|
|
||||
Sérgio Dias Assumpção
Como não poderia deixar de ser, a mais rigorosa punição do futebol, o pênalti, também está presente no futebol de botão. Há uma máxima do futebol que diz que “pênalti bem cobrado é indefensável”. No futebol de mesa, o que é um pênalti bem cobrado? No futebol de mesa, a função do goleiro é quase nula, afinal ele não se movimenta, exceção feita à Regra Paraibana; basta que o cobrador desvie a bola dele e tudo está resolvido. Dessa forma, converter ou não o pênalti depende apenas do cobrador. O grau de dificuldade da tarefa do cobrador pode ser medido pelo que chamaremos de ângulo penal, que é o ângulo determinado pelas direções de cobrança que resultam em gol. Obviamente podem-se executar outros tipos de cobrança, por exemplo, em que a bola encubra o goleiro. No entanto, para efeito dessa simulação, considerarei apenas as cobranças realizadas entre o goleiro e uma das traves laterais. Os cálculos a seguir referem-se ao ângulo penal mínimo, que ocorre quando o goleiro está no centro do gol. É possível diminuir a distância entre o goleiro e a trave, mas isso acarretará uma maior distância no lado oposto, facilitando a tarefa do cobrador. Os elementos considerados são: AZ: distância entre as traves Para determinar o ângulo penal, vamos construir mais alguns elementos. C: ponto médio de BX Marca penal: a bola é colocada E: intersecção de BG com o círculo d Essa construção gera os triângulos retângulos ACD, BCD, ADF e BDE que serão utilizados na resolução. Com o estabelecido, podemos passar à resolução do problema de como um pênalti é bem cobrado. A regra analisada será a gaúcha, na qual as medidas são as seguintes:
Portanto, os valores a serem considerados são: AC = 65mm BC = 30 mm CD = 120 mm DE = DF = 5 mm. Para determinar o ângulo AB, vamos primeiro determinar os ângulos GB e GA e, a seguir, usar a Lei Angular de Tales. Os triângulos retângulos AFD e ACD possuem AD como hipotenusa comum. No triângulo ACD, os catetos são conhecidos e então podemos determinar sua hipotenusa pelo teorema de Pitágoras: AD = 136,4734mm. Conhecida a hipotenusa, temos sen(DF) =0,0366 e sen(DC) = 0,8792. Chegamos, então, por meio dos senos, aos valores aproximados de 2o e 62o, respectivamente, para DF e . Sendo esses ângulos consecutivos, temos o valor de pela sua soma: aproximadamente, 64o. Diversamente da situação anterior, que apresentava dois ângulos consecutivos, agora, para determinar GA, temos ângulos sobrepostos. Os dois triângulos BCD e BDE têm BD como hipotenusa comum. Novamente usando o teorema de Pitágoras, obtemos BD = 123,6931mm. Analogamente à situação anterior, determinamos sen(DE) =0,0404 e sen(DC) = 0,9701. Determinamos para DE e DC os valores aproximados, respectivamente, de 2o e 76o. Como os ângulos sobrepõem-se, obtemos o valor do ângulo externo de GA subtraindo-os; portanto, o ângulo externo mede aproximadamente 74o e GA mede aproximadamente 180o – 74o = 106o. Uma vez determinados dois ângulos de um triângulo, podemos obter o valor do terceiro pela Lei Angular de Tales. Temos então, no triângulo AGB, AB + 106o + 64o = 180o ou AB = 10o. Assim concluímos que o ângulo penal mínimo, numa cobrança de pênalti da Regra Gaúcha, é de, aproximadamente, 10°. Nas demais regras, as medidas envolvidas são as constantes da tabela abaixo.
O leitor pode, então, seguindo os procedimentos realizados para a Regra Gaúcha, determinar o valor do ângulo penal das demais regras do futebol de mesa reconhecidas pelo Conselho Nacional de Desportos e descobrir, assim, em qual delas é mais fácil converter um pênalti!
Um pouco da OBMEP Na prova da 2 fase da OBMEP/2011, no nível 2, há a questão
Convidamos o leitor para, além de resolver a questão, tentar provar o seguinte resultado, muito interessante e desafiante: Todo número natural tem um múltiplo irado. |