Alciléa Augusto
Rio de Janeiro, RJ

Correspondência:
RPM
- Cartas do leitor
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    O Empréstimo

Respondendo à pergunta da RPM 29, p. 23, os colegas Rubens Teixeira Nóia, de São Paulo, SP, que acumula às suas funções de professor as de corretor de imóveis, e Guilherme Jordão de Magalhães Rosa, de Botucatu, SP, que se solidariza com o autor da pergunta por terem em comum o sobrenome, a profissão e a condição de "sem casa", afirmam que o empréstimo solicitado ao banco deve ser de R$ 93 333,33. A escritura passada por esse valor acusa um lucro imobiliário de R$ 53.333,33, acarretando o pagamento de um imposto de R$ 13.333,33. Pago o imposto, o vendedor ficará com seus 80 mil reais. Os colegas chegaram a esse número chamando de x o valor da nova escritura e resolvendo a equação a que x deve satisfazer: x (x 40.000) x 0,25 = 80.000. A colega Frima Kastansky Souza, aposentada do Inst. de Matemática da UFRJ, questiona o problema todo baseada em legislações sobre lucro imobiliário.

RPM Responde o autor da pergunta: "... é interessante pensar que, a rigor, o problema não tem solução Não lia como tomar 93.333,3... reais emprestados porque não há 1/3 de real E claro que, do ponto de vista prático, faz-se um arredondamento. Porém, pedindo um valor diferente de 93.333,3..., ou não se paga 25% do lucro imobiliário, ou não se fica com 80.000 reais, como pedia o problema"

 

     Racionalizar, por quê?

O futuro colega Luciano José F. da Silva, de Recife, PE, gostaria de ler algo sobre racionalização. Por que racionalizar? Quais as técnicas de racionalização?

RPM. O modo mais conveniente de escrever um número depende do que se pretende fazer com ele. Por exemplo, para obter o desenvolvimento decimal de 1/, a expressão racionalizada /2 é a mais apropriada. Com efeito, é mais simples calcular 1,414 / 2 do que 1/1,414. Ainda que se disponha de uma calculadora, há o problema de avaliar o erro no cálculo de 1/ quando se usa a aproximação de por 1,414. Sabendo-se que em 1,414 o erro de arredondamento é menor do que 2 x 10-4, conclui-se mais facilmente, a partir da expressão racionalizada, /2, que quando aproximamos  1/ por 0,707, o erro cometido é menor do que 10-4. Por outro lado, se em vez desse cálculo, o que se pretende é calcular (1/)2, então ó claro que o cálculo direto, sem racionalização, será mais simples. Exemplos dessa ordem ocorrem também em expressões algébricas.

Quanto às técnicas de racionalização, a RPM já publicou alguns exemplos, respondendo a perguntas dos leitores (RPM 5, pp 58-60). O leitor interessado, e que disponha de conhecimentos sobre polinômios de várias variáveis, pode ler o artigo de E. Brietzke, Racionalização de radicais, na revista Matemática Universitária 13, pp. 31-38, uma publicação da SBM.

 

     Bibliografia

O Amigo da RPM, Francisco Alves Batisfa, de Garanhuns, PE, pede a indicação de livros em que os conteúdos de Matemática do 1.° e 2° graus sejam apresentados na sua ordem natural, histórica e da compreensão lógica.

RPM Embora o conhecimento de um tópico não seja completo sem a sua localização na historia, é preciso lembrar que a compreensão da história do desenvolvimento de um conteúdo de Matemática é, às vezes, mais difícil do que o entendimento de seu contexto atual. Em alguns casos, também se distancia bastante de sua inserção lógica na situação presente Sendo assim, não cremos que haja, como o leitor solicita, a ordem natural para o aprendizado desses conteúdos. Existem textos, em português, que podem ser lidos na ordem em que a curiosidade, o nível de conhecimento e o interesse do leitor o dirijam. Citamos alguns deles, sabendo que existem muitos outros  As editoras Ática e Atual publicaram coleções de História da Matemática, respectivamente: Contando a História da Matemática (nível do l.° grau) e Tópicos de História da Matemática para o uso em sala de aula (nível do l.° e 2.° graus). A SBM tem a Coleção do Professor de Matemática (destinada a professores do 2.° grau) e a RPM já resenhou mais de 30 obras em sua seção Livros.