Olimpíada Internacional de Matemática 1984

Em julho deste ano, realizou-se em Praga, Tchecoslováquia, a 25ª Olimpíada Internacional de Matemática.

O Brasil participou desta Olimpíada fazendo-se representar por 6 dos melhores classificados na 5ª Olimpíada Brasileira: Alberto Maçaaki Utsumi, André Hiroshi Hayashi Alves, Carlos Eduardo Rodrigues Alves, Cláudio de Carvalho Chamon, Cláudio José Morandini e Romildo Gonçalves Valente.

Três brasileiros foram premiados na Tchecoslováquia, recebendo, cada um, um “3º prêmio”.

A RPM pediu aos premiados que escrevessem algumas linhas contando da sua vivência em relação à Matemática.

   

     Trechos da carta de Cláudio de Carvalho Chamon:  

... Praga foi um experiência extraordinária, pois sentimos um “gostinho gostoso” em representar o Brasil na Olimpíada...

... Fizemos, garanto, o melhor de todos nós... Quero também ressaltar que o Professor Pitombeira foi mais que um orientador, um colega e um amigo, junto com o Professor Barone...

Quanto aos dados pessoais, nasci em Salvador, Bahia e ao 4 anos vim para o Rio e aqui cursei o 1º Grau na Escola Municipal Capistrano de Abreu e no Colégio Santo Agostinho; fiz meus estudos de 2º Grau no Colégio Naval e Colégio Bahiense.

Desde pequeno comecei a me interessar pela Matemática, pois as coisas ligadas a ela fluíam mais delicadamente, com menos dificuldades, o que a tornava agradável de mexer.

Recebi grande incentivo no Colégio Naval, onde o Professor José Antonio Novaes me mostrou um novo caminho, o da Matemática mais sutil, uma Matemática que saia da receita de bolo e que aprendemos a fazer nas escolas.

Outro grande incentivo recebi do Professor Augusto Cesar de Oliveira Morgado, que é dono de um dos maiores talentos que já conheci em Matemática; foi quem mais me ensinou e com quem mais aprendi.

Quanto às Olimpíadas de Matemática, eu as tenho na mais alta conta. Elas dão oportunidade de sairmos do esquema de problemas mecânicos dados nas salas de aula, para problemas que exijam criatividade, além do conhecimento necessário...

   

     Trechos da carta de Alberto Maçaaki Utsumi:

Nasci em São Paulo e fiz o 1º Grau na Escola Estadual Prof. Joaquim da Silveira Santos, em São Roque, SP. Fiz parte do 2º grau da Escola Estadual Horácio Manly Lane, também em São Roque e o 3º ano no Colégio Impacto no Rio de Janeiro.

Quanto à Matemática, eu a estudava muito porque no 1º grau era a única matéria que não precisava ser “decorada”, ao contrário das outras e também porque meu pai me ensinava quase todos os dias.

... A professora que mais me incentivou foi Antonia Maria Paula Souza de Camargo, nas 5ª, 6ª e 7ª séries. Graças a esta professora tive primeiro contato com uma Olimpíada de Matemática, em 1979, quando estava na 7ª série. Nesta Olimpíada não me saí bem mas eu quis muito participar de outra. Uma nova chance apareceu em 1982, quando tirei o 2º lugar na Olimpíada de Matemática do Estado de São Paulo. Como prêmio, recebi um convite do Colégio Impacto para lá cursar a 3ª série como bolsista... Pode-se dizer que estou atualmente cursando o IME (Instituto Militar de Engenharia) graças à Olimpíadas de Matemática.

Mudando de assunto. Seria possível assinar a “Revista do Professor de Matemática”?...

 

     Trechos da carta de Cláudio José Marandini:

Minha terra natal é Jundiaí, SP, onde cursei o ginásio em uma escola do SESI, onde se aprende Matemática sem saber direito o que ela significa. Descobri que gostava de Matemática no final da 8ª série quando comecei a estudá-la para os exames de admissão ao 2º grau. Eu achei interessante a perfeição da Matemática. Por caminhos diferentes se chegava à mesma resposta. No 1º ano do 2º grau, na Escola Técnica Estadual de Jundiaí, tive um professor muito bom, Cláudio Arconher que me incentivou e me orientou para a participação da Olimpíada de Matemática do Estado de São Paulo. Como um dos vencedores da Olimpíada, recebi uma bolsa do Colégio Impacto e vim para o Rio onde encontrei totais condições para me dedicar aos estudos...

... quero enfatizar a grande importância das Olimpíadas de Matemática. Para muitos alunos interessados na matéria, a Olimpíada aparece como a grande oportunidade para testar seu talento....

   

     A Comissão de Olimpíada da SBM escreveu no seu relatório:

...Cumpre destacar que dois dos três premiados (na Olimpíada Internacional de 1984) provinham do interior do Estado de São Paulo e que só tiveram oportunidade de se depararem com uma educação matemática mais acurada por terem sido detectados cedo através da Olimpíada de Matemática do Estado de São Paulo. Esta detecção permitiu efetivar a habilidade em potencial de que eles já dispunham.

Participam, da Olimpíada Internacional, 192 estudantes de 34 países. Se o grau de dificuldade de um problema pode se medido pelo número de participantes que o acertaram, o problema mais “fácil” da prova, resolvido corretamente por 86 estudantes, inclusive pelos três brasileiros premiados, foi:

“Sejam x, y e z números reais positivos ou nulos tais que x + y + z = 1. Prove as desigualdades:

  E o mais “difícil”, resolvido por apenas 26 participantes, foi:

“Sejam a, b, c e d números inteiros ímpares tais que 0 < a < b < c < d, ad = bc; a + d = 2k, com k inteiro; b + c = 2m, com m inteiro. Prove que a = 1.”

(ver as soluções nas páginas 27 e 31)

 

Nas Olimpíadas Internacionais as provas são realizadas em dois dias consecutivos tendo os participantes, em cada dia, quatro horas e meia para resolverem três problemas.

Os países que melhor se classificam em 1984, foram: União Soviética, Bulgária, Romênia, Hungria e Estados Unidos. O Brasil ficou em 18º lugar, entre Áustria (16º), Holanda (17º), Grécia (19º) e Canadá (20º).