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José Carlos Putnoki, (o Jota), SP, telefonou para um editor da RPM, dizendo que havia ficado muito surpreso ao ver, na RPM 21, a demonstração do Teorema de Tales, usando áreas. Ele, como muitos outros professores, sabia que o Teorema de Tales era um teorema "delicado" e não podia acreditar que houvesse uma demonstração tão simples. Examinando a demonstração, logo encontrou o "erro": no cálculo da área do triângulo AB'C', o autor usava como base, uma vez, o lado AB' e, outra vez, o lado AC. Mas que a área de um triângulo independe do lado considerado decorre da semelhança de triângulos e, portanto, do Teorema de Tales. Conclusão: a demonstração usava a tese. Estava "furada". Poucos dias depois, Jota telefonou novamente. Disse que após ter descoberto o "erro" ainda ficara insatisfeito. A RPM deixaria passar um erro desses? Resolveu consultar alguns livros de Geometria (Euciides, Hadamard, Moise (o Advanced)) e logo viu que há outras maneiras de demonstrar que a área de um triângulo é o semiproduto de qualquer lado pela respectiva altura, sem usar semelhança, ou seja, Tales. Observou, porém, que todas as demonstrações decorriam de resultados anteriores e que, em algum desses resultados, sempre aparecia o problema "delicado" dos segmentos incomensuráveis. Tendo-se convencido de que a demonstração feita na RPM estava correta, restou uma reclamação: A RPM devia ter alertado o leitor que as coisas não eram tão simples assim: o problema "delicado" apenas tinha sido empurrado para outro lugar. RPM: Com a palavra o autor do artigo, E. Wagner:
Este é o nó a que me refiro acima. A existência de algum nó desse tipo na construção da Geometria Plana é inevitável. Felizmente, podemos mudar de lugar essa dificuldade. Se demonstrarmos, por exemplo, o seguinte teorema:
Para todo real
positivo a, a área de um quadrado de lado a é a2,
toda a
Geometria pode ser construída sem necessidade de nenhuma outra "passagem ao
limite". Repare que é muito fácil provar (e nas escolas não se costuma ir
além)
que a área de um quadrado de lado a é a2, quando a
é racional. Entretanto, não é claro
que a área de um quadrado de lado
Outro teorema que resolve todos os inconvenientes é o seguinte:
Se
f :
IR
Este teorema é realmente o âmago da questão. Acho, entretanto, que sua demonstração não tem cabimento nas turmas comuns do 2.°grau. Não vejo inconveniente em adotar este resultado (como axioma), que na verdade é bastante intuitivo, pois, no fundo, define as grandezas proporcionais. A partir daí, podemos transitar em terreno sólido seja qual for o caminho que se resolva seguir. Afirmações do tipo "B decorre obrigatoriamente de A" são perigosas. No nosso caso, basta ler Medida e forma em Geometria de Elon Lages Lima, pp. 18-20. A livre escolha da base do triângulo (ou paralelogramo) para o cálculo da sua área aparece muito antes do Teorema de Tales, ou melhor, da semelhança de triângulos. Existe ainda outra forma de mostrar que o produto base x altura é constante nos triângulos. Mostra-se que esse produto é o mesmo nos paralelogramos a partir da versão plana do Princípio de Cavalieri. A demonstração do Teorema de Tales na RPM 21 não tem, portanto, nenhuma incoerência intrínseca. Ela é fácil, conveniente e boa, e sua coerência depende, é claro, das ferramentas construídas anteriormente pelo professor.
A RPM 22,
p.15, afirma que esta equação é do 2.° grau e um aluno do curso de
graduação da UNICAMP escreve-nos, preocupado com "tão grave erro",
afirmando que esta equação é do 3° grau pois se reduz a i3
+ i2
RPM:
Estritamente falando, define-se grau de uma equação quando ela é da forma
P(x)
= 0, em que P é um polinômio.
Ora, a equação acima não está nesta forma,
logo, qualquer referência a seu grau deve ser entendida num sentido
amplo.
E quanto à
aplicação do método das aproximações sucessivas? Em geral, a aplicação
deste método exige mesmo certos cuidados. No presente caso, basta que se
tome a primeira aproximação positiva para que esteja garantida a
convergência para
a única raiz estritamente positiva. Isto se deduz, por exemplo, do aspecto
do gráfico das funções
O colega José Geraldo dos Santos Rodrigues, de Cuiabá, MT, escreve-nos observando que o mesmo número em que a RPM afirma que a abreviação de quilómetro é km (RPM 22, p. 55) estampa na figura da primeira página uma distância escrita com K! RPM: A página 55 está certa e os revisores - que somos nós mesmos - pedem desculpas pelo lapso. Nosso desenhista, a esta altura, já deve ter lido a RPM 22 e já deve ter aprendido que o certo é escrever 400 km. Manoel H. C. Botelho, SP, estranhou o desenho da p. 55. Se fosse o de uma placa indicando velocidade máxima, ela diria 60 km/h. Se estivesse indicando uma distância, traria o nome de um local ou locais. Mas, a da p. 55..., será que existe uma igual? RPM: Nunca vimos uma igual. Ainda bem que nossos leitores estão atentos!
