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Uma colega de Avaré-SP, pergunta como achar a área de um quadrilátero
irregular, cujos lados medem: 35, 40, 45 e 50 cm. RPM:
O problema colocado não tem solução única e a razão é simples: ao
contrário do que acontece com os triângulos, os comprimentos dos lados não
determinam um único quadrilátero, nem mesmo sua área. Um exemplo deste
fato pode ser observado naqueles “ descansos” para travessas quentes
com a forma da figura:
Considerando
o contorno desses descansos como lados de um quadrilátero, observamos que
a área do quadrilátero varia de uma posição “limite” em que a área
é 0 até à área máxima, quando os pontos A, B, C e D formarem um
quadrado.
Estudemos
as possibilidades que teríamos para os valores de um quadrilátero
convexo de lados AB = 7, BC = 8, CD = 9 e DA = 10 (semelhante ao que
aparece no seu problema, com razão de semelhança igual a 5), em função
do ângulo
= BÂD. Esse ângulo a,
0 <
< p,
determina a diagonal BD que por sua vez nos permite determinar o vértice
C. Com efeito, pela lei dos cossenos aplicada ao triângulo ABD, tem-se BD2
= 64 + 49 – 2. 7 . 8 cosa
= Para
cada valor de ,
é possível calcular a área do quadrilátero ABCD como soma das áreas
dos triângulos ABD e BDC. Usando a fórmula de Heron para o cálculo da
área de um triângulo de lados a, b, c:
S()
é a área do correspondente quadrilátero:
,
Os
cálculos aproximados foram feitos numa calculadora, a lei dos cossenos, e
a fórmula de Heron podem ser encontrados em: -
G. Iezzi e outros: Fundamentos da Matemática Elementar, vol. 3
(Trigonometria) e vol. 9 (Geometria Plana). Observe que, dados quatro números positivos, nem sempre existe um quadrilátero convexo cujos lados tenham estas medidas: a fim de que exista um tal quadrilátero convexo, é necessário e suficiente que o maior deles seja inferior à soma dos outros três. -
Um colega de São Bernardo do Campo – SP, pergunta como encontrar a
geratriz de uma dízima periódica simples. RPM:
O
conceito de dízima periódica vem explicado na Seção de Conceitos e
Controvérsias do nº 2 (RPM, nº 2, pág. 6-8). Este conceito e, conseqüentemente,
as justificativas dos cálculos com dízimas periódicas, envolvem a idéia
de limite. Como foi dito naquela ocasião, quando se escreve x = 0,222...
ou y = 0,27272.... estamos usando uma linguagem simplificada para indicar
uma seqüência infinita de frações decimais, cujo limite é o número
racional x ou y. De
acordo com as definições dadas naquela ocasião, não é difícil
verificar que: 10x
= 2,222... = 2 + x e
que 100y = 27,272727.... = 27 + y.
geratriz de uma dízima periódica simples tem para numerador um período
e para denominador o número formado por tantos noves quantos forem os
algarismos do período”. Quanto
às dízimas periódicas compostas, a geratriz “é uma fração cujo
numerador é a parte não periódica seguida de um período, menos a parte
não periódica; o denominador tem tantos noves quantos são os algarismos
do período, seguinte de tantos zeros quantos são os algarismos da parte
não periódica”. Por exemplo: A
prova é imediata, basta notar (no caso acima) que 999 = 1000 – 1,
portanto (Estamos
falando de frações próprias. Se houver parte inteira, acrescentá-la à
frente da fração ordinária obtida.) -
Uma colega de São Paulo – SP, pergunta se o seguinte problema tem solução
bem determinada: “Dada uma torre vertical DE torna-se o plano horizontal
pela sua base D e, neste plano, um segmento AB de 12 m de comprimento cujo
ponto médio seja C. RPM:
O
problema tem solução. Com efeito os triângulos ADE e BDE são retângulos
(os ângulos em D são retos) e isósceles, de vez que um dos ângulos
agudos mede 45º. Assim, se h = DE é a altura da torre, teremos BD = AD =
h. Isto implica também que DC seja a altura do triângulo isósceles ABD
e que, portanto BD2
= CD2 + BC2 ou h2 = CD2 + 36
(*) Por
outro lado, no triângulo retângulo CDE (o ângulo D é reto) tem-se
, logo
Observe
que este enunciado implica que os pontos A, B e D não pertencem a uma
mesma reta. De fato, no caso em que D, A e B estivessem alinhados não
poderíamos ter
pelo Teorema do ângulo externo a um triângulo. -
Um colega de Bauru – SP, envia-nos o seguinte problema: “A figura
mostra uma estátua de altura h num pedestal de altura a. O ângulo
é o ângulo segundo o qual a
estátua é observada de um ponto Y a uma distância y do pé da estátua.
