|
|
||||
O leitor Marcionilo Correia Gomes, de Jaboatão dos Guararapes, PE, propõe uma outra disposição para a multiplicação de polinômios. Trata-se de montar uma tabela, com os termos de um polinômio na 1a linha e os termos do outro na 1a coluna.
RPM. Fica aí a idéia. Esse dispositivo tem a vantagem de evitar que se esqueça de fazer algum dos produtos parciais. Por outro lado, o dispositivo mais conhecido, imitando o algoritmo da multiplicação de números, tem a vantagem de alinhar os termos semelhantes, prevenindo esquecimentos na soma dos produtos.
O leitor e colaborador Antônio Luiz Pereira do IME, USP, escreve ao Comitê Editorial da revista: Submeti recentemente um artigo à RPM sobre uma construção do pentágono regular usando dobradura. Esta é minha segunda tentativa, pois, vocês talvez se lembrem, meu primeiro trabalho submetido não foi aceito, sendo que a revista mantém o procedimento (inadequado a meu ver) de não informar aos autores as razões da recusa de um artigo. Nesta minha segunda tentativa, com o artigo Construções físicas e demonstrações, o parecer foi mais favorável: o artigo foi aceito com “alguns cortes” e está publicado neste número 46 da RPM. Os cortes foram feitos na parte em que eu pretendia apresentar o modesto problema da construção de um pentágono como ilustração do problema muito mais geral do papel da Matemática na descrição e interpretação do mundo físico. Novamente, não recebi nenhuma comunicação oficial sobre as razões para os cortes, mas, informalmente, algumas me foram apresentadas, entre as quais: a) O exemplo não seria adequado para ilustrar as questões que eu pretendia discutir, que seriam pertinentes apenas na discussão de modelos muito mais complexos e relevantes. b) O artigo daria uma “falsa idéia” para os leitores da relação entre Matemática e realidade física. Julgo entender o ponto de vista expresso em a) e concordo em parte com ele, embora não esteja completamente convencido. Se entendo corretamente, o ponto principal da objeção é que estou levantando uma questão filosófica e metodológica profunda em um contexto, digamos, trivial. Ora, para mim essa é justamente a questão central. Não é preciso procurar exemplos elaborados em Física ou outra área científica qualquer. Sempre que um aspecto qualquer do mundo real é analisado do ponto de vista abstrato, alguma forma de “modelo da realidade” é empregado e a questão da correspondência entre os dois se coloca. Por isso mesmo, essa é uma questão extremamente importante e relevante, digamos, para o “cidadão pensante comum” e não apenas para o cientista. Obviamente, posso estar enganado e talvez o exemplo proposto não seja realmente adequado para o fim pretendido. Estou plenamente disposto a considerar os argumentos do CE quando e se forem apresentados de maneira mais completa. O segundo argumento parece-me bem menos convincente. Quando o tema abordado é polêmico, certamente não se pode contar com unanimidade de opiniões e concepções. Não penso que polêmica seja algo inconveniente. Pelo contrário, encaixa-se bastante bem no objetivo declarado da revista de servir como fórum de discussão sobre os mais diversos temas de interesse para o ensino médio. Não quero com isso sugerir que o Comitê não deva exercer um crivo sobre os artigos submetidos à revista e vetar tanto temas que ele considere inadequados como mal apresentados. Entretanto, como já mencionei, o procedimento adotado pela revista poderia, creio, ser melhorado. Os autores certamente gostariam de receber um parecer objetivo e não apenas uma carta burocrática de rejeição. Tendo em vista que os artigos nem sempre são de conteúdo estritamente matemático, seria necessário fazer uma distinção entre (pelo menos) três situações distintas: alguns artigos podem conter erros matemáticos objetivos ou apresentar problemas de redação; outros podem tratar de temas que o Comitê não considere apropriados e, finalmente, um tema pode ser considerado de interesse, mas o Comitê pode não concordar com o ponto de vista do autor. O primeiro caso é, a meu ver, o mais simples: basta apontar quais seriam os erros e/ou inadequações