O “Eduquês em discurso directo” Uma crítica da Pedagogia Romântica e Construtiva

Nuno Crato
Gradiva Publicações, 2006

 

Autor da resenha: Antonio Luiz Pereira

Nesse pequeno livro o autor, atual presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, discute questões ligadas ao ensino de Matemática nas escolas de Portugal. O que chama inicialmente a atenção do leitor, além do delicioso “sotaque” lusitano, é a similaridade entre as situações portuguesa e brasileira, não obstante óbvias diferenças de magnitude e estágio de desenvolvimento. Lá, como cá, há grande insatisfação e preocupação com o estado de coisas na Educação e um debate acalorado entre defensores e críticos das políticas na área, dominadas por idéias identificadas, talvez imprecisamente, com o “Ensino Progressista” ou “Ensino centrado no aluno”. O autor discute, em linguagem simples, muitas dessas idéias, normatizadas em documento oficial do Ministério da Educação denominado Currículo Nacional do Ensino Básico: Competências Essenciais. As idéias e mesmo a linguagem desse documento são bastante semelhantes às dos nossos PCNs e constituem referência básica para políticas e objetivos de ensino em Portugal.

Entre os tópicos examinados pelo autor destacam-se a teoria das competências, o construtivismo radical e as recomendações sobre necessidade de “contextualização” e atitudes “progressistas” na avaliação e disciplina escolar. Embora afirmando a importância da reflexão e investigação pedagógicas, o autor toma clara posição contra tendências atualmente em voga na área, que identifica com um romantismo de cunho rousseauniano.

O texto é bastante claro e procura elucidar, em linguagem simples, afirmações e conceitos que aparecem freqüentemente obscurecidos por pesado jargão − daí o “eduquês” do título. Uma crítica possível é a ausência de dados empíricos que corroborem as afirmações do autor. Ele justifica essa “opção pela retórica” como necessidade de responder a “idéias que são sempre apresentadas sem estudos empíricos nem dados científicos que as sustentem” e apresenta, ao final do texto, recomendações bibliográficas contendo alguns desses estudos. Essa bibliografia inclui também autores de várias tendências para interessados em uma discussão mais ampla do assunto e temas correlatos.

No capítulo final, o autor apresenta algumas conclusões, entre as quais:

“o ensino não precisa de reformulações drásticas nem de reviravoltas pedagógicas revolucionárias”,
“a avaliação é fundamental”,
“o essencial na formação de professores é o conhecimento da matéria que ensinam” e
“é necessário adotar métodos provados, que são naturalmente ecléticos”.

Acredito que a obra é contribuição oportuna e será leitura proveitosa para todos os que se interessam pelo tema (trechos do livro podem ser encontrados na Web, por exemplo, em www.filedu.com/ncratoeduques.pdf).

 

Cabri-Gèomètre e a geometria plana

Claudina Izepe Rodrigues e
Eliana Quelho Frota Rezende
UNICAMP, Campinas, SP

Autora da resenha: Eliana das Neves Areas

Este livro é resultado das experiências das autoras em minicursos ministrados, por intermédio do Laboratório de Ensino de Matemática do IMECC/UNICAMP, a professores dos ensinos médio e fundamental, bem como a alunos de cursos de licenciatura em Matemática.

O livro, na 2 edição revista e atualizada, apresenta 37 atividades planejadas, com conteúdos da geometria euclidiana plana, tendo por objetivo explorar construções e investigar a validade de propriedades geométricas observadas, utilizando-se da característica dinâmica do software Cabri-Gèomètre II.

Nas atividades, além do objetivo proposto, encontram-se orientações para o uso dos recursos do software, possibilitando melhor desempenho na sua utilização. No texto, destaca-se a atividade final na qual se utiliza o Cabri para investigar e descobrir a solução de um problema de aplicação.

Trata-se de um material didático motivador, com participação significativa na formação inicial ou continuada dos professores que pretendam ir além das demonstrações usuais em suas aulas de geometria plana.

Assim, essa publicação facilita a utilização do software de geometria dinâmica no ambiente escolar e no processo ensino-aprendizagem, contribuindo também para a inclusão digital.