AS IDÉIAS DA ÁLGEBRA
Organizadores; Arthur F. Coxford e Albert P. Shulte.
Editora Atual.
Título original: The ideas of
algebra K-I2
NCTM - The National
Council of
Teachers of Mathematics
|
|
Esse
livro é composto de 6 partes e 33 artigos, escritos por diversos
educadores de universidades dos Estados Unidos, Austrália, Canadá, Israel
e México.
Os artigos tratam do
ensino da álgebra, no 1.º e 2.° graus, discutindo problemas ou
dificuldades de aprendizado e apresentando ótimas idéias para resolvê-los.
Exemplificando, citamos alguns artigos: "Ensinando expressões algébricas
de maneira significativa"; "Logaritmos, calculadoras e o ensino da álgebra
intermediária"; "Dificuldades dos alunos com o conceito de função"; "Das
palavras à álgebra: corrigindo concepções erradas"; "Cálculo das raízes de
um polinômio com computador"; "Erros comuns em álgebra"; etc.
Além disso, há 24
problemas, inseridos entre os capítulos do livro, do tipo "você é capaz de
resolver?", que se sugere sejam apresentados aos alunos na sala de
aula.
Para dar
uma idéia melhor do espírito do livro, adaptamos parte de um dos artigos,
"Uso de polinômios para surpreender", que o leitor pode ler na pág. 2
desta RPM. Ele nos pareceu particularmente interessante e atraente
para os alunos, podendo ser usado na sala de aula como motivação para
aritmética polinomial.
Ana Catarina Pontone Hellmeister
AH APANHEI-TE! Paradoxos de Pensar e Chorar por
mais... |
Martin Gardner
Coleção: O Prazer
da Matemática, Gradiva
Esse
livro é a tradução portuguesa de Aha! Gofcha: Paradoxes to Puzzie and
Delight, que é um clássico entre os livros de divulgação da
Matemática. Martin Gardner foi, durante muitos anos, o responsável pela
coluna de jogos matemáticos da conceituada revista Scientific American.
Nesse livro, todo dedicado
aos paradoxos, o autor nos apresenta os principais paradoxos com os quais
nos deparamos nas várias partes da Matemática. O livro é dividido em 6
capítulos, cada um abordando um tipo diferente de paradoxo.
O capítulo
1 menciona os
paradoxos dos mentirosos, do cartão, de pessoas que só falam verdades, de
barbeiros que barbeiam a si mesmos, etc. (são os paradoxos semânticos ou
de Teoria dos Conjuntos). O capítulo é formado por 18 parágrafos,
que variam de uma a três páginas, recheados de ilustrações simples mas
espirituosas. Os textos são curtos e de fácil leitura e, além dos exemplos
mencionados, são apresentados e discutidos alguns paradoxos mais recentes,
como o de Newcomb. Também há "explicações" que podem ser dadas em termos
da Teoria dos Tipos ou através da idéia de metalinguagem.
Os demais capítulos seguem
a mesma estrutura de organização, embora dedicados a diferentes temas:
A Teoria dos Números
aparece no segundo capítulo, no qual além de conhecidas perguntas sobre
infinitos e truques sobre números inteiros, discute-se a interessante
questão de se armazenar todo o conteúdo de uma enciclopédia numa vareta de
madeira através de um entalhe gravado nela.
O capítulo 3 é dedicado à
Geometria, e um parágrafo excelente é aquele em que vemos uma figura com
15 duendes, que se transformam em 14 por um simples rearranjar de
pedaços; é realmente intrigante.
O capítulo 4 cuida das
dificuldades com que nos deparamos ao tratar questões de probabilidades
sem o devido cuidado: argumentos falaciosos em jogos, apostas e situações
do cotidiano (por que quando estamos nos andares altos de um prédio o
elevador que para é sempre o que está subindo?) são analisados com o
estilo bem-humorado do autor.
No capítulo 5 o tema é
Estatística, e aprendemos entre outras coisas que o "improvável" é
"altamente provável", além de conhecermos o interessante "paradoxo
eleitoral" (tema tratado na RPM 16, pág. 10).
O último capítulo trata
dos paradoxos sobre tempo, movimento e "tarefas impossíveis". Além dos
conhecidos paradoxos de Zenão e contradições das viagens no tempo, temos a
história da minhoca que caminha 1 cm por segundo sobre uma
corda elástica de 100 000 cm, corda que aumenta 100 000 cm a cada segundo; ainda assim, a minhoca consegue chegar na outra
extremidade da corda! Esse livro contém 244 páginas do mais puro
prazer de raciocínio.
Cláudio Possani
Howard Eves
Editora da UNICAMP
Já se
disse que a Matemática é ao mesmo tempo rainha e serva das ciências. Com
efeito, ela tem significado próprio, como corpo de saber autônomo; e
também permeia todas as disciplinas do conhecimento, fazendo-se nelas
presente como instrumento decisivo de sua construção e desenvolvimento.
