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Nelson Tunala
Recentemente, um jovem aluno de graduação em Matemática pediu-me que o ajudasse a solucionar a última questão da prova de Matemática, proposta no Concurso Público ao Magistério Estadual do Rio de Janeiro, realizado em 1990 (veja as questões dessa prova nas RPMs 19 e 20). No conjunto dos vértices do polígono convexo definido por:
x+ y
tem como valor máximo o número: A) 2 B) 3 C) 6 D) 9 E) 12 Uma sugestão e alguns lembretes foram o bastante para que nosso colega rapidamente elaborasse a solução e se desse por satisfeito.
Encontrado o conjunto V = {(0,1), (0,3), (1,0), (3,0)} dos vértices do polígono, verifica-se facilmente, por inspeção, que o valor máximo da função linear k (x,y) = 3x+ 2y ocorre para (x,y) = (3,0). Assim, o valor máximo procurado é k (3,0) = 9 (opção D). Da maneira como foi proposta, a questão não apresenta grandes dificuldades, uma vez que o conjunto onde se deseja maximizar a função linear k é facilmente determinado e, além disso, possui apenas quatro elementos. Em nossa opinião, o problema ficaria muito mais interessante, exigindo inclusive um maior exercício de investigação, se o início do enunciado fosse alterado para: Na região poligonal convexa definida por... Curiosamente, como veremos, a solução ótima obtida não será alterada, já que nenhum ponto interior de uma região poligonal convexa pode ser extremante de uma função linear restrita a esse domínio. Com efeito, se existe um extremante, ele é, via de regra, um vértice do polígono; excepcionalmente, todos os pontos de um lado do polígono podem ser extremantes da função. Problemas dessa natureza pertencem a um ramo fascinante da Matemática Aplicada denominado Programação Linear.
De um modo geral, um problema de
otimizaçâo de uma função sujeita a vínculos estabelecidos pode sempre
ser reduzido a um equivalente de maximização. De fato, um problema
de minimização pode sempre ser transformado em um outro de
maximização, uma vez que se
Diante do exposto, problemas de otimização de uma função linear de duas variáveis reais, sujeita a vínculos de restrição igualmente lineares, possuem a seguinte formulação:
onde
A função linear
A título de ilustração, considere-se, no plano, o problema de otimização acima. A solução geométrica é facilmente obtida, se utilizarmos o seguinte algoritmo: P1. Esboce a região R definida pelas desigualdades.
O ponto Q
= (x*, y*) é o maximizante do problema, de modo que a solução ótima
(máximo de Os exemplos a seguir ilustram a utilização de algoritmo.
Do passo 1 do algoritmo, resulta a região R de soluções viáveis (figura acima).
Executando-se os passos seguintes do
algoritmo, construímos, sucessivamente, o segmento orientado
Com a intenção de simplificar a figura,
utilizamos o fator de escala t= 1/3, uma vez que a escolha natural
(3, 5) para
No passo 2, lembremos que o par (x*, y*)
que minimiza
Embora o subconjunto S seja ilimitado
no sentido contrário a Observe que, com os mesmos dados, se esse problema fosse de maximização, a solução ótima não seria finita (exercício 13.5 de [1]).
Apresentamos neste artigo uma pequena introdução aos problemas de Otimização Linear no plano, com um procedimento geométrico para solucioná-los. Excelentes leituras adicionais dos tópicos aqui apresentados podem ser encontradas na seção 13 de [1] ou no capítulo 1 de [2] e [3]. Referências Bibliográficas [1] LIMA, E.L. Coordenadas no Plano. Rio de Janeiro: IMPA/VITAE, 1992. [2] MACHADO, H.V. Programação Linear. Rio de Janeiro: IMPA e 10.° Colóquio Brasileiro de Matemática, 1975. [3] MACULAN, N. e PEREIRA, M.V.F. Programação Linear. São Paulo: Atlas, 1990. |