A respeito de carta publicada nesta seção na RPM 20, p. 62, o colega Davi de O. Fróis, GO, lembra que a RPM já publicou citações sem se referir a fontes, dando como exemplo a p. 45 da RPM 7. RPM: O colega tem razão. Nós, entretanto, temos aprendido de lá a esta parte, e queremos nossa Revista cada vez servindo melhor ao leitor. Hoje, o professor brasileiro já dispõe, em português, de alguns bons livros de História da Matemática, podendo fundamentar suas citações em obras especializadas e confiáveis. Esperamos também que os autores de livros didáticos sigam o mesmo caminho, deixando bem clara a distinção entre fatos historicamente comprovados, fatos prováveis e lendas ou anedotas. Para isso, nada melhor do que a citação de fonte especializada!
É o que mostram as três soluções que nos foram enviadas, do problema resolvido na RPM 22, p. 59, todas por semelhança de triângulos. A primeira solução que chegou foi a de Ricardo Klein Hoffmann, de Porto Alegre, RS.
Jorge Luiz Dias de Frias, do Rio de Janeiro, RJ, enviou a solução do professor Benjamin e a dele próprio.
A do
professor Benjamin começa por verificar
que o segmento que une C a O é bissetriz do ângulo
C, donde: BS = 12k e AS = 15k. Como AS +
BS = 9, vem k = 1/3 e BS = 4. Os triângulos
OGC e SBC são semelhantes, donde 4/12 =
r
/
(12
A solução do professor Frias começa construindo o retângulo OEFH e considerando a semelhança entre os triângulos OGH e ABC, donde tira que r / GH = 9 /12. Da semelhança entre os triângulos HFC e ABC tira que r / HC = 9 /15. Como 3r + GH + HC = 12, dá também para concluir que r = 2 .
O engenheiro Benedito Madeira Sobrinho, Diretor da Divisão de Estudos e Projetos do DERT do Estado do Ceará, ex-professor e ainda supervisor de Matemática em alguns colégios de cidades que visita por injunção funcional, ao contribuir para o Grupo Amigos da RPM, envia palavras de estímulo à equipe que publica a Revista, finalizando com o seguinte parágrafo: "Tenho usado muito a RPM como um farol a balizar novos horizontes neste desafio permanente que é ensinar, resolver problemas e vencer obstáculos matemáticos". RPM: Nossa gratidão a este e a tantos outros leitores que nos escrevem com palavras de estímulo e contribuições em várias formas.
Vários são os
leitores que sugerem que a RPM publique mais assuntos de aplicação da
Matemática. Jussara Denise Quintal, de Paulínia, SP, pede uma seção com
recursos que despertem o interesse e o gosto dos alunos pela matéria. O
pai de
estudante, Diobel Gomes Travessa (RPM 22, p. 58), desta vez fala
dos muitos jogos oficiais
no Brasil, em especial da recém-criada Tele-sena, que gostaria de ver analisada
à luz da Teoria das Probabilidades. Oedih Kawata apresenta como
aplicação das equações do
segundo grau um problema de pagamento parcelado, que foi objeto de artigo na
RPM
22 (sua carta é anterior à distribuição da RPM 22): "Uma loja vende um
aparelho de som, cujo preço à vista é de 288 mil cruzeiros, em 2 prestações
mensais iguais de 200 mil cada uma, vencendo a primeira um mês depois da
compra. Qual é a taxa de juros
embutida nesta transação?". E o autor do referido artigo (RPM 22, p. 13) apresenta uma equação de grau
n, que poderá ser resolvida
pelo método de Newton (das
aproximações sucessivas), que permite calcular a taxa de juros compostos de uma compra feita com
pagamento parcelado, o primeiro deles ocorrendo um mês depois da
compra: se V
é o
valor da compra à vista,
p
o valor de cada uma das
n
prestações,
i
a
taxa de juros,
k = V
/
p
e a = 1
+ i, vale a equação: k an+1
O autor do
artigo Pagamento Parcelado, Hideo
Kumayama.,
sugere que o
professor leve seus alunos a reduzirem, sempre que possível, o número de
"toques", dando como exemplo um
RPM: De fato, a calculadora já faz parte da vida da grande maioria de nossos estudantes e deve ser usada na escola. O aluno precisa, entretanto, saber a tabuada para lidar com operações entre números baixos, necessárias ao cálculo da ordem de grandeza, bem como levar em conta os arredondamentos.
O colega Paulo Argolo, do Rio de Janeiro, RJ, pediu a um dos editores da RPM uma prova para o resultado: "Se S é uma sequência determinada pela obtenção dos divisores de um número natural n através do dispositivo prático usual (na decomposição de n em fatores primos não havendo necessidade de se partir do menor para o maior fator, ou vice-versa, o essencial é que se esgote sucessivamente cada fator), então o produto de dois termos de S, equidistantes dos extremos, é igual a n; além disso, se S tem uma quantidade ímpar de termos, seu termo central será a raiz quadrada de n". Gostou tanto da resposta que sugere sua publicação em forma de artigo. RPM: O leitor estaria interessado em vê-la publicada?
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