Foi Pitágoras, na
Antiguidade, quem primeiro percebeu, ainda de maneira pouco definida, que
o universo que habitamos é regido por leis matemáticas precisas. Mas foi
só a partir de uns 400 anos atrás que a revolução científica tomou impulso
e passou a caminhar com intensidade sempre crescente, esclarecendo e
provando a tese pitagórica. Por causa dessa revolução, nossa visão atual
do mundo é bem diferente daquela de apenas três séculos atrás, quando o
sistema solar era praticamente todo o universo. Sabemos hoje que somos uma
parcela ínfima de uma enorme galáxia, dentre bilhões de outras que se
espalham por todo o espaço. O microcosmo também foi desvendado nos últimos
cem anos. E na Biologia encontramos descobertas surpreendentes que mudaram
radicalmente nossa visão acerca do mundo e de nós mesmos, como a teoria da
evolução no século XIX e o código genético há menos de meio século.
Todo esse progresso e
muito mais, no domínio das ciências exatas, seria impensável sem a
intervenção direta ou indireta da. Matemática. Mas sua ação vai além,
permeando as artes, as humanidades e a Filosofia. (Veja nosso artigo na
RPM 27.) Assim, ela é instrumento essencial na mais abrangente
concepção que hoje formamos do universo e do homem. E ela também nos
permite compreender o alcance e as limitações de nossa inteligência e do
nosso conhecimento.
Uma apreciação adequada
desse importante papel da Matemática no conhecimento humano requer que
seu aprendizado mostre, ao mesmo tempo, seu desenvolvimento ao longo dos
vários períodos históricos e suas interações com outras áreas científicas.
Daí a necessidade, em particular, do estudo da evolução das idéias,
principalmente nos cursos de licenciatura, para dar aos futuros
professores uma visão mais ampla da disciplina que vão ensinar.
A História da Matemática, propriamente dita, exige muito de quem a ela se
dedica em termos de experiência e conhecimento. Estudar obras do passado
não é tarefa fácil, seja no original, seja em versões mais facilitadas de
autoria de estudiosos competentes. E um tal estudo não pode se restringir
apenas ao lado pitoresco e ameno, como as biografias e as pequenas
histórias que cercam os personagens da História maior. Nem sempre se deve
negligenciar a parte mais substancial ligada ao surgimento e
desenvolvimento das idéias. E nessa tarefa o estudioso tem de se
familiarizar com a história da civilização, que é o pano de fundo sobre o
qual se desenha o fascinante jogo da invenção e da descoberta.
O livro de Howard Eves,
que ora vem a público em língua portuguesa, atende muito bem às várias
exigências de um estudo de História da Matemática. Essa última versão da
obra traz valiosos Panoramas Culturais, que descrevem, como o
próprio nome diz, os aspectos da cultura dos diferentes períodos em que se
desenvolveram as idéias matemáticas. Isso ajuda muito o leitor a se situar
no ambiente da época e a bem entender o desenrolar dos fatos.
Uma das
dificuldades com que freqüentemente se depara um professor de História da
Matemática, nos cursos de licenciatura, é a de encontrar problemas que se
possam propor aos futuros professores. Essa dificuldade não existe com o
livro de Howard Eves, pois ele traz um número substancial de problemas em
suas listas de Exercícios ao final de cada capítulo, muitos deles
tirados de textos escritos nos diferentes períodos históricos, portanto,
muito adequados para ilustrar aqueles tópicos que estão sendo estudados.
Um outro
ponto a enfatizar são as listas de Temas que também aparecem no final dos capítulos, todos sugeridos para desenvolvimento por parte
dos alunos. Como nos conta o próprio autor, na Introdução, muitos desses
temas foram utilizados por estudantes em vários cursos e deram origem a
dissertações e trabalhos de tão boa qualidade que acabaram sendo
publicados em conceituados periódicos especializados.
Para o professor de
História da Matemática as listas de exercícios e de temas são um
recurso valioso, pois lhe fornecem o material adequado para motivar os alunos a tomar iniciativa em trabalho independente.
O livro de Howard Eves é
de leitura suave e agradável. Ele apresenta o lado ameno e pitoresco das
biografias e das histórias, sem descurar a difícil análise das obras
matemáticas do passado. Por isso, será de muita utilidade a todos que se
interessam por um cultivo mais abrangente da Matemática e não apenas pelo
estudo isolado de capítulos especializados. Pelas suas qualidades
didáticas, certamente será útil em vários cursos universitários, mas
principalmente nos de licenciatura, nos quais um curso bem-estruturado de
História da Matemática é muito importante para uma formação mais completa
do professor.
Um outro ótimo livro de
História da Matemática, muito conhecido entre nós, é o de Carl Boyer,
traduzido para o português há mais de duas décadas. Cabe mencionar que o
texto de Howard Eves não duplica, mas complementa o de Boyer, já que os dois têm características distintas; e
ambos têm mérito largamente reconhecido e consagrado em seu país de origem,
os Estados Unidos.
A pessoa interessada pode
adquirir o livro (843 páginas) em livrarias, ou escrevendo diretamente à
Editora da Unicamp, Caixa Postal 6074, Campinas, SP, CEP 13083-970;
Preço na Editora: R$ 75,00.
Geraldo Ávila
|