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Geraldo Henrique Botelho Lins
Introdução Os estudantes que completaram o ensino médio devem estar familiarizados com o estudo das cônicas e, particularmente no caso da circunferência, com o estudo das relações métricas e de outras propriedades que se revelam importantes na solução de alguns problemas geométricos. Pretendemos mostrar que, se usamos a parábola, podemos chegar a relações surpreendentes e até muito semelhantes às já estudadas no caso da circunferência. Lembramos que uma parábola é o lugar geométrico dos pontos de um plano, eqüidistantes de um ponto (o foco) e uma reta (a diretriz). É bem conhecido que, escolhendo o eixo x como sendo a tangente no vértice e o eixo y como o eixo da parábola (reta perpendicular à diretriz que passa pelo foco), a parábola tem equação y = ax2, sendo Por isso, sem perda de generalidade, estudaremos a parábola de equação y = ax2, com a > 0.
Cordas da parábola
Considere agora, como na figura, a intersecção P = (x0, y0) de duas cordas AB e CD , cujos suportes são as retas r e s, sendo C = (x3, y3) e D = (x4, y4). r: y = a(x1 + x2)x − ax1x2 e Como o ponto P pertence às duas retas, podemos escrever: a(x1 + x2)x0 − ax1x2 = a(x3 + x4)x0 − ax3x4. Dividindo por a, desenvolvendo e subtraindo x1x0 + x2x0 − x1x2 − Tomando os módulos: | x0 − x1 || x2 − x0 | = | x0 − x3 || x4 − x0 |. Reconhecemos que esses módulos das diferenças de abscissas são os comprimentos das projeções sobre o eixo x (ou sobre a diretriz da parábola) dos segmentos determinados pelo ponto P sobre as cordas AB e CD da parábola. Assim, podemos escrever projx PA× projx PB = projx PC × projx PD . Observação: Na figura que consideramos, as retas suporte das cordas cortam-se num ponto interior à parábola (dista menos do foco do que da diretriz), mas os cálculos feitos continuam válidos se o ponto P for exterior à parábola (distando mais do foco do que da diretriz). O leitor Note a perfeita analogia com o que acontece na circunferência, em que vale PA× PB = PC × PD , sendo este produto chamado de potência do ponto P em relação à circunferência.
Vamos analisar a área de um triângulo formado por três cordas da parábola. Antes, examinaremos a situação análoga para uma circunferência de modo que possamos traçar um paralelo entre as duas situações. Na figura, a área do ΔABC inscrito na circunferência é Agora considere um ΔABC inscrito na parábola y = ax2, como na figura: A = (x1, y1), B = (x2, y2) e C = (x3, y3). A área T do ΔABC é dada pelo valor absoluto de Notando que u = |x2 − x1|, v = |x3 − x1| e w = |x3 − x2| são os comprimentos das projeções dos lados do ΔABC sobre o eixo x (ou sobre a diretriz da parábola) e que Observe que essa fórmula não depende de coordenadas. É uma propriedade métrica de qualquer parábola, a qual vamos repetir: A área de um triângulo inscrito em uma parábola é igual a As figuras a seguir ilustram uma conseqüência interessante dessa propriedade: os triângulos sombreados têm a mesma área T, algo que não seria fácil concluir da simples observação da figura,
Agora estamos preparados para enfrentar um problema que foi resolvido por Arquimedes pelo chamado método de exaustão. Trata-se do cálculo da área de um segmento parabólico, região limitada por uma parábola e uma de suas cordas. À guisa de ilustração, vamos resolver esse problema apenas no caso de um segmento parabólico limitado por uma corda AB paralela à diretriz da parábola. A figura da esquerda mostra a corda AB , seu ponto médio M, o ΔABV, sendo V o vértice da parábola, e a diretriz d. Pelo que acabamos de ver, a área T do ΔABV é A área do ΔACV é Esse processo pode continuar indefinidamente, obtendo sempre melhores aproximações por falta para a área do segmento parabólico, ao adicionar duas parcelas cuja soma das áreas é 1/4 da anterior. Pode-se então mostrar (Arquimedes usava, para isso, triângulos circunscritos formados por tangentes à parábola) que a área S do segmento parabólico é a soma dos infinitos termos de uma PG:
Bibliografia H.S.M. Coxeter, Introduction to Geometry, 2nd edition. New York: John Wiley & Sons, Inc, 1969. |