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PAINEL I: MAIS UM SANGAKU Tiago Santos Feitosa (Feitosa)
Já publicamos anteriormente na RPM 49 (Sangaku – A Geometria sagrada) e na RPM 80 (Um sangaku difícil) artigos apresentando sangakus, ou seja, gravuras com problemas geométricos, registradas em tábuas de madeira, feitas no Japão, a partir da segunda metade do século XVII. Essas gravuras, em geral, tinham autoria múltipla de matemáticos profissionais e amadores e eram simultaneamente obras de arte e oferendas aos deuses nos santuários xintoístas e templos budistas. Eram também uma forma de lançar desafios matemáticos. Há, nos sangakus, um grande número de problemas envolvendo circunferências e elipses com grau de dificuldade, em geral, elevado. Para melhores informações sobre os sangakus e sua história, sugerimos aos interessados a leitura dos textos introdutórios dos dois artigos citados. Neste painel vamos apresentar mais um sangaku que achamos ser interessante para os leitores da revista. O problema apresentado é o seguinte: Na figura, as três circunferências de raios a, b e c são simultaneamente tangentes duas a duas e a uma reta. Prove que
Solução No triângulo retângulo O1O2L, observando que O1O2 = a + b e O1L = a – b, temos pelo teorema de Pitágoras: (a + b)2 = (LO2)2+ (a – b)2 (LO2)2 = 4ab ou LO2 = 2. Analogamente, nos triângulos retângulos O1O3M e O2O3N, observando que O1O3 = a + c; O1M = a – c; O2O3= b + c e O2N = b – c, obtemos as igualdades MO3 = 2 e NO3 = 2. Como JK = MO3 + NO3 = LO2, temos = = . Dividindo todos os termos por , obtemos
PAINEL II: A SOLUÇÃO COMPLETA Sérgio Orsi Na seção Em Classe da RPM 65 é apresentado o problema: “colocar os números inteiros de 1 a 9, sem repetição, sobre os lados de um triângulo equilátero de modo que a soma dos quatro números em cada lado seja igual a 20”. A figura abaixo mostra duas soluções do problema. Depois disso, na seção Painéis da RPM 81, foi publicada uma generalização do problema para polígonos regulares, com um número qualquer de lados, e foi apresentada uma estratégia para obter uma solução. Há um adendo da RPM observando que a estratégia não fornece todas as possíveis soluções, exibindo uma solução para o triângulo, com soma dos quatro números colocados nos lados igual a 19, que não pode ser obtida com a estratégia considerada. Neste texto, vamos apresentar todos os possíveis valores para a soma dos quatro números a serem colocados nos lados do triângulo equilátero e todas as possíveis soluções para cada soma. Lembrando que estamos considerando os números de 1 a 9, sem repetição, seja SL a soma dos quatro números colocados em cada um dos lados do triângulo e SV a soma dos números colocados nos três vértices do triângulo. Como cada vértice participa da soma dos números de exatamente dois lados, temos 3 × SL = (1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9) + SV . Logo, SL = = 15 + . Observamos que o valor mínimo para a soma SV dos números colocados nos vértices é 1 + 2 + 3 = 6 e o valor máximo é 7 + 8 + 9 = 24. Sendo assim, os possíveis valores para SL satisfazem: 15 + < SL < 13 + ou 17 < SL <23. Considerando ser SL necessariamente inteiro, SV será um múltiplo de 3, levando a apenas 30 soluções para os vértices, apresentadas na tabela ao lado. Foram excluídos os triângulos simétricos, por exemplo, [2, 3, 1], [3, 1, 2], [1, 3, 2], [2, 1, 3] e [3, 2, 1], simétricos de [1, 2, 3] (a notação [2, 3, 1] indica que os números 2, 3 e 1 estão nos vértices). Vamos procurar a solução para a primeira opção da tabela, com vértices 1, 2 e 3 e SL = 17. Para o lado [1, 2] (essa notação indica o lado com os números 1 e 2 nos seus vértices), é necessário escolher dois números que somem 17 – 1 – 2 = 14. Números disponíveis para alocação: 4, 5, 6, 7, 8 e 9. Pares com soma 14: [5, 9] e [6, 8]. Escolhendo o [5, 9] para o lado [1, 2], obtemos o lado [1, 5, 9, 2]. Para o lado [2, 3], é necessário escolher dois números que somem 17 – 2 – 3 = 12.
Resta o lado [3, 1], no qual a soma dos dois números a serem colocados deve ser 17 – 1 – 3 = 13 e os únicos números disponíveis para a alocação são 6 e 7, cuja soma é 13. Obtemos então o lado [3, 6, 7, 1]. Temos então a Solução 1: [1, 5, 9, 2] [2, 4, 8, 3] [3, 6, 7, 1] Escolhendo o [6, 8] para o lado [1, 2] obtemos o lado [1, 6, 8, 2]. Para o lado [2, 3]: Números disponíveis para alocação: 4, 5, 7 e 9. Para o lado [3, 1], resta [4, 9], cuja soma é 13. Temos, então, a Solução 2: [1, 6, 8, 2] [2, 5, 7, 3] [3, 4, 9, 1] Se tomarmos, por exemplo, o caso dos vértices 1, 5, 6, que está na 8 linha da tabela, temos SL = 19 e, para o lado [1, 5], por exemplo, teremos que escolher dois números com soma igual a 19 – 1 – 5 = 13. Os números disponíveis para a alocação são: 2, 3, 4, 7, 8 e 9. O único par com soma 13 é [4, 9], gerando o lado [1, 4, 9, 5]. Para o lado [5, 6], devemos escolher dois números com soma igual a 19 – 5 – 6 = 8. Os números disponíveis para a alocação são: 2, 3, 7 e 8. Não há dois deles com soma 8, logo essa alternativa não oferece solução para o problema. Depois de examinar todas as alternativas, encontramos apenas 18 soluções para o problema, obtidas de 10 linhas da tabela. Essas soluções são:
Deixamos para o leitor determinar todas as soluções (são apenas quatro) do problema:
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