Cláudio Possani
Élvia Mureb Sallum

IME-USP

Soluções e Sugestões
RPM - Problemas
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     Problemas

234. Considere um quadrado Q e um triângulo T, ambos circunscritos a um mesmo círculo. Prove que mais da metade do perímetro do quadrado está dentro ou sobre os lados do triângulo.

(Olimpíada de Kiev, 1954.)

235. Na figura, que representa uma foto, r é a linha do horizonte e vemos dois trilhos paralelos e dois dormentes, a e a’ , já colocados. Construa, na foto, o dormente seguinte na direção do horizonte. Usar que dormentes são paralelos e a distância entre dois consecutivos é sempre a mesma.

 

(Enviado por Carlos Edgar Harle, SP.)

 

236. Achar todos os números m e n naturais que resolvam n2n-1 + 1 = m2.

(Encontrado num quadro no IME-USP.)

237. Em cada extração da Mega Sena são sorteados de forma equiprovável 6 números, entre os números 01 e 60. Qual a probabilidade de numa extração, sairem pelo menos dois números consecutivos?

 

 

     ...probleminhas

1. a) Daqui a quantos dias depois de amanhã será ontem?
b) De hoje a dois dias estaremos tão distantes de sábado como de hoje a cinco dias. Que dia é hoje?
c) Quando depois de amanhã for ontem, hoje está tão distante de domingo como hoje esteve de domingo quando anteontem era amanhã. Que dia é hoje?

(Sociedade Portuguesa de Matemática, enviado por Max Denis de Lima Santos)

2. Um número é formado por 7 algarismos escolhidos entre os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. Se a soma de cada par de algarismos sucessivos é igual à soma do primeiro par e a soma de todos os algarismos é 15, qual é o número?

3. O gavião chega ao pombal e diz: - Adeus minhas cem pombas! As pombas respondem, em coro: - Cem pombas não somos, mas com mais dois tantos de nós e com você, meu caro gavião, cem pássaros nós seremos. Quantas pombas estão no pombal?

(Enviado pela professora Terezinha M. S. Maciel)

 

     Soluções dos problemas propostos na RPM 54

226. Uma moeda honesta é lançada até que pela primeira vez apareçam duas caras em posições consecutivas.
a) Qual é o número máximo de caras que podem ocorrer em n lançamentos sem que o processo pare?
b) Quais as probabilidades de que em cinco lançamentos o processo
     i) pare no quarto lançamento?
     ii) não pare?

 

Solução

 

Vamos indicar a ocorrência de cara por C e coroa por c.

 

a) Se n é par o número máximo de caras é e ocorre nas seqüências CcCc...Cc ou cCcC... cC.

Se n é ímpar o número máximo de caras é e ocorre na seqüência CcCc...cC.

De forma simplificada podemos afirmar que o número máximo de caras em n lançamentos é, onde [p] indica o maior inteiro menor do que ou igual a p.

b) Existem duas seqüências de lançamentos que param exatamente no 4º lançamento: CcCC e ccCC. Cada uma tem probabilidade 1/16. Assim a probabilidade de ocorrer parada no 4º lançamento é igual a 1/8.
A probabilidade de não ocorrer parada nos 5 primeiros lançamentos é igual a 1 menos a probabilidade de haver parada no 2º, 3º, 4º ou 5º lançamentos, que são respectivamente:

1/4 (Cc),
1/8 (cCC),
1/6 (CcCC, ccCC) e
3/32 (cccCC, cCcCC, CccCC).

Assim a probabilidade pedida é

(Solução enviada por vários leitores.)

227. Considere a função f: N  N dada por onde [k] denota o maior inteiro menor ou igual a k. Determine o conjunto imagem de f.

Solução

Mostraremos que o conjunto imagem de f é o conjunto dos naturais, exceto os quadrados perfeitos maiores ou iguais a 1. Vejamos:

Todo natural se escreve como n2 + k sendo 0 < k < 2n + 1.

Para k = 0,   f(n2) = n2 + n só é quadrado perfeito se n = 0.

Para 0 < k < n e n ¹ 0, temos


que não é quadrado perfeito pois: 0 < k n n2< f(n2 + k) < (n + 1)2.

