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Um colega de Belo Horizonte, MG, nos escreve dizendo que o seguinte problema (do vestibular da UFMG-86) vem lhe perturbando a paciência e pede que a RPM o “destrinche”. Seja f uma função periódica, de período 2 tal que f(x) = x2 para – 1 x 1. Achar uma expressão para f no intervalo 85 x 87.
Vemos que f(85) = f(87) = 1 e f(86) = 0. Para achar a expressão de f(x) para x no intervalo [85, 87] basta observar que f(x) = f(x – 86) e para x neste intervalo – 1 x – 86 1. Teremos então, para x [85, 87], f(x) = (x – 86)2. O que se podia no vestibular era a expressão acima. Entretanto, coloca-se a questão: é possível achar uma expressão para f(x), sendo x um número real qualquer? A resposta é sim: Todo número real x está entre dois inteiros ímpares consecutivos, isto é para todo x R, existe um único k Z tal que 2k – 1 x <2k + 1. Parte do problema consiste em, dado x, achar k. 1o. caso: 2k – 1 x <2k Neste caso [x] = 2k – 1, onde [x] designa o maior inteiro menor do que ou igual a x.
2o. caso: 2 k x <2k + 1 Neste caso [x] = 2k [x] + 1 = 2k + 1
Agora, se 2k – 1 x < 2k + 1, f(x) = f(x - 2k) = (x - 2k)2
Um médico de Lavras, MG, nos pede uma solução detalhada do seguinte problema, publicado no n° 126, de maio de 1984, da revista “A Recreativa”: ...Antigone, que não terá mais filhos, tem atualmente uma certa idade e, atualmente a jovem Brangânia tem o número de anos que tinha Antígone quando Brangânia tinha a idade que tinha Antígone no momento que Brangânia tinha um número de anos que, acrescido à idade atual de Antígone, dá o número de anos que esta terá quando Brangânia tiver exatamente a idade que tinha Antígone quando Brangânia tinha a idade que tinha Antígone quando Brangânia tinha um número de anos que, multiplicando por cinco, dá o número de anos que terá Antígone quando Brangânia tiver exatamente o número de anos que Antígone terá no ano que vem. Qual é a diferença de idade entre Antígone e Brangânia? RPM: Este é, pela sua aparência, um dos “terríveis” problemas sobre idades. No entanto, se resolvido do fim para o começo, deixa de ser tão terrível. Dividamos o enunciado em trechos numerados. Cada trecho contém uma informação que será colocada em um quadro: 15(Antígone, que não terá mais filhos), tem atualmente uma certa idade e, atualmente a 14(jovem Brangânia tem) 13(o número de anos que tinha Antígone) 12(quando Brangânia tinha)11(a idade que tinha Antígone) 10(no momento que Brangânia tinha um número(p) de anos que, acrescido à idade atual de Antígone), dá 9(o número de anos que esta terá) 8(quando Brangânia tiver exatamente) 7(a idade que tinha Antígone) 6(quando Brangânia tinha) 5(a idade que tinha Antígone) 4(quando Brangânia tinha um número (m) de anos que, multiplicado por cinco), dá 3(o número de anos que terá Antígone quando) 2(Brangânia tiver exatamente) 1(o número de anos que Antígone terá no ano que vem). Qual é a diferença de idade entre Antígone e Brangânia?
Seja a a idade atual de Antígone,
b a de Brangânia e x = a – b, a diferença das idades.
Como b = a – x, de (C) virá p = a – 3x que substituído em (B) dará 2a – 3x = m + 3x ou m = 2a – 6x.
As idades a e b são número inteiros, e a será inteiro pra x = 2, 11, 20, 29, ..., 2 + 9k, ... Para x = 2, a = 7, o que contradiz a sentença 15 x = 11, a = 38, também contradiz 15 x = 20, a = 69 é uma resposta possível x = 29, a = 100, ainda é uma resposta possível.
Também um colega de Fortaleza, CE, escreveu dizendo que gostaria de conhecer uma resolução simples do seguinte problema: “Eu tenho o dobro da idade que tu tinhas quando eu tinha a idade que tu tens; quando tiveres a idade que eu tenho, a soma de nossas idades será 90. Qual é a minha idade?” RPM: Tendo resolvido o problema anterior, mais difícil, deixaremos este para que o leitor interessado tente resolvê-lo.
Um colega de Brasília, DF pede ajuda da RPM para encontrar as raízes da equação x6 – 3x3 + 2x = 0 RPM: É fácil ver que 0 e 1 são raízes da equação dada. Veremos que a equação tem mais duas raízes reais, aproximadamente iguais a 1,120 e –0,7621. Vamos efetuar uma mudança de variável: t = x3. A equação fica: t2 – 3t = (1) Como a função dada por t = x3, de R em R, é bijetora (e respeita a ordem das variáveis) a cada solução de (1) corresponderá uma solução da equação dada e, reciprocamente. Passemos então a procurar as raízes reais de 3t – t2 = ou seja, os pontos de interseção dos gráficos de g(t) = 3t – t2 e h(t) = .
As funções g e h são contínuas. Um fato importante em relação às funções contínuas é que, se nos extremos t1 e t2 de um intervalo os gráficos de g e h mudam as posições relativas “abaixo” e “acima” então os gráficos se cruzam em pelo menos um ponto do intervalo [t1, t2]. Isto é, se tivermos g(t1) < h(t1) e g(t2) > h(t2), então existe t [t1, t2] tal que g(t) = h(t). Os gráficos mostram que os possíveis cruzamentos se dão para t [-1; 1,5]. Façamos uma tabela.
A tabela mostra que existem duas raízes ainda não conhecidas: uma entre –0,6 e –0,4 e a outra entre 1,4 e 1,5. Novas tabelas para t [-0,6; -0,4] e t [1,4; 1,5] mostrarão que uma raiz de (1) está entre –0,4428 e –0,4427 e a outra entre 1,405 e 1,406. As correspondentes raízes reais da equação dada estão entre –0,7622 e –0,7622 e entre 1,1200 e 1,1202. Neste contexto, a verificação de que são só estes os pontos de encontro entre os dois gráficos, exige também uma análise dos sinais das derivadas.
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