|
|
||||
Rubens Vilhena Fonseca
Neste
artigo, apresentaremos alguns números com características interessantes,
já conhecidos de muitos. Como sempre, nossa intenção é atiçar a
curiosidade dos colegas. Se conseguíssemos criar um intercâmbio a partir
dessas curiosidades, só teríamos a ganhar em nossa prática educacional. Comecemos
definindo
como a soma dos divisores próprios
do número n,
ou seja, os divisores positivos de
n excetuando-se o próprio
n.
Por exemplo,
. Se aplicarmos repetidamente
d
aos resultados, formaremos uma seqüência, como, por exemplo:
Quando
chegamos a 0 (zero), devemos parar, já que qualquer inteiro positivo
divide zero. Podemos observar algumas possibilidades para esse tipo de seqüência:
Ela pode terminar
em zero, como no exemplo acima.
Podem-se obter
ciclos de comprimentos variados, como por exemplo: ciclo
de comprimento 1: d(6)
6,
ou seja, a soma dos divisores próprios é igual ao próprio número. ciclo
de comprimento 2: d(220)
284 d(284)
220,
ou seja, temos dois números, cada um deles sendo a soma dos
divisores próprios do outro. ciclo
de comprimento 4: d(1264460)
1547860 d(1547860)
1727636 d(1727636)
1305184 d(1305184)
1264460,
ou seja, o ciclo de 1264460
tem comprimento 4.
Podem-se, ao que
parece, obter seqüências que crescem infinitamente...
Um
número é perfeito se o seu
ciclo é de comprimento 1, ou seja, é aquele cuja soma dos seus divisores
próprios é igual a si mesmo. Já sabemos que 6 é perfeito; outro
exemplo é o 28:
. Euclides,
no livro IX do Elementos,
demonstrou que qualquer número da forma
é perfeito se
for primo. Por exemplo,
para
temos:
. É
interessante lembrar que os números primos da forma
são chamados primos
de Mersenne. Como todo número perfeito par é do tipo
(recíproca do resultado
demonstrado por Euclides, que foi demonstrada pela primeira vez por
Leonard Euler), podemos então dizer que existem pelo menos tantos números
perfeitos pares quantos forem os primos de Mersenne. NR:
Acredita-se que existem infinitos primos de Mersenne, mas, até agora, só
foram encontrados 38 deles. O 38o é
, descoberto em junho/99. O
tamanho desse número desafia a imaginação: tem 2 098 960 dígitos e é
o maior número primo conhecido. Primos de Mersenne constituem uma área
de pesquisa matemática ainda em franca atividade. Desde 1995 há um
endereço na Internet ( http:www.mersenne.org/prime.htm ) com
informações sobre esses primos e software
específico para a busca de novos primos de Mersenne. Dezenas de
especialistas e milhares de amadores têm participado desse esforço
conjunto que levou à descoberta dos quatro últimos primos de Mersenne. Se
o conjunto dos primos de Mersenne for infinito, então o conjunto de números
perfeitos pares também será infinito. Uma das conjecturas mais antigas
da Matemática, que ainda está em aberto, diz que não existem
números perfeitos ímpares.
Números
amigos são os que têm ciclo de comprimento 2, como foi visto para
o par , que é o menor par de números
amigos conhecido. Presume-se, também, que existam infinitos pares de números
amigos. Abaixo, damos alguns desses pares:
Euler
publicou um estudo sobre esses números em 1750, apresentando uma lista de
60 pares de números amigos. Curiosamente não figura na lista o segundo
menor par
, que só foi descoberto em
1866 por um rapaz de 16 anos chamado Paganini (Brina Bolt).
Os
números com ciclos maiores que 2 recebem o nome de sociáveis. O ataque
sobre essa rapaziada tem sido feito via computador. A seguir dois sociáveis
de comprimento 5 e
9, respectivamente,
para que os prezados colegas pensem sobre eles:
12 496 e
805984760. Referências
bibliográficas
[1]
Costello, P. Amicable pairs of the
form
, Math. Comp. 56, págs. 859-865, 1991. [2]
Riele, H.J.J. Computation of all the
amicable pairs below 10, Math. Comp. 47, págs. 361-368, 1986. [3]
Riele, H.J.J. A list of amicable
pairs with smaller member between 10 10 10 and
2*10, computed by H.J.J. te Riele in 1990 and privately communicated on
Dec. 9,1991. [4]
Riele, H.J.J. A list of amicable pairs collected by H.J.J. te Riele,
containing pairs found by Lee, Garcia, Costello, and te Riele, and
privately communicated on Jan. 28, 1992. [5]
Domingues, H.H. Fundamentos de Aritmética. Editora Atual, 1991.
Fatorar a expressão
Mesmo
bons professores de Matemática, se não conhecerem algum truque, terão
dificuldade em resolver esse problema pelo método direto. Quem duvidar,
que o tente.
Entretanto,
a teoria dos determinantes dá uma solução fulminante ao problema.
Vejamos: seja o determinante
, exatamente
a expressão que desejamos fatorar. O
determinante não se altera se substituímos, por exemplo, a primeira
linha da matriz por sua soma com as duas outras, ou seja
e
o problema foi resolvido.
Muitos
realmente, são os caminhos da Matemática e precisamos ter a mente aberta
e desbloqueada para encontrá-los. Gilberto Garbi
|