Para n + 1 k < 2n + 1 e n 0, temos


que não é quadrado perfeito pois:

n + 1 k < 2n + 1 (n + 1)2< f(n2 + k) < (n + 2)2.

Por outro lado, dado    m N    que não é quadrado perfeito, existe algum natural    n    tal que

n2 + n < m (n + 1)2 + (n + 1).

Se n2 + n < m n2 + 2n,    m = n2 + n + k    com    0 < k n    e então    f(n2 + k) = m.

Se (n +1)2< m (n +1)2 + (n + 1),   m = n2 + k + n + 1    com    n < k 2n + 1    e então    f(n2 + k) = m.

 

228. Dado um triângulo obtusângulo, é sempre possível dividí-lo em um número finito de triângulos acutângulos? Se for possível qual é o número mínimo necessário de triângulos? Justifique sua resposta. A figura abaixo ilustra uma tentativa que não deu certo...

Solução

Sempre é possível decompor um triângulo obtusângulo em um número finito de triângulos acutângulos, sendo um número mínimo necessário desses triângulos igual a 7.

Para provar a existência de uma decomposição considere a circunferência de centro O, inscrita num triângulo ABC, obtusângulo em A. Sejam T1 e T2, respectivamente, as intersecções das bissetrizes dos ângulos com .

Passando por T1, tome o segmento RS tal que R AC, S CB e RS OT1.

Passando por T2, tome o segmento PQ tal que P AB, Q BC e PQ OT2.

Os sete triângulos procurados são: CRS, RSO, RAO, AOP, PQB, OQS e OPQ.

Não é difícil verificar, pela construção, que os triângulos obtidos são acutângulos.

Para verificar que não é possível uma decomposição com menos de 7 triângulos acutângulos, observe:

1) É preciso que exista um lado, L, de algum triângulo da decomposição passando por A, pois é necessário dividir o ângulo obtuso em pelo menos dois ângulos agudos.

2) Se esse lado L encontrar o lado CB, formará com ele pelo menos um ângulo não agudo. Esse seria o início de um processo de decomposição possível, mas não minimal.

3) De 1) e 2) concluímos que necessariamente existe um ponto interior, I, do triângulo ABC, que deve ser vértice de pelo menos 5 triângulos da decomposição, pois se forem 4 ou menos, haverá pelo menos um ângulo obtuso em I.

Esses 5 triângulos, mais outros 2, um com vértice em C e outro em B já totalizam 7 triângulos.

(Solução enviada por Milton Dini Maciel, SP.)

229. As equações das circunferências C1 e C2 da figura são, no plano cartesiano, respectivamente : x2 + y2 = R2A circunferência C3 é tangente ao eixo x à C1 e à C2. A circunferência C4 é tangente à C1, C2 e C3. Determine apenas em função de R, as coordenadas do centro e o raio da circunferência C4

Solução

Sendo r o raio de C3 e s o raio de C4, aplicando Pitágoras no OAD e no BCD, temos

OA2 = OD2 - r2 = (R - r)2 - r2 = R2 - 2Rr

e, portanto,

Além disso, se x = OF, y = BG e s é o raio de C4, de

No EHD temos . Substituindo y, OA e x dados por (3), (2) e (4), obtemos a equação 17s2 - 10Rs + R2 = 0 e, então, .

Como , temos que ter . Substituindo s em (3) e (4) temos e o centro de C4 dado por


.

Nota
Como observaram, entre outros, os leitores Milton Dini Maciel, Amadeu C. Almeida e Carl H. Schinke, o problema está parcialmente resolvido na seção de problemas da RPM 39.

 

 

 

 

Relação dos leitores que enviaram soluções dos problemas da RPM 52

Amadeu C. Almeida, RJ: 229

Roberto Toledo Ribeiro, SP: 226

Américo Antoni Frigo, SP: 226

Sérgio dos S.Correia , RJ: 227, 228, 229

Antônio Ferreira Sobrinho, SP: 299

Trajano Nóbrega Neto, SP: 227

João Fernando de Moura, RJ: 229

Tsunediro Takahashi, SP: 229

Milton Dini Maciel, SP: 227,228,229

Waderley Gambá, SP: 229

Pierre Bedouch, MG: 229

    
Resposta dos ... probleminhas
1. 8
2. Contam o mesmo número
3. a) 48      b) 36