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A
primeira informação sobre este delicioso livrinho é que não é um
livro sobre Matemática, nem sobre um teorema específico e nem é um
livro de História da Matemática. Tio
Petros e a Conjectura de Goldbach é um romance! Existem
muitos livros e filmes em que os personagens são médicos, advogados, políticos,
escritores, esportistas em geral, etc., cujas histórias se desenrolam em
seus ambientes de trabalho. É isso o que acontece com o Tio
Petrus, sendo um dos seus charmes o fato do personagem central ser
matemático (o que é raro nos romances), e ainda por cima especialista em
Teoria do Números, um dos ramos mais abstratos de Matemática. Além
disso, nós professores e estudiosos de Matemática temos condições
especiais para entender o drama da história, pois sabemos muito bem o que
é ser atraído por um problema de Matemática, passar horas buscando uma
solução, muitas vezes perdendo refeições ou horas de sono. O
livro é bem escrito e a trama consegue “prender” o leitor abordando
as dificuldades do tio Petros, que se dedica à tarefa de demonstrar a
famosa Conjectura de Goldbach. A
partir daí várias questões concernentes às atitudes do homem diante da
vida são tratadas, incluindo os limites entre a sanidade e a loucura. O
autor não é matemático, mas estudou o assunto na juventude e conhece
bem o funcionamento do nosso pequeno mundo de matemáticos. Um leitor que
não seja da área também não terá dificuldades para se sensibilizar
com a história pois as informações matemáticas constantes do texto não
são técnicas, embora totalmente corretas. O
personagem do tio Petros convive com grandes matemáticos que realmente
existiram como Hardy, Lithewood e Ramanijan. Uma
advertência final para o leitor da RPM
que, como eu, não está acostumado a ler livros em que um matemático
“de ficção” aparece ao lado de matemáticos “reais”: tio Petros
é um personagem e nunca existiu! Não adianta procurar por ele nos livros
de História da Matemática!
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