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A RPM n.º 2 publicou uma justificativa para o algoritmo comumente usado para a extração da raiz quadrada, ao fim da qual, em um quadro, a Redação fez um síntese dos diferentes modos de se extrair essa raiz. Dentre estes foi mencionado e explicado o algoritmo retirado do “método das aproximações sucessivas” Este artigo pretende retomar aquela discussão e, a partir do método das aproximações sucessivas, fornecer um procedimento para o calculo da raiz n-ésima .
Vamos inicialmente considerar o problema geral de determinar os zeros reais de uma função real de variável real f (x), com derivada continua f’(x). Isto significa resolver a equação f (x) = 0. Seja a solução – ou uma das soluções – dessa equação, como a ilustra a Fig. 1 .
Escolhemos um número x0 que supomos arbitrário e diferente de . A seguir, determinamos x1, abscissa da intersecção com o eixo dos x da reta tangente à curva y = f (x) no ponto (x0, f(x)). De modo análogo construímos x2, a partir de x1; x3 a partir de x2; e assim por diante. Obtemos então uma seqüência infinita x0, x1, x2, x3,... de valores aproximados de , sendo que xn será tanto mais próximo de quanto maior for o índice n. Tudo isso é verdade desde que a função y = f (x) e o número satisfaçam certas condições que não vamos discutir aqui, mas que o leitor interessado pode encontra em livros de Análise Numérica, como os que citamos ao final deste artigo. Na Fig. 1 a função y = f(x) tem concavidade voltada para cima e x 0 > . Se x 0 < teríamos a situação ilustrada na Fig. 2. Sugerimos que o leitor faça gráficos análogos com a concavidade de f(x) voltada para baixo, considerando os casos x0 > e x0 < , para constatar que também nessas situações a visualização geométrica indica que a seqüência x0, x1, x2, ... parece convergir para .
Vamos agora deduzir uma fórmula que nos dê o valor xi + 1 em termos de xi. Para isto basta notar, na Fig. 3, que:
Ora, tg a = f ’(xi); logo
Supondo f ’(xi) ¹ 0 isto nos dá
donde obtemos o resultado procurado: (1)
Esse método que nos permite calcular
recursivamente valores aproximados de
usando a fórmula (1) é devido a Newton. Ele é também chamado
“método das tangentes”, devido à interpretação geométrica da Fig. 3. Vamos, a
seguir, utilizá-lo no cálculo da raiz n-ésima.
Encontra a raiz n-ézima de um número positivo C equivale a resolver a equação. xn – C = 0. Para isso basta usar a fórmula (1) com f (x) = xn – C. Neste caso, f’(x) = n x n –1 e a fórmula (1) nos dá:
Simplificando, vem:
ou ainda,
(2)
a) Caso n = 2 (raiz quadrada). Neste caso fazemos n = 2 na formula (2), obtendo
que é a fórmula apresentada na RPM n.º 2. Vamos utilizar esta fórmula num caso concreto C = 2, começando com x0 = 1. Então,
Calculando também x3 e x4 podemos fazer a tabela seguinte:
b) Caso n = 3 (raiz cúbica). Neste caso a formula (2) Reduz a
que a nosso ver é uma opção bastante inteligente para se calcular a raiz cúbica, sem a necessidade de memorização de algoritmos intrincados. Observamos, finalmente, que o cálculo da raiz n-ésima aqui exposto é apenas uma das inúmeras aplicações do método de Newton. Para um tratamento geral desse método, sua base teórica, condições de convergência e estimativas do erro, etc, recomendamos a leituras de livros de Análise Numérica, tais como: Análise Numérica – Um curso Moderno, de Peter Albecht, LTC Editora. Elements of Numerical Analysis, de Peter Henrici, Editora John Wiley
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