A Rainha das Ciências
Um passeio histórico pelo maravilhoso
mundo da Matemática

Gilberto G. Garbi
Editora Livraria da Física
1 edição, 2006

Autor da resenha: Renate Watanabe

A Rainha das Ciências é um apaixonante relato de quatro milênios da História da Matemática e reúne material muito rico e variado. Lado a lado, são apresentadas as biografias de 128 (!) matemáticos famosos, fatos históricos e uma quantidade impressionante de resultados e teoremas interessantes com demonstrações acessíveis a quem tenha cursado o segundo grau. Transparece no livro todo, bem como na bibliografia, o trabalho de pesquisa intenso e profundo feito pelo autor.

Nas primeiras cem páginas do livro, no contexto histórico das respectivas épocas, aparecem, entre outros, Tales, Pitágoras, Platão, Euclides, Arquimedes, Apolônio, Ptolomeu, e muitas demonstrações de teoremas a eles atribuídas.

Segue-se um capítulo sobre matemáticos árabes, hindus e chineses, fatos históricos pertinentes e alguns resultados matemáticos.

Começando na página 118, encontram-se os matemáticos dos séculos XVI em diante: Descartes, Fermat, Pascal, Newton, Euler, Gauss, Abel, Galois, Boole, Cantor, Dedekind, Hilbert, von Neumann, e dezenas de proposições que eles provaram

Retratos, fotografias, figuras, acompanham as histórias e a Matemática.

O que, a meu ver, diferencia este livro de outros livros sobre a História da Matemática?

Em primeiro lugar, o estilo e a linguagem. Aqueles que leram O Romance das Equações Algébricas, do mesmo autor, vão reconhecer o estilo agradável, a linguagem fluente que prende a atenção do leitor.

É desses livros que abrimos para fazer uma simples consulta e acabamos lendo o capítulo inteiro.

Há no livro um grande número de citações, como, por exemplo, a famosa frase de Newton (p. 171): Se enxerguei mais longe, foi porque me apoiei sobre ombros de gigantes, ou a frase divertida de Hilbert em relação à admissão de uma mulher na Universidade de Göttingen (p. 314): Não vejo como o sexo da candidata possa ser argumento contra sua admissão. Afinal, nós somos uma universidade e não uma casa de banhos.

As mulheres mereceram um capítulo à parte: “As Mulheres e a Matemática”. Lá se encontram as histórias e os feitos matemáticos de Hipácia, madame du Châtelet, Sophie Germain, Sofia Kovalevskaia, Amalie Emmy Noether, e são levantadas questões atuais sobre a aptidão feminina para a Matemática. (Observação: meu nome, Renate, engana – sou mulher, talvez por isso tenha apreciado a inclusão deste capítulo.)

O autor aceitou o desafio de abordar alguns resultados matemáticos mais elaborados e conseguiu expô-los de forma inteligível. Um exemplo típico é a apresentação da façanha matemática de Gauss que lhe permitiu demonstrar, aos 19 anos, a possibilidade de construir com régua e compasso um polígono regular de 17 lados (p. 199 em diante).

Creio que o apêndice, de 16 páginas, intitulado Uma breve história da simbologia matemática, especialmente dedicado a esse tema, é inédito num livro de História da Matemática. Ele é de grande interesse para nós, professores. O leitor sabe, por exemplo, quando apareceu e quem criou o símbolo infinito ( ∞ )? Ou o símbolo fatorial (n!)? As respostas estão na p. 332.

Não existe livro perfeito. Este contém alguns erros de digitação, inevitáveis numa primeira edição. É verdade também que o relato de fatos da História da Matemática está sempre sujeito a erros. Diferentes fontes consultadas podem descrever um mesmo episódio de modos diversos. Sendo ambas as fontes confiáveis, como decidir quem está certo, quem está errado? Às vezes, também, novas descobertas podem destruir crenças consagradas. É com essas observações em mente que A Rainha das Ciências deve ser lido.

Finalizando, faço minha a frase da estudante de licenciatura, impressa na contracapa do livro: Li, entendi e amei.