do artigo e fazer, ou deixar para o autor, as eventuais correções. No segundo caso, talvez baste que a carta mencione explicitamente a razão da rejeição, quem sabe com uma pequena justificativa adicional sobre o critério que norteia essa escolha de temas. No último caso penso que seria apropriado argumentar com o autor e mesmo publicar um ponto de vista diferente, quem sabe com o contraponto de um comentário dos editores. Entendo que a adoção dessa política implicaria um acréscimo de trabalho, mas creio também que contribuiria para a realização dos objetivos de maior circulação de idéias entre os interessados nos temas tratados pela RPM. Finalmente, gostaria de deixar claro que minhas observações e eventuais críticas pretendem ser construtivas. O trabalho realizado pela RPM ao longo desses anos tem sido de valor inestimável em um país tão carente de trabalho competente e continuado na área de ensino, e eu, como leitor assíduo (e colaborador eventual), gostaria de terminar enviando meus sinceros cumprimentos. RPM: A carta do colega faz uma crítica ao mesmo tempo contundente e construtiva à prática editorial da RPM. Outros autores têm também se manifestado contra opiniões exaradas por nossos editores. Outros há ainda que não se sentem à vontade para escrever para a revista, não submetendo suas contribuições, pela crença de que a revista só publique artigos solicitados por iniciativa de seu Comitê. Cremos, portanto, oportuna uma palavra a respeito da política editorial e dos mecanismos de análise e seleção dos artigos publicados: 1. A RPM está aberta para aceitar a colaboração de seus leitores. Sua preferência é por colaborações espontâneas. Se ela não determina o formato e condições para a apresentação de trabalhos é porque não deseja excluir aquele que não tenha condições de atender a tais exigências. Nosso público tem condições muito heterogêneas. Se, por um lado, há aqueles que dispõem de infra-estrutura com computadores, secretários, etc., outros há que só podem enviar sua colaboração escrita à mão em folhas de caderno. O Comitê Editorial examina os artigos independentemente da sua forma. Nossa estrutura agradece aos autores que nos enviam disquetes e digita os artigos que nos são enviados em manuscritos. O importante para nós é que os leitores enviem sua colaboração, contando suas experiências, apresentando suas idéias. Buscamos selecionar artigos que apresentem direta ou indiretamente uma contribuição ao professor de Matemática em sua prática didática. Não temos a preocupação com ineditismo, mas também não achamos conveniente a publicação de artigos que sejam réplicas de capítulos de livros ou apostilas. Na maioria das vezes, os artigos devem ocupar entre duas e seis páginas da revista. 2. Quanto à análise dos artigos, é claro que há divergências de opiniões, dentro e fora do Comitê. O Comitê Editorial da RPM é composto de matemáticos e professores de Matemática no ensino básico e no ensino superior. Algumas vezes temos contado com a presença de editores convidados. Temos a intenção de atender ao nosso leitor em suas necessidades didáticas e intelectuais no que diz respeito ao exercício do seu magistério. Nossas decisões nem sempre têm sido nem serão as melhores e há também casos de falhas na comunicação ao autor dessas decisões. Nosso empenho, entretanto, tem sido o de aproveitar ao máximo a contribuição do autor, de modo a atender o interesse do leitor. 3. Nos dois casos apresentados pelo colega Antônio Luíz, trata-se mais de uma questão de ênfase. Não houve, em nenhum dos casos, nenhuma crítica ao conteúdo matemático da sua colaboração. Mesmo assim, sua carta vai merecer a atenção do Comitê Editorial. 4. Por fim, aproveitamos o ensejo para agradecer a colaboração do colega Antônio Luís Pereira, não só na forma de artigos, mas também na manifestação de opinião sobre o nosso trabalho. Pedimos a ele e a outros colegas que continuem enviando suas contribuições nas mais variadas formas e que participem conosco dessa tarefa de melhor informar o professor e de ser um ponto de encontro de todos nós, atuantes no ensino da Matemática.
|