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Em resposta ao tema proposto (Contextualização: Sim ou Não?) para debate nesta seção, na RPM 50, escreve-nos o colega Fernando Lobato Buarque, de São Paulo, SP: "Sou um velho professor de Matemática do ensino médio, já aposentado no serviço público, mas que continua ativo na escola.Tenho acompanhado com um misto de alegria e preocupação os esforços que vêm sendo desenvolvidos para enfatizar para os alunos as aplicações da Matemática. Problemas interessantes têm sido propostos, mas ao mesmo tempo tentativas artificiais de inventar aplicações para alguns tópicos chegam algumas vezes a beirar o ridículo. Não é essa a minha maior preocupação, pois acredito que mudanças são sempre acompanhadas de alguns exageros que o tempo se encarrega de eliminar. O que me preocupa é ter ouvido de alguns colegas a proposta de sugerirmos aos alunos que perguntassem a seus pais se alguma vez, no exercício de suas profissões, eles teriam utilizado os conhecimentos que tinham sobre tópicos tais como números complexos, trigonometria ou até mesmo geometria. É claro que uma pesquisa desse tipo só pode ter o objetivo de sugerir a eliminação dos tópicos menos utilizados do programa do ensino médio. As minhas objeções a essa idéia estapafúrdia são várias. A principal é que acredito ser difícil saber se um determinado tipo de conhecimento é ou não inútil apenas com base em entrevistas desse tipo. Além disso, se todas as disciplinas do ensino médio fizerem isso, o programa resultante poderia ser coberto em seis meses e ainda sobraria tempo. Finalmente, se a moda pega, o professor teria que sugerir que seus alunos perguntassem a seus pais quantas vezes eles utilizaram em suas profissões os versos de Fernando Pessoa ou os contos de Machado de Assis. Um dos meus passatempos (além de tentar resolver problemas interessantes de Matemática) é ler contos policiais ou de ficção científica Permita-me mencionar dois contos clássicos que, a meu ver, ilustram bem essas duas posições antagônicas. Conan Doyle, ao introduzir o personagem Sherlock Holmes, através da descrição do Dr. Watson, descreve uma pessoa que tem conhecimentos profundos sobre determinados tópicos e é totalmente ignorante sobre outros. Sherlock justifica-se afirmando que em sua opinião o cérebro humano tem uma capacidade limitada e que só se deve guardar nele assuntos que têm alguma utilidade para nós, desprezando todos os demais. Por outro lado, Isaac Asimov, num conto antológico intitulado Sucker's Bait, descreve uma expedição a um planeta misterioso onde tudo parecia perfeito mas que provocava a morte daqueles que lá permaneciam por um tempo superior a seis meses. O mistério é solucionado e a atual tripulação é salva por um jovem excepcional, que, por guardar na cabeça tudo que lia, termina encontrando no conhecimento que quase todos consideravam inútil a resposta do problema. Apesar da minha grande admiração por Conan Doyle, nesses exemplos, estou mais com Asimov. Sempre tive uma grande admiração por pessoas que muito cedo conseguem definir seu objetivo na vida e se dedicam totalmente ao trabalho de alcançá-lo. Repito que sempre tive admiração, mas não sinto nenhuma inveja. Creio que pessoas desse tipo revelam indiferença com relação a todas as outras coisas que a vida pode nos proporcionar, muitas das quais são belas e interessantes, embora aparentemente em nada contribuam para os nossos objetivos. Para concluir, gostaria de mencionar que as minhas críticas não têm de maneira alguma a intenção de destruir esse esforço que vem sendo feito para mostrar aos estudantes que a Matemática, além de bela e interessante, é também útil na prática. Gostaria apenas de contribuir para que fossem eliminados os exageros, evitando que fossem desprezados tópicos interessantes da Matemática que pelo menos aparentemente não parecem ter uma utilidade prática." O leitor continua com a palavra neste Fórum.
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