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Maria Cristina Bonomi Barufi
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Introdução |
O
presente artigo visa discutir um problema relacionado ao conteúdo desenvolvido
nas
didáticos, sendo seu gráfico considerado uma hipérbole sem, entretanto, uma
argumentação matemática razoável ou determinação de seus focos.
Consideramos que tal assunto pode ser abordado após o estudo das cônicas – assunto bastante detalhado pela RPM, com a publicação de diversos artigos. Trata-se do estudo de uma função cujo domínio não é o conjunto de todos os reais, sendo necessário excluir um único ponto do conjunto R, para obter seu campo de definição. A generalização para uma função racional, com numerador de grau no máximo 1 e denominador de grau 1, pode ser feita de maneira bastante natural, explorando movimentos no plano. Esse tipo de abordagem parece ser interessante, pois estimula a leitura e interpretação de gráficos e, considerando a questão sob um ponto de vista mais amplo, possibilita estabelecer significado para operações algébricas.
Lembremos que, dados dois pontos
e
, denominamos hipérbole de focos
e
à curva que é o lugar geométrico dos pontos de um plano
por
e
, tais que
(*)
onde a constante 2a é um número positivo dado inicialmente e é a distância entre os vértices da hipérbole, que são os dois pontos da curva, um em cada ramo, tal que a distância entre eles é a menor possível.
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Para garantir que esse gráfico é uma
hipérbole, precisamos encontrar dois pontos
e
, do plano xy, que sejam os focos e mostrar
que:
(i) todo ponto do gráfico da função verifica a propriedade (*);
Busquemos então quais pontos são razoáveis
candidatos a focos. Lembrando que os focos de uma hipérbole pertencem à reta que
passa pelos seus vértices e são simétricos em relação ao ponto médio do segmento
determinado pelos mesmos vértices, teremos que procurar pontos da forma
, com p > 1.
, logo,
.
Com
, podemos escrever
Efetuando os cálculos necessários, obtemos:
isto é,
, de onde concluímos que
ou
, ou seja, os pontos
são os candidatos a focos da hipérbole. Podemos verificar
também que
.
Vamos provar em seguida o primeiro resultado de uma série de cinco:
Resultado 1: O gráfico de
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Prova do resultado: Devemos mostrar as afirmações (i) e (ii) a seguir.
(ii) Para todo ponto (x, y) tal que
, temos
.
Efetuando os cálculos necessários, obtemos
Por outro lado, se (x, y) é tal que
então, efetuando os cálculos, obtemos
, de onde concluímos que xy = 1, o que mostra
(ii).
I.
Como é o gráfico de, por exemplo,
, quando comparado com o gráfico de
?
Para um mesmo valor não nulo da
abcissa, o valor da ordenada na função
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Supondo que o gráfico de
também seja uma hipérbole, vejamos qual é a ação do
coeficiente 2 nos focos da nova hipérbole em comparação aos focos da primeira
hipérbole, gráfico de f.
Inicialmente, observemos, pela simetria,
que os vértices da nova curva são os pontos
(de
) e a distância entre eles é 4. Em segundo lugar,
observemos ser razoável que os novos focos sejam os pontos
. De fato, no gráfico da função inicial
, os vértices eram os pontos
e os focos
Resultado 2: O gráfico de
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Observemos que, para um mesmo valor da
variável x, a ordenada correspondente do ponto no gráfico de
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dos focos, com adição da constante h. Esse fato é o Resultado 3, cuja demonstração é novamente análoga à do Resultado 1 e pode ser dispensada se a idéia da translação for clara.
II. Se
efetuarmos uma translação horizontal através da constante m, no gráfico
de
Nesse caso, não há mudança de “inclinação” no gráfico da nova função, e as abcissas dos focos são alteradas através da adição da constante m. Temos assim o seguinte resultado: |
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III. Finalmente, a situação mais geral, englobando os dois últimos resultados, pode ser colocada na forma:
ocorreu uma translação horizontal através da constante m, a seguir uma
mudança de “inclinação” através da constante k e, finalmente, uma
translação vertical através da constante h. Podemos, assim, enunciar o
resultado seguinte:
Assim, de acordo com o Resultado 6, os focos da curva são os pontos
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Maria Cristina Bonomi Barufi é licenciada e mestre em Matemática pelo IME, USP, doutora em Didática pela FE, USP, docente do IME, USP, e membro da diretoria do CAEM, Centro de Aperfeiçoamento do Ensino de Matemática da USP. |
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