|
|
||||
Um colega de Jacarezinho, PR, resolveu a inequação sen x + cosx < 1 de dois modos e obteve respostas diferentes. Veja:
Respostas diferentes! E nos pergunta: Por quê? RPM: Gostaríamos de observar que, ao "quadrar" urna inequação com um ou ambos os termos negativos, podemos estar cometendo um erro, corno mostram os exemplos: 3 < 1, mas 9 < 1 é falso; - 3 < -1, mas 9 < 1 é falso. Portanto, para "quadrar" uma inequação devemos verificar se ambos os termos são positivos, caso em que a nova inequação decorre da anterior. Na 1.ª solução proposta, antes da passagem (3), temos:
é verdadeira para todos os valores de x no 3.° e 4.° quadrantes, salvo para x = 2 (quando vale uma igualdade). Suas soluções são, portanto, + 2k x < 2 + 2k. Como a inequação dada é equivalente a (I) ou (II), o conjunto solução é a união das soluções obtidas e coincide com a 2.ª solução do colega .
Um leitor de Fortaleza, CE, nos enviou o seguinte problema: Três automóveis executam uma volta completa em uma pista nos tempos de 10, 12 e 16 minutos, respectivamente. Sabendo-se que os três saem da origem e que o segundo saí 2 minutos após o primeiro e, ainda, que o terceiro sai 2 minutos após o segundo, em quanto tempo oe três vão encontrar-se novamente na origem? RPM: Talvez o grande "segredo" desse problema seja o seu equacionamento; assim, vamos fixar uma hora para a partida do primeiro e verificar o que acontece com cada um deles. O primeiro automóvel passa pela origem a cada 10 minutos; assim, após dar m voltas, ele passa pela origem 10 x m minutos após sua partida. O segundo automóvel passa pela origem a cada 12 minutos; assim, após dar n voltas, ele passa pela origem 2 + 12n minutos após a partida do primeiro automóvel. O terceiro automóvel passa pela origem a cada 16 minutos; assim, após dar p voltas, ele passa pela origem 4 + 16p minutos após a partida do primeiro automóvel. E aí os três vão passar juntos pela origem se: l0m = 2 + 12n = 4 + 16p, m, n, p IN. Devemos, portanto, procurar as soluções inteiras comuns às equações: (1) 10m = 2 + 12n; (2) l0m = 4 + 16p e (3) 2 +12n = 4 + 16p. Na RPM 19, pp. 39-47, o artigo Uma equação diofantina e suas resoluções ensina como resolver essas equações. Elas também podem ser resolvidas usando apenas critérios de divisibilidade. Soluções inteiras de l0m = 2 + 12n: Uma solução particular de 5m = l + 6n é m = 5 e n = 4. A solução geral é: m = 5 + 6k e n = 4 + 5k k Z. Portanto, os dois primeiros carros encontram-se novamente aos 50 minutos (k = 0), 110 minutos (k = 1), e assim por diante, após a partida do primeiro. Soluções inteiras de l0m = 4 + 16p: Uma solução particular de 5m = 2 + 8p é m = 2 e p = l. A solução geral é. m = 2 + 8k e p = 1 +5k k Z. Portanto, o primeiro e o terceiro carro encontram-se novamente aos 20 minutos (k = 0), 100 minutos (k =s 1), e assim por diante, após a partida do primeiro. Soluções inteiras de 2 + 12n = 4 + 16p: A equação é equivalente a 6n = 1 + 8p, que não tem soluções inteiras já que 6n é par e 1+8p é ímpar. Portanto, o segundo e o terceiro carro nunca mais se encontram na origem. E, daí, a resposta ao problema proposto: nunca .
Um leitor de Maranguape, CE, pede-nos para mostrar que: Dentre todos os triângulos de mesmo perímetro, o de maior área é o equilátero. RPM: Vamos apresentar duas soluções. 1.ª solução Em primeiro lugar, vamos provar que, fixado um dos lados, por exemplo, a, e o perímetro 2p=a+ b + c, o triângulo de maior área é o isósceles (isto é, aquele para o qual b = c). Temos b + c = 2p a = constante, e queremos saber quando o valor da área A do triângulo ABC é máxima.
Como a está fixado, A é máximo quando h o for. Ora, como a soma das distâncias do ponto A aos pontos B e C é b + c, que é constante, os possíveis pontos A percorrem urna elipse de focos B e C e eixo maior b + c. Além disso, h é igual à distância do ponto A à reta suporte do segmento BC; logo, h é máximo quando A estiver na mediatriz do segmento BC, ou seja, quando b = c. Admitamos, agora, a existência de um triângulo de perímetro fixado 2p e de área máxima. Denotemos por a, b, c os lados, de modo que a b c Fixemos o lado b. Da demonstração acima, temos a = c. Daí concluímos que a = b = c e o triângulo é equilátero. 2.ª solução Da fórmula de Heron para a área de um triângulo, temos:
Utilizando a desigualdade das médias geométrica e aritmética (veja o artigo Duas médias na RPM 18, p. 43), temos:
e o máximo, p/3, é atingido se, e só se,
Portanto, o triângulo é equilátero e a área máxima fica igual a:
Sob o titulo acima, o colega Sandro Sponchiado, de Pato Branco, PR, nos descreve, segundo ele, "um daqueles 'galhos' nos quais o professor corre o risco de se confundir todo". Numa aula no 2.º grau, foi feita a análise dimensional da fórmula a = R , onde a é a aceleração tangencial, R , o raio do círculo e 7, a aceleração angular: [a] = L .T -2 , [R]= L e [] = rad.T -2 e resultou L .T -2 no primeiro membro e L.rad.T -2 no segundo membro. Como explicar? RPM: Para entender o que acontece, lembramos a definição de medida de um ângulo em radianos: A medida de um ângulo em radianos é a razão entre o comprimento do arco — determinado pelo ângulo em um circulo cujo centro é o vértice do ângulo — e o comprimento do raio do círculo. A definição se justifica, pois essa razão é constante, se mantivermos o ângulo e variarmos o raio do círculo centrado no vértice do ângulo.
e a medida de é radianos. Então a dimensão do radiano é L .L-1, ou seja, radiano é um adimensional. Voltando ao problema inicial: [] = L.L-1. T -2 = T -2 e não [] = rad.T -2 , o que resolve o impasse .
|