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Chico Nery Durante uma aula numa turma especial de 3 Dentre todas as cordas que passam por um dos focos de uma elipse, aquela perpendicular ao eixo maior chama-se corda focal mínima. Dada a equação de uma elipse: Resolvemos o problema de duas maneiras, uma mais analítica e outra mais sintética, como mostro a seguir: 1 Sejam P e P’ as extremidadas da corda focal mínima em relação ao foco F. Esses dois pontos têm abscissa c (metade da distância focal) e pertencem à elipse. Logo, para determinar suas ordenadas basta substituir x por c na equação da elipse. Então, Daí concluímos que a medida da corda focal mínima é: 2 Sendo PF = k , temos PF' = 2a Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo PFF’, encontramos: Terminada essa aula, saindo da sala, fui interceptado pela Tamires, uma das melhores alunas dessa turma, que me apresentou a seguinte questão: Se essa corda da qual achamos a medida chama-se corda focal mínima deve ser porque ela é a menor de todas as cordas que passam por aquele foco?! Como se prova isso? Respondi: “Assim de pronto não sei responder, mas vou pensar e na semana que vem conversaremos”, mas acrescentei: “Pense você também”. Rabisquei o papel nas minhas poucas horas vagas e não consegui uma solução adequada ao nível do ensino médio. Ansioso, pois queria dar uma resposta convincente para a Tamires, acabei telefonando para o meu colega Jota, que tem uma sólida formação em desenho geométrico. Meia hora depois ele retornou a ligação perguntando se eu tinha a coleção do Caronnet. Diante da resposta afirmativa, acrescentou: “Pegue o volume 8 – Cônicas, o problema 13 é o seu problema”. Como é bom ter um colega com quem partilhar as dúvidas e uma boa biblioteca à disposição! Sugiro aos colegas, leitores da RPM, que, antes de consultar o Caronnet ou terminar a leitura deste artigo, tentem resolver o problema para sentirem o peso e a beleza dele. A resolução do Caronnet baseia-se nas medidas dos raios vetores associados a um ponto genérico da elipse e isso, confesso, desestimulou-me um pouco para apresentá-la para os alunos. Na semana seguinte, mal entrando na sala da Tamires, ela se encaminhou em minha direção com uma folha de caderno nas mãos, e disse: “Eu quase resolvi o problema da corda focal mínima.” Vejamos a seguir as decisões tomadas pela Tamires. Ela traçou uma corda PP’ passando pelo foco F e considerou a a medida do ângulo PFF’ e b a medida do ângulo P’FF’. Traçou também os triângulos PFF’ e P’FF’. Fazendo a variar no intervalo Considerando PF = p e P'F = q, tem-se PF = 2a Sendo FF' = 2c e aplicando o “teorema dos cossenos” nos triângulos PFF’ e P’FF’, obtém-se: (2a Daí chegou a p + q = Foram indisfarçáveis o meu espanto e a minha emoção. A Tamires, usando recursos matemáticos totalmente ao seu alcance (Lei dos cossenos), que aliás foram estudadas nas minhas próprias aulas, praticamente resolveu o problema. A minha modesta contribuição se deu a partir desse ponto. Substituí a2 – c2 por b2 e cosb por –cosa, obtendo: Como a varia no intervalo Nessas condições, o menor valor de p + q ocorrerá quando o denominador a2 – c2cos2a for o maior possível, já que o numerador é uma constante, ou seja, quando cos2a = 0. Para isso devemos ter Só por curiosidade, observemos que, se cos2a = 1, ou seja, a = 0, a corda PP’ coincide com o eixo maior e sua medida assume o maior valor possível, que obviamente é igual a 2a. Encerro este artigo afirmando que o Jota e o Caronnet são importantes para mim, mas as Tamires também o são.
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