Zanoni Carvalho da Silva
Dept. de Informática – UFPE
50000 – Recife – PE

 

     1. Introdução

A RPM n.º 2 publicou uma justificativa  para o algoritmo comumente usado para a extração da raiz quadrada, ao fim da qual,  em um quadro, a Redação fez um síntese dos diferentes modos de se extrair essa raiz. Dentre estes foi mencionado e explicado o algoritmo retirado do “método das aproximações sucessivas”

Este artigo pretende retomar aquela discussão e, a partir do método das aproximações sucessivas, fornecer um procedimento para o calculo da raiz n-ésima .

 

     2. O Método do Newton

Vamos inicialmente considerar o problema geral de determinar os zeros reais de uma função real de variável real f (x), com derivada continua f’(x). Isto significa resolver a equação f (x) = 0. Seja  a solução – ou uma das soluções – dessa equação, como a ilustra a Fig. 1 .

Escolhemos  um número x0  que supomos  arbitrário e diferente de . A seguir, determinamos x1, abscissa da intersecção com o eixo dos x da reta tangente à curva y = f (x) no ponto (x0, f(x)). De modo análogo construímos x2, a partir de x1; x3 a partir de x2; e assim por diante. Obtemos então uma seqüência infinita x0, x1, x2, x3,... de valores aproximados de , sendo que xn será tanto mais próximo de  quanto maior for o índice n.

Tudo isso é verdade desde que a função y = f (x) e o número  satisfaçam certas condições que não vamos discutir aqui, mas que o leitor interessado pode encontra em livros de Análise Numérica, como os que  citamos ao final deste artigo.

Na Fig. 1 a função y = f(x) tem concavidade voltada para cima e x 0 > . Se x 0 < teríamos a situação ilustrada na Fig. 2. Sugerimos que o leitor faça gráficos análogos com a concavidade de f(x) voltada para baixo, considerando os casos x0 > e x0 < , para constatar que também nessas situações a visualização geométrica indica que a seqüência x0, x1, x2, ... parece convergir para .

Vamos agora deduzir uma fórmula que nos dê o valor  xi + 1 em termos de xi. Para isto basta notar, na Fig. 3, que:

 

  Ora, tg a = f ’(xi); logo

   

  Supondo f ’(xi) ¹ 0 isto nos dá

 

  donde obtemos o resultado procurado:

                   (1)


 

  Esse método que nos permite calcular recursivamente valores aproximados de  usando a fórmula (1) é devido a Newton. Ele é também chamado “método das tangentes”, devido à interpretação geométrica da Fig. 3. Vamos, a seguir, utilizá-lo no cálculo da raiz n-ésima.
 

 

     3. A raiz n-ézima

Encontra a raiz n-ézima de um número positivo C equivale a resolver a equação.

xn – C = 0.

Para isso basta usar a fórmula (1) com f (x) = xn – C. Neste caso, f’(x) = n x n –1 e a fórmula (1) nos dá:

Simplificando, vem:

 

ou ainda,

                 (2)
 

 

     4. Aplicações

  a)      Caso n = 2 (raiz quadrada). Neste caso fazemos n = 2 na formula (2), obtendo

 

que é a fórmula apresentada na RPM n.º 2. Vamos utilizar esta fórmula num caso concreto C = 2, começando com x0 = 1. Então,

 

Calculando também x3 e x4 podemos fazer a tabela seguinte:



Observamos que é impossível obter melhor resultado trabalhando com 8 casas decimais.

b)      Caso n = 3 (raiz cúbica). Neste caso a formula (2) Reduz a

 

que a nosso ver é uma opção bastante inteligente para se calcular a raiz cúbica, sem a necessidade de memorização de algoritmos intrincados.

Observamos, finalmente, que o cálculo da raiz n-ésima aqui exposto é apenas uma das inúmeras aplicações do método de Newton. Para um tratamento geral desse método, sua base teórica, condições de convergência e estimativas do erro, etc, recomendamos a leituras de livros de Análise Numérica, tais como:

Análise Numérica – Um curso Moderno, de Peter Albecht, LTC Editora.

  Elements of Numerical Analysis, de Peter Henrici, Editora John Wiley

 

 

Resposta: A altura da pirâmide

Marque no chão as sombras da ponta da vara V’e do cume da pirâmide P’. Algumas horas depois, marque novamente as mesmas sombras V’’ e P’’. Se a é a altura da vara  e x é a altura da pirâmide, então V’V”/P’P” = a/x, donde se obtém facilmente o valor de x.

 

Resposta: Problema sobre potencias

Pode-se ter ab racional, mesmo que a e b sejam números irracionais (positivos). Considere  Se o valor desta potencia for racional, está aí um exemplo, com e b = . Se, entretanto, for irracional, tomaremos  e b = . Então

Outro tipo de exemplo se obtém tomando um numero racional positivo arbitrário r=p/q e pondo b = logaritmo neperiano de r. Então eb = r, por definição de logaritmo. Basta agora mostrar que o numero b é irracional. Com efeito, se   da equação qn xm pn 0 com coeficientes internos. Isto é absurdo pois e é um número transcendente