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Roberto Ribeiro Paterlini
Os
problemas de máximos e mínimos constituem um dos tópicos mais
interessantes da Matemática do ensino médio. Os professores ensinam aos
estudantes alguma técnica para encontrar o ponto extremo de funções
quadráticas e depois apresentam os mais diversos problemas envolvendo
tais conceitos. Por exemplo: Um
sitiante dispõe de uma tela de arame com 100
m de comprimento, com a qual deseja
fazer um cercado retangular. Quais devem ser as dimensões do cercado para
que sua área seja máxima? Para
a solução, se x
é um dos lados do cercado, o outro é
, já que o perímetro precisa ser igual a 100. Então a área é
, e para terminar o problema é necessário encontrar a abcissa do ponto máximo
da função quadrática A. Uma
das maneiras mais utilizadas para o cálculo do ponto extremo de uma função
quadrática
é a aplicação da fórmula
, onde
é o discriminante da
função. Percebi que a grande maioria dos estudantes egressos do ensino médio
utiliza esse método. É também o método preferido dos livros-textos,
nos quais a fórmula do ponto extremo aparece como uma conseqüência do
completamento do quadrado. Esse
método é muito bom para treinar os estudantes em manipulações algébricas
com polinômios. Mas existem outros procedimentos, de sabor mais geométrico,
que apresentamos aqui. Também
mostramos que esses procedimentos podem ser utilizados em problemas nos
quais é preciso encontrar pontos extremos de outros tipos de funções.
No
problema anterior, as raízes de
são 0 e 50, cujo ponto
médio é 25. Como o gráfico de
é côncavo para baixo,
o ponto extremo é ponto de máximo, e sua abcissa é então
. Concluímos que o cercado deve ser um quadrado de lado 25. Vemos
nesse exemplo que a forma da função
facilita bastante o cálculo
de
. Mas esse não é um caso tão particular, conforme será mostrado a
seguir. Vamos atentar inicialmente para a seguinte observação:
No
caso de funções quadráticas, podemos usar essa observação conforme
exemplificamos a seguir. Consideremos
a função
. Para calcular
tomamos a função
, obtida de f
pela eliminação do termo constante. Temos
, cujas raízes são dadas por
e
, ou
. A média das raízes 0
e 1400 é
700, que é a abcissa do ponto extremo
de g.
Aplicando essa observação, 700
é também a abcissa do ponto extremo de
f, no caso um ponto de mínimo. Em
geral, dada uma função
, com
, consideramos a função
, cujas raízes são
0 e
. O ponto médio das raízes é
, que é abcissa do ponto
extremo de f. Voltamos assim à fórmula já conhecida, mas por um caminho
diferente.
Um
valor y
está na imagem de uma função quadrática
quando a equação
tem solução para
IR.
Isso ocorre quando o discriminante
dessa equação for
ou quando:
De
qualquer forma a ordenada do ponto extremo é
, conforme já sabemos. Segue
um exemplo. Uma
empresa vendia mensalmente 200
unidades
de um produto a R$ 80,00 cada. Observou-se que, para cada real de desconto no preço de uma peça,
eram vendidas 10
peças a mais. Calcule o
maior faturamento possível. Se x é
o desconto, o faturamento é
Como
o coeficiente de
é negativo, sabemos que
F tem
valor máximo. Para calculá-lo resolvemos a equação
, do
que resulta
. Esse é o faturamento máximo.
O
método desenvolvido acima pode se aplicar a funções de outros tipos,
por exemplo funções racionais de grau 2 ou funções polinomiais de grau
3. A aplicação do método depende da possibilidade de se resolver a equação
em
x.
Dessa forma, alguns problemas que são tradicionalmente abordados
nos cursos de Cálculo Diferencial e Integral de uma variável podem ser
estudados com o uso de ferramentas mais simples. Seguem dois exemplos
significativos. Exemplo
1. Um
paciente ingere um remédio no instante t
= 0
. A concentração do remédio no sangue do paciente no instante
t pode ser representada pela função
C(t) = 20t / (t2
+ 4)
para
. Calcule o instante em que a concentração é máxima. Um
valor y
está na imagem de C
se a equação
tiver solução para
. Essa equação equivale a
, e temos que a solução existe quando
ou
. Observando que
se e somente se
, vemos que a imagem de C para
é
. Portanto o valor máximo de C é 5. Para obter
o instante t em que ocorre esse
valor resolvemos, em t, a equação
, do que resulta
. Assim, a concentração é máxima para
.
Exemplo
2. Dentre
os retângulos de área dada A, determinar o que tem menor perímetro.
Um
valor y
está na imagem de P
se existir solução para a equação
. Essa equação equivale a
, que tem solução se
, ou se
ou
. Considerando que
para
, a imagem de P
é . Assim sendo,
é o menor valor de
P. Para
determinar o retângulo de menor perímetro, resolvemos a equação
em
a, do que resulta
. Então
, e o retângulo deve ser um quadrado. Referências BibliográficasSarna,
A. Max and Min Problems Using the
Discriminant. The Mathematics Teacher, vol. 89, no
7, outubro de 1996. |