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Lenimar
Nunes de Andrade Há milhares de anos que o cálculo de tem atraído muitos estudiosos. É um cálculo que está longe de ser desinteressante, pois é sempre acompanhado de bonitas fórmulas e algoritmos. Nosso objetivo é mostrar um pouco do que tem sido esse cálculo nos últimos anos, atualizando o artigo Pi acaba? da RPM 19.
Em
1995, J. Borwein e P. Borwein descobriram uma seqüência com convergências muito
mais rápidas do que a mencionada na RPM
19. Seja a seqüência
definida por:
e
A
convergência dessa seqüência é tão rápida que o seu terceiro termo, a3, fornece o valor de
1/ com 170 casas decimais
corretas. Essa seqüência foi usada em outubro de 1995 pela dupla Takahashi
e Kanada da Universidade de Tóquio para calcular
com 6,4 bilhões de
casas decimais. A dupla Takahashi-Kanada vem mantendo o recorde atual no cálculo
de
. Em abril de 1999 eles anunciaram um cálculo com 68,7 bilhões de casas
decimais que demorou 32 horas em um supercomputador Hitachi SR2201. Ainda
em 1995, D. Bailey, P. Borwein e S. Plouffe desenvolveram um surpreendente
algoritmo. Usando o sistema hexadecimal (base 16) e a fórmula
eles
mostraram ser possível calcular o n-ésimo
dígito hexadecimal de
sem a necessidade de
calcular os
dígitos anteriores.
Trata-se de algo tão espetacular que não foi nem ao menos conjeturado no
passado. Não existe ainda um resultado similar na base 10.
Certamente
em aplicações à engenharia ou científicas de um modo geral, não há
necessidade de bilhões de casas decimais. Sabe-se que um valor de
com “apenas”
40 casas decimais
permitiria calcular o comprimento de uma circunferência de diâmetro
igual ao da nossa galáxia com erro inferior ao diâmetro de um átomo.
Uma aplicação do cálculo do valor de
com número elevado de casas
decimais é testar a integridade de programas e de computadores recém-fabricados:
qualquer falha ou desajuste durante o cálculo seria detectado no final, já
que o resultado é conhecido a
priori. Além
disso, as fórmulas usadas nos cálculos de
não surgem do nada,
como em um passe de mágica. Elas são parte de teorias que se desenvolvem
com a precisão dos cálculos e podem levar a aplicações ou
desenvolvimentos de outras áreas do conhecimento. Por exemplo, o uso de
transformadas rápidas de Fourier (FFT) em cálculos aritméticos de altíssima
precisão teve origem no esforço para acelerar o cálculo de
em meados dos anos
60. Hoje, o uso de FFT por programas que trabalham com números
elevados de casas decimais é rotineiro.
Apresentamos
aqui alguns recordes recentes no cálculo de
. Veja a RPM 19 para uma
listagem dos recordes anteriores.
Referências
bibliográficas
[1]
Adamchik, V., Wagon, S. A simple
formula for
e Almkvist, G. Many correct digits of
,
revisited, American Mathematical
Monthly 104, 1997, pp. 852-854, pp. 352-353.
Jacir
J. Venturi Símbolos
em Matemática são como sal numa sopa: se colocar demais, estraga, se
colocar de menos, fica sem gosto.[1] Até
o século XVI, expressões matemáticas eram escritas de forma
excessivamente verbal ou retórica. Por exemplo, em 1591, Viète, para
representar a equação
, escrevia em bom latim: 5
in A quad et 9
in A planu minus 5 aequatur 0. No
século XVI a linguagem simbólica ganhou um grande impulso. William
Oughtred (1574-1660), em três de seus livros, usou mais de 150 símbolos,
muitos criados por ele. Destes, porém, poucos permanecem em uso. A
implementação de alguns símbolos usados hoje em dia foi acontecendo
naturalmente ao longo de décadas ou séculos, sob a égide da praticidade
e do pragmatismo. Pouco pode se afirmar com precisão sobre essa evolução.
Outros símbolos, graças ao prestígio de seus criadores, tiveram aceitação
imediata. Como exemplo desses últimos podemos citar alguns símbolos
criados por Leonhard Euler (1707-1783):
·
, para indicar “função de x”
; ·
, “ somatória” (o símbolo
é a letra maiúscula grega, sigma,
que corresponde ao nosso S);
·
i , “unidade imaginária”,
representada também por
; ·
e , base dos logaritmos neperianos, igual a 2,718 .... A letra
, embora usada por William Jones em 1706, teve o seu emprego consagrado
por Euler.
Símbolo
+ Uma
explicação razoável é que, até então, a adição de dois números,
por exemplo 3 + 2, era representada por
3 et
2. Com o passar dos anos a conjunção latina et foi sincopada
para t, da qual se originou,
no fim do século XV, o sinal +. SímboloApareceu
pela primeira vez em 1481, em um manuscrito alemão. Na forma impressa,
apareceu pela primeira vez em 1498. Há
várias hipóteses, nenhuma confirmada, quanto à origem do símbolo. Símbolo xO
primeiro uso do símbolo
x para indicar multiplicação deve-se a William Oughtred
(1618). Leibniz temia que
x
pudesse ser confundido com x.
Em 1698 ele sugeriu o uso do “ponto” como sinal de multiplicação. Símbolo
A notação a : b é atribuída a
Leibniz (1648). O símbolo
foi usado pela primeira vez por J. H. Rahn em 1659. Símbolos
< e
>
Foram
introduzidos pelo inglês Thomas Harriot (1631 – numa publicação póstuma)
com o significado atual. Porém os símbolos
e
foram introduzidos mais
tarde, em 1734, pelo francês Pierre Bouger. Símbolo
Apareceu
impresso, pela primeira vez, em 1525 no livro Die
Coss (1525) do matemático C. Rudolff.
O símbolo pode ter sido escolhido pela sua semelhança com a
primeira letra da palavra latina radix
(raiz). Uma outra hipótese é que ele seja uma evolução do símbolo usado em manuscritos
mais antigos para designar uma raiz. Símbolo
=
Este
sinal foi introduzido por Robert Recorde (~1557)., ...
bicause noe.2.thynges, can be moare equalle...(... porque nenhum par
de coisas pode ser mais igual (do que um par de paralelas) ). Referências
bibliográficas (indicadas
pela RPM)
[1]
Cajori, F. A history of mathematical notations. The Open Court Publishing
Company, Chicago, Illinois,
1928.
[2]
Tópicos de História da
Matemática. Editora
Atual, 1992.
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