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Truques de adivinhações aritméticas têm sido apresentados a pessoas e alunos de vários níveis de escolaridade, inclusive universitários, e também a professores do ensino básico em programas de capacitação na UFSCar. Nessas apresentações, os truques sempre causam surpresa e fazem muito sucesso. Alguns desses truques foram trabalhados em uma oficina apresentada aos professores premiados da 1a OBMEP, no IMPA, realizada em janeiro de 2006. Vamos apresentar aqui um deles, o truque da adivinhação egípcia. A exibição desse truque a uma classe de alunos, com a subseqüente exploração das propriedades aritméticas subjacentes a ele, provê ao professor um meio prazeroso de ensinar a aritmética da representação de inteiros positivos no sistema binário, isto é, na base 2.
Neste truque o professor (ou apresentador) pede a um aluno (ou espectador) que pense em um número de 10 a 100. O professor segue então os seguintes passos: 1. Pergunta ao aluno se o número é par ou ímpar. Ouvida a resposta, se for par, pede ao aluno que divida o número por 2. Se for ímpar, pede a ele que subtraia 1 e que então divida o resultado por dois. 2. Pergunta se o resultado obtido é par ou ímpar e, ouvida a resposta, pede ao aluno para repetir o procedimento descrito no item 1. 3. O procedimento continua com cada novo resultado até o resultado (quociente de uma divisão por 2) tornar-se igual a 1, quando então os cálculos do aluno terminarão. Quando o professor é informado de que o resultado é igual a 1, ele revela imediatamente ao aluno o número pensado por ele.
Suponhamos que o número pensado pelo aluno seja 52. Nas sucessivas etapas, o aluno efetuará as contas da coluna abaixo à esquerda, enquanto simultaneamente o professor irá fazendo, secretamente, as anotações da coluna à direita.
Para cada número ímpar informado pelo aluno, o professor anota "". Nos sucessivos estágios da brincadeira, o professor marca as potências de 2, iniciando em 20 = 1. Em seguida, o professor soma as potências de 2 correspondentes às marcas , 4 + 16 + 32 = 52, e resgata o número que foi pensado pelo aluno! Concebi esse truque observando o método das divisões sucessivas por 2, usado para representar um inteiro positivo no sistema binário, isto é, como soma de potências (distintas) de 2, a partir de sua representação no sistema decimal. Nesse método, tomando como exemplo o número 52, fazemos a seguinte "escada" de divisões sucessivas por 2, até atingirmos quociente igual a 1, quando o algoritmo termina. Lendo da direita para a esquerda os 0's e 1's, que são o último quociente e os restos das divisões, obtemos a representação do número 52 (aqui representado no sistema decimal) no sistema de numeração de base 2:
52 = (110100)2 = 1 × 25 + 1 × 24 + 0 × 23 + 1 × 22 + 0 × 21 + 0 × 20 = 22 + 24 + 25. Na seqüência das divisões, um resto será 0 quando o dividendo for par, e 1 quando o dividendo for ímpar, daí a importância de tomar nota apenas das potências de 2 correspondentes aos restos ímpares. O título adivinhação egípcia é inspirado nos algoritmos de multiplicação dos antigos egípcios, baseados na decomposição de inteiros positivos como somas de potências distintas de 2 [1].
Referências bibliográficas [1] EVES, Howard. Introdução à História da Matemática. 3a ed. Campinas. Editora da Unicamp, 2002.
Trata-se de uma brincadeira que pode ser realizada até por alunos de 5a série. O aluno coloca um baralho sobre a mesa, cartas viradas para baixo, constituindo o monte m1, e diz que, com a ajuda dos visitantes, fará aparecer os 4 ases do baralho. Pede a um dos visitantes para escolher um número inteiro, qualquer, entre 10 e 19 (10 e 19, inclusive). Seja n esse número. O aluno tira, uma a uma, n cartas do monte m1 e as empilha num monte m2. Em seguida, coloca de volta no monte m1 tantas cartas quantas indicar a soma dos algarismos de n. Mostra ao visitante a carta de cima do monte m2 e... surpresa... é um ás. Deixa o ás de lado, coloca o monte m2 de volta sobre m1 e repete o processo mais duas vezes com o visitante dando outros números. Cada vez aparecerá um ás! Para tirar o último ás, o aluno pode invocar o espírito dos números, que lhe dará uma pista: "vire a primeira carta do monte m1". O aluno contará tantas cartas quantas indicar a pista, formando o monte m2, e a carta de cima desse monte será o ás que estava faltando.
O aluno, antes do início da feira, arruma o baralho da seguinte maneira: Na oitava posição, de cima para baixo, coloca um dos "oitos" do baralho e, em seguida, coloca os quatro ases. Só isso. Se, de um número entre 10 e 19, subtrairmos a soma de seus algarismos, o resultado será sempre 9. É por isso que a mágica funciona: o monte m2 sempre terá as primeiras 9 cartas de m1, sendo a de cima um ás.
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