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Prof.ª
Anamaria Gomide Taube Primeiramente
fez-se necessário esclarecer o conceito de fechamento de um conjunto com
relação a uma operação. Exemplifiquei dizendo que quando somamos dois
números naturais obtemos um terceiro número natural como resultado
daquela operação e portanto este conjunto é fechado para a adição.
Foi então que fui surpreendida com a observação da criança: “mas mamãe,
poderia dar outra coisa?” Naquele momento compreendi que o problema não
estava somente na falta de compreensão do novo conceito, mas
principalmente na inexistência de expectativa para um aluno da 4.ª série
com respeito a outros números que não os naturais, já que até aquele
ponto ele nada sabia sobre números inteiros. Também não me pareceu lógico
explicar o não fechamento do conjunto com relação à operação de
subtração em cima de uma situação que a seu ver nunca existiria. Como
justificar, que, por exemplo, 2 -
5 não é um número natural se, para ele, realizar a subtração
2 -
5 é um procedimento impossível. Na verdade tornava-se evidente um impasse
advindo da própria conceituação de operação, no caso, binária. Uma
operação binária sobre um conjunto A é uma função do produto
cartesiano A x
A em A. Conclui-se que para
todo par ordenado (a, b) em A x
A, existe um e somente um elemento de A associado ao par através dessa
aplicação. Neste caso, não faz sentido falar do fechamento do conjunto
A em relação à operação pois esta deve poder ser efetuada sobre
quaisquer dois elementos do conjunto dando como resultado necessariamente
um elemento do conjunto. No entanto a propriedade do fechamento pode ser
definida e verificada em subconjuntos de A. Podemos considerar um
subconjunto S, não vazio, de A e a mesma operação binária definida em
A e induzida sobre S. Efetuando a operação entre dois elementos
quaisquer de S existem duas possibilidades: 1.
O resultado da operação é sempre um elemento de S. Neste caso dizemos
que S é fechado para aquela operação; 2.
Para algum par de elementos de S o resultado da operação não é um
elemento de S (embora pertença a A). Neste caso dizemos que S não é
fechado para aquela operação. A
compreensão, segundo este ponto de vista, do não fechamento da subtração
requer o conhecimento do conjunto de números inteiros. A subtração no
conjunto dos números naturais não é uma operação, mas sim uma
propriedade da adição: “Dados a e b
N com a b existe um único
c N tal que a = b + c”.
c é a diferença entre a e b e escreve-se
c=ab. Conclui-se,
portanto, que o problema é conceitual, exigindo grande rigidez e
formalização. Não é de se esperar que uma criança antes de completar
a primeira década de vivência e aprendizagem esteja preparada e
amadurecida para analisar, refletir, e compreender situações de tamanha
abstração. Cabe a nós, professores e pais, tentarmos estar sempre atentos para a forma de raciocínio objetivo, concreto e cristalino de nossas crianças. Antes que lhes sejam impingidas e cobradas listas de propriedades a respeito de um conceito novo, é imprescindível que lhes sejam fornecidos materiais em exemplos e exercícios e os mais diversos subsídios, para que, estimuladas pela curiosidade, percebam a existência de um universo bem maior do que aquele conhecido por elas. Depois elas mesmas irão deduzindo propriedades e tirando suas próprias conclusões. Tudo isso feito a seu tempo, caminhando sem atropelos, como os bois na frente da carroça, que lentamente efetuam o seu trabalho e atingem o seu objetivo.
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