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Nesta
nota apresentamos um método prático que pode ser utilizado em sala de
aula para deduzir a fórmula da
área do círculo conhecendo-se o valor do seu raio.
Realizamos tal experimento com sucesso na ocasião em que participamos
do PEC – Programa de Educação Continuada da Secretaria de Educação
do Estado de São Paulo. O
material necessário para a aplicação do método consiste em um rolo de
papel (papel toalha ou papel higiênico), uma tesoura ou um estilete e um
pedaço de fita adesiva. Dividimos o processo em três etapas – primeiro
“convencemos” o aluno que podemos transformar uma coroa circular num
trapézio de mesma área; em seguida calculamos a área do trapézio em
função dos raios da coroa; finalmente observamos que a medida em que o
raio interno da coroa “tende” a zero, a coroa “tende” ao círculo
e as áreas dos trapézios correspondentes “tendem” ao número
esperado. Passemos
à descrição das etapas. 1a
etapa:
Tome um rolo de papel e passe a fita adesiva, como na figura. Em
seguida, com uma tesoura afiada, ou estilete, corte folha por folha (ou
grupos com poucas) em linha reta como ilustrado na figura abaixo.
“Descasque”
o rolo até chegar no cilindro de papelão duro, localizado no centro. Não
corte esse papelão, pois ele servirá para moldar o rolo quando da sua
reconstituição. Agora,
com todas as folhas cortadas, você poderá mostrar à sua classe como a
coroa circular (base do rolo de papel) se transforma num trapézio.
Ilustramos com a seqüência de figuras abaixo:
A
primeira figura representa o rolo de papel com parte de suas folhas
cortadas, apoiadas sobre a superfície da mesa. Nas outras figuras
representamos o trapézio (e o prisma) obtido. Em
seguida você pode mostrar o processo inverso: a transformação do trapézio
numa coroa circular, retornando o rolo à sua forma original. Podemos, com
isso, “convencer” o aluno de que a área de uma coroa circular pode
ser determinada calculando-se a área de um trapézio. 2a
etapa: Calculemos a área da coroa. Sejam r
o raio da circunferência interna e
R
o raio da externa. Voltando-se ao processo físico da transformação
da coroa no trapézio, observa-se que a base maior do trapézio, obtida
com a folha externa do rolo, tem comprimento
2R
e a base menor,
obtida com a folha interna do rolo, tem comprimento 2r.
A altura do trapézio é
. Assim, a área do trapézio
ou, equivalentemente, da coroa será:
.
Observe que
é a diferença entre dois números
independentes um do outro. O número
depende apenas do círculo maior, e
depende apenas do círculo menor.
Como a área da coroa deve ser a diferença entre as áreas dos círculos,
temos aqui uma sugestão de que a área de cada um dos círculos envolvidos é
vezes o quadrado de seu raio. Mas o fato de o número
A
se apresentar como diferença de dois números não prova que a área
do círculo maior é
e a do círculo menor é
. Veja que o
mesmo número
A
pode ser escrito como
, onde
k
é qualquer número real, e os valores
e
não representam
nenhuma área por estarem indeterminados com a variação de
k. 3a
etapa: Nessa última
etapa devemos levar o aluno a pensar no círculo de raio
R como sendo a figura obtida da coroa diminuindo-se o raio
interno r até zero. Pode-se
pensar numa seqüência de valores para
r,
que decresça e se aproxime de zero. As áreas das coroas
correspondentes serão dadas por
e observamos que:
ou
o limite quando r
tende a zero de
é igual
. Assim,
confirmamos que a área do círculo de raio
R é dada por
. Como em todo método de dedução dessa fórmula, não pudemos evitar o
uso do conceito de limite, mas acreditamos tê-lo feito de forma bastante
natural e prática. Finalmente
observamos que esse mesmo material pode ser usado para estudar o cilindro
reto. Veja que o volume do rolo de papel é o mesmo volume de um prisma
reto cuja base é o trapézio já estudado.
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