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Os
leitores da RPM que estão
hoje na casa dos 30, muito provavelmente tiveram seus primeiros contatos
com a Matemática aprendendo noções sobre conjuntos e estruturas algébricas.
As idéias da chamada Matemática Moderna que surgiram na década de 60
recomendavam que essas noções fossem introduzidas no início do
aprendizado. Essa onda durou até o final dos anos 70 e teve opositores
ferrenhos e defensores exaltados. Na
edição latino-americana da revista Time
de 25 de agosto de 1997 o cenário está pronto para uma nova
batalha que promete repetir aquela que se travou envolvendo a Matemática
Moderna. Na reportagem intitulada This
is Math? a revista
descreve os novos métodos que vêm sendo utilizados nos Estados Unidos,
especialmente no estado da Califórnia. O
objetivo seria tornar a Matemática mais interessante para o estudante,
trocando a tabuada e a memorização de teoremas pela discussão de
problemas em grupo utilizando calculadoras e materiais didáticos
apropriados. O
novo método, chamado de matemática inventiva
ou iterativa, pretende ensinar as crianças a pensarem por si mesmas,
contribuindo assim para desenvolver
seu raciocínio
matemático. Os
opositores, que chamam ironicamente o método de
new new Math,
argumentam que os estudantes podem estar gostando muito dos jogos e
problemas, mas que é questionável se eles estão mesmo aprendendo
alguma coisa. O
governo americano que está investindo 10 milhões de dólares por ano
no novo programa espera que ele contribua para melhorar o desempenho dos
estudantes americanos com relação aos seus colegas dos tigres asiáticos. Para
acalmar os pais enraivecidos que reclamam que bons estudantes precisam
de uma calculadora para saber quanto é 10% de 470, o estado da Califórnia
está propondo aulas tradicionais de Matemática como opção no currículo
escolar.
É
interessante observar que, quase sempre, situações como essa
conduzem a uma radicalização de posições. De um lado, os
proponentes do novo método, com o objetivo de convencer a
comunidade (e também de obter recursos para o projeto), adotam a
posição dogmática de que fora dele não existe salvação. Por
outro lado, os oponentes partem do princípio de que as novas idéias
não passam de um amontoado de asneiras. Do ponto de
vista prático isso impossibilita chegar a um consenso intermediário
que permita o aproveitamento de uma ou outra eventual boa idéia que
porventura o novo sistema possa conter. Resta-nos
aguardar os acontecimentos lembrando a experiência passada com a
Matemática Moderna e o filósofo Santayana, segundo o qual os povos
que não aprendem com sua história estão fadados a repeti-la.
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