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No
fim do ano passado, a RPM
recebeu um artigo do Prof. Scipione Di Pierro Netto abordando o
conceito de ângulo. Ao ser apreciado pelo Comitê Editorial veio à tona
um problema que nós, professores de Matemática, enfrentamos com freqüência:
é melhor definir ângulo como uma região do plano, ou como uma reunião
de duas semi-retas? Ficou decidido que a RPM, em números consecutivos,
publicaria artigos defendendo cada uma das definições. Neste número
apresentamos uma defesa do conceito de ângulo como uma região de um
plano e agradecemos ao Prof. Scipione por ter levantado o problema. Definição:
Considere duas semi-retas de mesma origem, não opostas, contidas num
plano p.
Elas separam o plano p
em duas regiões, uma convexa que denominamos ângulo convexo, outra côncava que
denominamos ângulo
côncavo.
exclusivos
para cada um deles, a e b
como na figura, ou especificar de qual dos ângulos estamos
falando. Caso
as semi-retas sejam opostas teremos o plano dividido em dois semi-planos.
Denominamos cada um deles de ângulo
raso. Se as semi-retas são coincidentes dizemos que temos um
par de ângulos: um ângulo
nulo que se reduz a semi-reta e um ângulo de uma volta que é o plano
todo. Aqui deve-se notar a existência dos lados coincidentes. Em todos os
casos o ponto O é o vértice do ângulo. Em
seguida atribui-se medida
ao ângulo. Define-se então o grau sexagesimal. Ângulos
convexos apresentam medidas menores do que 180o; ângulos côncavos,
medidas maiores do que 180o. Ao ângulo raso atribui-se 180o,
ao ângulo nulo, 0o e ao ângulo de uma volta, 360o. Muitas
são as situações em sala de aula nas quais o conceito de ângulo como
região do plano facilita o entendimento. Vejamos dois casos: Exemplo
1: Na figura abaixo
temos um pentágono inscrito na circunferência. Determine o valor da soma
O
aluno deve reconhecer os ângulos de medidas
x e
y
como ângulos inscritos e lembrar-se do teorema que relaciona o ângulo
inscrito com o ângulo central correspondente. Muitos estudantes ficam em
dúvida no momento de identificar o ângulo central correspondente ao ângulo
de medida x. Quando podemos dizer que o ângulo central correspondente é
aquele cujo arco está “dentro” do ângulo inscrito (o que é possível
por ser uma região plana) conseguimos melhorar o entendimento. Superado
esse ponto podemos escrever:
e concluir que
. Uma
solução mais criativa para esse problema é apresentada na figura a
seguir: Notando
o quadrilátero inscrito ABCE
e lembrando que seus ângulos opostos são suplementares, temos:
ou
.
Exemplo
2:
Consideremos o estudo do cone circular reto na Geometria Métrica. É
extremamente educativo nesse estudo produzir modelos dos sólidos. Nesse
caso a planificação da superfície lateral do cone é um setor circular.
Como devemos apresentar várias formas para o cone é interessante
construir um “chapéu chinês”. A materialidade do ângulo côncavo
aqui é, então, decisiva para o entendimento. Novamente temos a relevância
do ângulo como região plana.
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