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1.
Pergunte a um aluno seu: qual é o melhor método para calcular a raiz
quadrada de um número (positivo)? O mais provável
Comecemos com um outro problema, muito mais simples: calcular
2.
Voltemos então à questão da raiz quadrada. Introduzindo no visor o
número 24, por exemplo, e apertando a tecla
Na realidade, pode-se mostrar que, sendo
n um natural, então
Existem diversos métodos para calcular a raiz quadrada de um número
positivo, a partir apenas das
quatro operações elementares. Todos eles envolvem, de um modo ou de
outro, um processo de aproximações sucessivas, a partir de uma
aproximação inicial (ver, por exemplo, [1] e [2]). Mas será que algum
processo conseguirá produzir uma descrição completa,
finita e
inequívoca da raiz quadrada de um número? Veremos que sim!
3.
Para introduzir o processo que pretendemos considerar aqui, vamos partir
de um exemplo: calcular
Mais uma vez:
Vamos resumir o que temos até agora:
Como
z
repetiu
x, então, a partir daí, o processo começa a repetir os mesmos
resultados, isto é, estamos com um fenômeno periódico. Na realidade, o
que descobrimos foi uma seqüência de aproximações racionais para
Por causa disso, escrevemos:
4.
Diversas coisas que aconteceram nesse exemplo correspondem, na verdade,
a fatos de natureza geral.
(a)
O tipo de desenvolvimento que surgiu no exemplo considerado é o
que se chama de
fração contínua (simples), e pode ser feito para qualquer
número real positivo, resultando num desenvolvimento finito, se o número
for racional, ou infinito, se o número for irracional.
Exemplos:
(b)
As sucessivas aproximações racionais que se obtêm no processo são
chamadas convergentes. De
fato, elas formam uma seqüência que converge à raiz quadrada do número
de partida. Além disso, os convergentes
são, alternadamente, aproximações
por excesso
e por
falta de
(c)
Para um número da forma
A justificativa desses fatos, bem como de outros que serão aqui
apresentados sem demonstração, é trabalhosa, porém “elementar”, e pode
ser encontrada em [4] ou em [5].
5.
A natureza sistemática do processo descrito sugere que haja um algoritmo
que gere rapidamente os
convergentes. De fato, há. Para o exemplo da
A primeira coluna contém os valores que são obtidos pelo processo
descrito no exemplo. Os valores da segunda e da terceira colunas podem
ser obtidos (independentemente) a partir dos da primeira, por uma lei de
formação simples. Especificamente, cada valor
p da segunda coluna é
obtido em função dos dois valores anteriores de p
e do valor correspondente de
a, segundo a regra:
Para a obtenção da terceira coluna, isto é, os
q’s, a regra é análoga:
Os 0’s e
1’s que foram
colocados artificialmente nas duas primeiras linhas servem para obter,
pela mesma regra, os valores iniciais de p
e
q:
6.
À luz dessas observações, vejamos outro exemplo:
Portanto, o processo está encerrado, pois teremos:
Os convergentes podem ser achados pelo artifício de sempre:
7.
Algumas categorias especiais de naturais podem ser tratadas de uma forma
generalizada.
Portanto,
A fração contínua para
Seus convergentes são:
O leitor poderá mostrar, como um interessante exercício, que
Trabalhando
em outros
casos, o leitor vai constatar
também que, de
um modo
geral, os
períodos podem
ser muito
mais longos
do que os encontrados nos exemplos vistos até aqui. Por exemplo:
8.
Um dos métodos mais utilizados (ver [2]) para obter a raiz quadrada de
um número
n
a partir apenas das quatro operações é o processo iterativo
definido por:
Desde que o valor inicial
Os valores dessa seqüência (após o primeiro) são justamente os
convergentes de ordem
(1)
Contrariamente às aproximações expressas por decimais, as frações
contínuas fornecem uma representação periódica para
(2)
As frações contínuas permitem muitas outras elaborações (ver [4] e
[5]), tais como: discutir a ordem de aproximação de irracionais por
racionais; mostrar a existência de números transcendentes; discutir e
resolver equações em várias variáveis e números inteiros; e assim por
diante.
Referências Bibliográficas
[1] Barone Jr., M. O algoritmo da
raiz quadrada,
RPM 2, p. 23.
[2] Carneiro, J.P. Cálculo numérico da raiz quadrada, Boletim do GEPEM, 27, 2o
semestre, 1990.
[3] Figueiredo, D. Números irracionais e transcendentes, Sociedade Brasileira de
Matemática.
[4] Níven, I. & Zuckerman,
Introducción a la Teoria de los Números México: Editorial
Limusa-Wiley, 1969.
[5] Olds, C.D. Continued fractions,
The Mathematical Association of America, 1963.
[6] Lima, E.L. Voltando a falar
sobre dízimas,
RPM 10, pág. 23.
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