A que distância y o ângulo
será máximo?” RPM:
Façamos alguma considerações preliminares: 1
- Na resolução do problema, usaremos um modelo plano simplificado, em
que o observador é representado por um ponto Y de uma semi-reta
horizontal PQ e a estátua é representada por um segmento AB, de
comprimento h, na perpendicular a PQ por P, num plano .
O ponto P será considerado o pé da estátua e o segmento BP, de
comprimento a, seu pedestal. O ângulo
(Y),
segundo o qual a estátua é observada pelo observador Y é o ângulo
.
2
- O problema proposto reduz-se, então, às seguintes perguntas: i)
Deslocando-se o ponto Y na semi-reta PQ, existirá alguma posição
X em que o ângulo
seja o maior possível? ii)
Em caso afirmativo, qual a distância x de X a P? 3
- Vale para o cálculo desta distância x comentário análogo àquele
sobre o cálculo da altura de uma pirâmide publicado na RPM, nº 4 (pág.
24 e 27) pois, em geral, o ponto P é inacessível. 4
- Se a > 0, na posição limite em que Y = P, o ângulo
= 0. À medida em que Y se afasta, este ângulo começa a crescer e se
Y se afasta demais o ângulo
volta a ser bem pequeno.
Intuitivamente, deve haver pelo menos um ponto em que o ângulo
assuma um valor máximo. Solução
para o caso em que a > 0: a
resposta à pergunta i) é: Sim. O ponto X, onde
assume seu valor máximo, existe, é único e pode ser obtido do
seguinte modo – dentre todas as circunferências (do plano )
pelo pontos A e B, uma única circunferência C é tangente à semi-reta
PQ; o ponto X é o ponto de tangência de C com a semi-reta PQ.
Faremos a prova verificando, em primeiro lugar, que a circunferência C existe e é única. Com efeito, uma circunferência por A e B será tangente à reta PQ se, e só se, tiver centro num ponto O eqüidistante, simultaneamente, do ponto A, do ponto B e a reta PQ. Em Vejamos,
agora, que o ponto X de tangência entre C e PQ é a solução da questão
i). Isto é, mostremos que se
e se Y
X é um outro ponto da semi-reta PQ, tem
(Y) < (x). Começamos por
observar que, sendo PQ tangente a C em X, o ponto
, Y X, é exterior à circunferência
C. Então, o segmento AY encontra C num ponto Z (do arco BR, onde AR //
PQ). Têm-se, daí:
(ângulo
inscritos em C sob o arco AB – v. RPM, nº 6); e
(teorema
do ângulo externo, aplicado ao triângulo YZB); donde
(Y) <
(X). Está respondida a pergunta i). Finalmente,
para responder à pergunta ii), calculamos a distância x de X a P usando
o fato de que
, onde M é o ponto médio do segmento AB e que o triângulo OMB é retângulo.
Tem-se, então:
Resposta para o caso que a = 0: não existe o ponto X. De fato, neste caso P = B e o
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