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Jesús
A. Pérez Sánchez
Naquela
semana o professor Beremis estranhou a demora dos seus alunos na entrega
dos exercícios de Matemática. Quando eles finalmente apresentaram os
exercícios, seus rostos não refletiam muito entusiasmo. Ao
perguntar sobre o motivo da demora, o professor Beremis inteirou-se de que
não tinham resolvido um dos problemas, por falta de dados. O professor
viu-se numa situação desagradável, pois era muito cuidadoso na preparação
dos exercícios e, embora não tivesse conferido todos os detalhes dos
problemas, tinha certeza de ter fornecido os elementos necessários para
sua solução. Logo, quis saber qual era a dificuldade. Tratava-se do
seguinte problema:
O
argumento da turma era que somente com as informações contidas na figura
não podiam achar a equação da parábola e, portanto, a equação de
r também não. O
professor escutou atenciosamente o seguinte raciocínio: A
equação geral da parábola é
y=ax2+bx+c, onde
a,
b
e c
são constantes que devem ser determinadas com os dados indicados
na figura. Certamente, pode-se afirmar que
. Por
outro lado, dado que a curva passa pela origem, temos
. Assim, a equação da parábola fica
. Também,
visto que o ponto
está na curva, tem-se
, isto é,
. Então, seria interessante obter uma outra igualdade
envolvendo essas constantes
para formar um sistema de duas equações com duas incógnitas que, no
caso de ser possível e determinado, nos permitiria conhecer os valores de
a
e b. É oportuno, então,
usarmos outra pista indicada no desenho: a abcissa do vértice da parábola
é igual a 2.
O
professor Beremis reconheceu que seus alunos estavam certos: com as
informações dadas não era possível achar o valor de
a.
Entretanto,
com seu costumeiro espírito animado, propôs aproveitar o momento para
revisar o conceito de reta tangente. Assim começou: Seja
r
uma reta (não vertical), com coeficiente angular
m e passando pelo ponto
da parábola dada por
y=ax2+bx+c,
. Suponha
que (x1, y1)
não coincide com o vértice
da parábola (ou seja,
). A equação de r
é y y1 =
m(x x1). Nosso
intuito é encontrar m, de modo que a reta
r
tenha
como único ponto em comum
com a parábola. Essa
reta r é
denominada reta tangente à parábola no ponto
(x1, y1)
. (É bom mencionar que,
usando o conceito de derivada, obtém-se uma definição de reta tangente
válida para uma curva qualquer, não apenas para parábolas.)
Substituindo
o
y da primeira equação na segunda, e usando
, após agrupar e fatorar,
vem
. Se a única solução dessa equação deve ser x = x1, isso nos conduz a m = 2ax1 + b. Assim,
a equação de r
fica
. O
requerido na tarefa proposta é o valor de
x
correspondente a y = 0. Chamando esse valor de
, temos
Também,
no nosso caso particular,
e
. Assim, Nesse instante, os olhos do professor Beremis brilharam e sua face iluminou-se de alegria, pois percebeu que podia resolver o problema mesmo sem conhecer o valor de a. No
final, cada rosto desenhava um sorriso. Não era para menos! Nota da RPM: Observe que a parábola do Prof. Beremis não é única. Na verdade trata-se de toda uma família de parábolas, y = ax(x 4), a < 0. Duas delas estão ilustradas na figura a seguir, com as respectivas tangentes no ponto (1, y1) = (1, 3a). Todas essas retas É
interessante observar que isso continua verdadeiro mesmo que escolhamos
qualquer outro ponto de tangência
com
Como
a última expressão não depende de
a,
mas só de
, as retas tangentes a todas
as parábolas cortam o eixo Ox
no mesmo ponto. |