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Em
1202 Leonardo de Pisa, também conhecido por Fibonacci,
formulou o seguinte problema: A
partir de um casal de coelhos recém-nascidos, quantos casais de coelhos
existirão após 12 meses, supondo-se que: nenhum coelho morre, todo casal
de coelhos tem um primeiro casal de filhotes com dois meses de idade e, após
ter o primeiro casal de filhotes, gera um novo casal todo mês. Não
é difícil constatar que o número de casais de coelhos a cada mês é
dado pela seqüência 1,
1,
2,
3,
5,
8,
13,
21,
34,
55,
89,
144,
233, ...
(*) Indicando
por
o
número de casais de coelhos no enésimo mês, vale a seguinte fórmula de
recorrência:
. A
seqüência (*), que é conhecida como seqüência de
Fibonacci, tem sido objeto de continuada atenção na literatura
matemática. Existe uma revista intitulada The
Fibonacci Quarterly que trata de problemas que, de uma forma ou de
outra, estão relacionados com esses números de Fibonacci. A própria RPM
já tratou desse assunto mais de uma vez
([1], [2] e [3]). Esse
resultado vale para qualquer seqüência não nula
satisfazendo
seqüências
essas chamadas de seqüências de Fibonacci. Exemplos
de seqüências de Fibonacci são:
(1, 1,
2,
3,
5,
8,
13,
21,
34,
55,
89,
144,
233,
...),
(4,
4,
8,
12,
20,
32,
52,
84,
136,
...)
ou a seqüência constante zero. Uma progressão geométrica
é
uma seqüência de Fibonacci se e somente se
. Essa
equação em
é equivalente a
, cujas soluções são
Os
valores de
e
de
mostram
a estreita ligação das seqüências de Fibonacci com a razão áurea. Na
verdade, vale o resultado: I.
Se
é
qualquer seqüência de Fibonacci, existem números reais
a
e
b
tais que
.
(*) Vamos
demonstrar esse fato usando indução sobre
n.
Para n = 1
e
n = 2,
vamos mostrar que existem números reais
e
b,
soluções do sistema:
.
Supondo
o resultado verdadeiro para valores menores que
n, mostremos que é
verdadeiro para
n:
visto
que ambos,
e
, são
raízes da equação
. Isso
conclui a demonstração. Na linguagem dos espaços vetoriais, os fatos acima mostram que as seqüências de Fibonacci formam um espaço vetorial de dimensão dois tendo por base as seqüências e . No caso da seqüência (1, 1, 2, 3, ...),
. II. Seja (f1, f2, f3 ,..., fn ,...) uma seqüência de Fibonacci não nula. Mostremos usando (*), que a seqüência fn / fn +1 é convergente com limite igual à razão áurea = 1/. primeiro lugar que existe, no máximo, um valor de n para o qual fn = 0. De fato, Como 1 2, e as potências de 1 / 2 são todas distintas, de forma que a igualdade (1 / 2)n = ( / ) pode ocorrer no máximo para um valor de n. Assim a partir de um certo inteiro N, podemos construir a seqüência fn / fn +1. Temos:
onde
. Assim,
,
e
a seqüência
é
convergente com limite igual à razão áurea
. III. A exemplo do resultado acima, a fórmula geral
(*)
para as seqüências de Fibonacci enseja demonstrações simples e
naturais para diversas das relações existentes entre os números de
Fibonacci. Por exemplo, vamos mostrar que os termos de uma seqüência de
Fibonacci
estão
inter-relacionados da seguinte forma:
Resulta
que
. No
caso particular da seqüência
(1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, ...)
temos
e
isso completa a demonstração. Uma
conseqüência imediata dessa relação é que os termos ímpares da seqüência
de quocientes
,
,
, ...,
, ... formam
uma seqüência estritamente decrescente que converge para a razão áurea
e que os termos pares formam uma seqüência estritamente crescente
que também converge para
.
Resulta que qualquer quociente
com
n
ímpar é maior do que qualquer outro quociente com
n par. Referências
bibliográficas: [1]
ÁVILA, Geraldo. Retângulo áureo, divisão áurea e seqüência de Fibonacci, RPM
6, pág. 9. [2]
PITOMBEIRA, João Bosco. Um problema
de Fibonacci, RPM
17, pág. 4. [3] PITOMBEIRA, João Bosco. Euclides, Fibonacci e Lamé, RPM 24, pág. 32.
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