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Responsáveis
FIQUEI DOIDO Escreve um leitor de Minas Gerais: Fui retirar algumas questões “boas” para meus alunos e uma delas me deixou doido, pois não concordo com a resposta dada. Eis a questão:
Mas como pode x = 1 ou x = 7/3 serem soluções? Esses números, ao serem substituídos no índice x – 3, provocam índice negativo e eu aprendi que o índice n de uma raiz deve ser um número natural maior do que zero.
RPM De fato, símbolos como ou não costumam aparecer nos livros didáticos e muitas vezes, quando o índice de uma raiz é a incógnita de uma equação, respostas negativas ou fracionárias são descartadas. Nesses livros, o símbolo , como o leitor diz, somente é definido para números naturais n maiores do que zero. Por outro lado, define-se, nos livros didáticos, a expressão por , n natural, n > 0. Essa definição pode ser ampliada para valores de n reais no caso de a ser um número real estritamente positivo. Assim, Feitas essas observações, a desigualdade (para x real maior do que zero) fica: . x 1 e temos 1. A solução tem que ser separada em casos: 1. Se 0 < x < 1, para valer a desigualdade acima, o expoente de x tem que ser maior ou igual a 0. 0 ... x ou x > 3. Levando em conta que 0 < x < 1, obtém-se como solução 0 < x <1. 2. Se x > 1, para valer a desigualdade do enunciado, o expoente de x tem que ser menor ou igual a 0. 0 ... x < 3. Levando em conta a condição x > 1, obtém-se como solução x < 3. 3. Se x = 1, a desigualdade do enunciado está satisfeita. Juntando os três casos, vê-se que a solução do problema é a que foi assinalada como sendo a correta.
FALSAS SOLUÇÔES De um leitor de São Paulo: Por que o método que usamos para resolver equações irracionais no ensino fundamental faz com que às vezes apareçam falsas soluções?
RPM O método ao qual o leitor se refere é o de transformar uma equação irracional em uma equação polinomial elevando os dois lados da equação a um determinado expoente. Um exemplo (RPM 19, pág. 15): De = x – 3, elevando ambos os membros ao quadrado, chega-se à equação Para compreender a razão pela qual esse método pode conduzir a raízes estranhas à equação, precisamos entender o seguinte fato: se A = B, então necessariamente A2 = B2, porém, se A2 = B2, não necessariamente A = B, como podemos verificar por meio do exemplo (–4)2 = (4)2, mas –4 4. Dizendo de outra forma, se tivermos certeza de que A e B são não negativos, então A = B A2 = B2, mas, se não tivermos essa certeza, só podemos afirmar que A = B A2 = B2. Assim sendo, quando elevamos ao quadrado os dois lados de uma equação, é certo que obteremos as raízes da equação original, porém também é possível que encontremos valores que verificam A2 = B2 sem que verifiquem A = B. Fazendo a verificação, as raízes estranhas à equação original são facilmente identificadas. No exemplo anterior, substituindo na equação original x por 2, obtém-se = –1, mostrando que 2 não é solução dessa equação. Por outro lado, lembrando que, ao escrevermos o símbolo para x 0, temos, por definição, 0, podemos, já de início, concluir que x – 3 0, ou seja, x 3, e eliminar a falsa solução 2 mesmo sem efetuar substituições. Mais detalhes sobre esse assunto podem ser encontrados também na RPM 38, pág. 10.
É POSSíVEL FATORAR? Um leitor do Rio de Janeiro pergunta: Quais são as soluções da equação sen3x + cos3x = 1? Tentei fatorar o lado esquerdo, mas não tive sucesso.
RPM Inicialmente observamos que para todo número real k [–1, 1] vale a desigualdade k3 < k2. Como seno e cosseno estão nesse intervalo, tem-se: sen3x < sen2x e cos3x < cos2x. Somando as duas desigualdades, vê-se que, para qualquer número real x, tem-se sen3x + cos3x < 1. Quando vale a igualdade? Vamos provar que: sen3x + cos3x = 1 se, e somente se, sen3x = sen2x e cos3x = cos2x.
Suponhamos que a tese seja falsa, isto é, sen3x < sen2x ou cos3x < cos2x.
Logo, a tese é verdadeira: sen3x = sen2x e cos3x = cos2x. Portanto, as soluções da equação dada são as soluções do seguinte sistema Essas soluções são: sen x = 0 e cos x = 1 ou cos x = 0 e sen x = 1, isto é, x = 2kp ou x = 2kp + . Essas são todas as soluções da equação dada. Para o leitor interessado, segue o gráfico de f(x) = sen3x + cos3x, 0 x 3p. Observe que esse gráfico encontra a reta y = 1 nos pontos 0, p/2, 2p e 5p/2.
CUBOS, CUBOS E MAIS CUBOS Um leitor do Ceará pede ajuda da RPM para resolver a seguinte questão: Uma determinada figura espacial é construída da seguinte maneira: Pega-se um determinado cubo de aresta 3 cm. Depois são colocados 6 cubos menores de aresta 1 cm (um terço da aresta do cubo maior), um em cada face do primeiro cubo, conforme mostra a figura a seguir. E a partir daí, em cada passo, são sempre acrescidos cubos menores ainda (de aresta igual a um terço da aresta dos cubos que foram inseridos anteriormente) em cada face exposta dos cubos que foram colocados no passo anterior. Desse modo, o volume total do sólido obtido executando esse processo infinitamente é: (A) 36 cm3 (B) 54 cm3 (C) 729/22 cm3 (D) 378/11 cm3 (E) impossível quantificar
RPM O volume do primeiro cubo é 33 = 27. Primeiro passo: são colocados 6 cubos de aresta 1. O volume passa a ser: 27 + 6 × 13. Segundo passo: Em cada um dos 6 cubos de aresta 1 são colocados 5 cubos de aresta .(São 5 cubos porque uma das faces de cada um dos cubos anteriores está grudada na face do cubo grande.) Serão 6 × 5 = 30 cubos novos. Com isso, há um acréscimo de 6 × 5 × ()3 no volume do sólido. O volume novo do sólido passa a ser: 27 + 6 × 13 + 6 × 5 × ()3 Terceiro passo: Em cada um dos 5 cubos de aresta são colocados 5 cubos de aresta ()2. 27 + 6 × 13 + 6 × 5 × ()3 + 6 × 5 × 5 × ()6 = 27 + 6 + + ... A partir de 27, os acréscimos formam uma progressão geométrica de razão 5/33 e primeiro termo igual a 6. A soma dos infinitos termos dessa progressão é: O volume total do sólido é 27 + 81/11 = 378/11 (D).
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