ele considerava 1 como primo. Poderíamos conjeturar: Todo número maior ou igual a 6 pode ser escrito como soma de três primos, valendo repetir primos?

Abraços,

Cleunilson Medeiros

SUGESTõES

Prezados senhores,

Sou professor de Matemática do ensino fundamental II, da rede municipal de ensino de Reriutaba, CE. Sempre que posso discuto com meus alunos do 9o ano, temas que eles vão estudar em Matemática e Física no ensino médio. Vejo que no Brasil não se discute se seria interessante estudar os vetores já no ensino fundamental II. Esse tema poderia ser ensinado junto com a geometria do 8o ou do 9o ano. Se o conteúdo fosse ensinado nessa fase do ensino, isso facilitaria muito o aprendizado de vários temas do ensino médio como, por exemplo, matrizes, sistemas lineares, geometria analítica e números complexos; na Física, os alunos iriam entender que vetores são um conteúdo da Matemática e não da Física. Muitos de nossos alunos do ensino médio acham que esse conteúdo é totalmente da Física. Queria propor uma discussão sobre esse tema. Sei que é complicado, pois a educação no Brasil é muito atrasada, mas acho bom começarmos a pensar nessa proposta.

Sugiro também que a RPM publique questões da obra 100 Great Problems of Elementary Mathematics de Heinrich Dorrie para conhecimento de seus leitores, pois admiro muito essa publicação.

Desejo a todos que fazem a RPM, um 2014, com muita paz, esperança e felicidades.

Agradece,

Cícero Soares Furtado

 

PRATICAS CRIATIVAS NO ENSINO DE EQUAÇÃO E FUNÇÃO DO SEGUNDO GRAU

Prezados senhores,

Por acreditar que a Matemática pode e deve ser apresentada de uma forma dinâmica, interativa, compreensível, aplicável e agradável, quero apresentar aos meus colegas, leitores da RPM, um trabalho que desenvolvi com meus alunos de nono ano do Colégio Estadual Dez de Maio (Itaperuna - RJ). Talvez ele possa servir de inspiração para diversas outras práticas com os mais variados assuntos .

O objeto do estudo foram as equações e funções do segundo grau.

Buscando trabalhar a História da Matemática de uma forma dinâmica, que estimulasse a criatividade dos alunos, desenvolvi uma atividade na qual os alunos foram divididos em grupos e cada um desses grupos deveria criar uma paródia, música ou poesia abordando os temas que havíamos tratado. Entre os vários trabalhos apresentados compartilharei a letra de um rap criado por um dos grupos. Na apresentação do trabalho para a turma eles não só cantaram como também se caracterizaram como um grupo de rap.

“Vamos contar a História de Bhaskara / Um grande Matemático que nasceu na Índia / Em 1114 ele nasceu / Só até 1185 ele viveu / Ele tinha uma filha, que queria se casar / Mas a menina era cheia de azar / Lilavat era o seu nome / Tudo o que ela queria era arranjar um homem / É também o nome do livro que ele escreveu / Um dos mais importantes que o mundo conheceu / Foi o criador de uma conhecida fórmula / Que você conhece e vai ter que estudar / O valor de delta é fácil aprender / B ao quadrado menos 4ac / A fórmula de Bhaskara agora você vai usar / Menos b mais ou menos a raiz de delta sobre 2 vezes a / E é assim que você vai solucionar / A equação do segundo grau que a Elza vai passar / E com esse rap você vai lembrar / Pro resto da vida como é fácil acertar”

Essa atividade é interessante, pois estimula a capacidade artística e criativa dos alunos e pode ser desenvolvida com o apoio do professor de Português e de Artes.

Na próxima atividade fiz uso do software livre Winplot para abordar o conceito de gráficos de função do segundo grau. A atividade teve início no auditório. Utilizando o projetor a turma foi apresentada ao software e suas principais funções. Em busca de uma melhor compreensão da relação que ocorre entre os coeficientes e o gráfico da função os alunos foram estimulados a formular suas hipóteses a partir da análise de um conjunto de gráficos. Para verificar se essas hipóteses correspondiam ou não a realidade, usamos a função animação que permite observar as mudanças nos gráficos a partir de uma variação no coeficiente.

Em outro momento, a partir das funções, os alunos deveriam responder à algumas perguntas
sobre o gráfico correspondente antes mesmo de traça-lo (Tocaria o eixo x? Em quantos e quais valores? Teria concavidade para cima ou para baixo? Em qual valor tocaria o eixo y?). Após as respostas o gráfico traçado no Winplot seria utilizado para a conferência.

Outra atividade desenvolvida foi a apresentação do gráfico e, a partir da sua análise, pedir para que os alunos encontrem a lei de formação da função correspondente.

Em outro momento os alunos foram levados ao laboratório de informática da escola e, em duplas, foram estimulados a seguir uma sequência de atividades similar a que tinha sido desenvolvida no auditório. Para uma geração cada vez mais habituada a tecnologia esse contato na escola tem função motivadora.

O último ponto dessa atividade funcionou como uma grande gincana (já novamente realizada no auditório) em que as turmas se dividiram em dois grupos. Cada grupo era responsável por, utilizando como base o Winplot e tratando de gráfico de função polinomial do segundo grau, formular questões para serem respondidas pelo grupo adversário.

A elaboração das questões como responsabilidade dos próprios alunos, gera uma reflexão ainda maior sobre o assunto abordado. Eles precisam realmente compreender do que estão tratando para poder criar as questões e classifica-las de acordo com um grau de dificuldade. Além disso, desenvolvemos a estratégia e o trabalho em equipe.

Cordiais saudações,

Elza Maria dos Santos do Prado*

RPM

Existem, em vários exemplares da RPM, artigos que poderão servir de suporte às atividades descritas:

∙ RPM 17, p. 27 – O quanto precisamos de tabelas na construção de gráficos de funções;
∙ RPM 26, p. 30 – Tecnologia, gráficos e equações;
∙ RPM 41, p.07 – Vértices de famílias de parábolas;
∙ RPM 47, p. 41– Winplot (versão em português);
∙ RPM 57, p. 34 – Gráficos animados no Winplot.

*Sou professora de Matemática e mestranda pelo Profmat-Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro