Elon Lages Lima
IMPA - Estr. D. Castorina
110 - 22460 – Rio de Janeiro – RJ

Continuo a discussão de pontos controvertidos e conceitos que podem ocasionar dúvidas, referente a assuntos que são ensinados no primeiro e no segundo grau. Novamente sugiro que enviem suas perguntas para meu endereço no:

Instituto de Matemática Pura e Aplicada
Edifício Lélio Gama
Estrada Dona Castorina, 110
CP 22460 – Rio de Janeiro – RJ

Hoje falaremos sobre dízimas periódicas, números complexos e o número e. Eis as indagações que responderemos.

 

     Que significa a igualdade

Esta é uma das dez perguntas que apresentei no folheto de lançamento da RPM, visando dar uma idéia de como seria a seção “Conceitos e Controvérsias” da nova Revista.

Depois disso, os leitores Mário Servelli Rosa (de São Paulo, SP), Eliane M. S. Montese Silva (de Ubá, MG) e Leni Brandão Barletta (de Bragança Paulista, SP) escreveram pedindo que eu esclarecesse o sentido de igualdades do tipo 1 = 0,999... ou 32,8 = 32,7999...

Há, de fato, motivo para perplexidade nas fórmulas acima. Examinemos, uma a uma, as igualdades

 

Na primeira delas, temos uma fração ordinária irredutível, cujo denominador não é uma potência de 10, igual a algo que nos parece uma fração decimal. Na segunda, temos um número inteiro igual a uma fração decimal (ou algo semelhante). Na terceira, vemos duas frações decimais de aspectos diferentes mas declaradas iguais. Certamente há razão para dúvidas. Como ensinar isso a nossos alunos sem antes entendermos bem o que estamos querendo ensinar?

O problema todo se situa nas expressões que aparecem nos segundos membros das igualdades acima: as chamadas “dízimas periódicas”. Se as interpretarmos corretamente, as dificuldades desaparecerão.

As dízimas periódicas surgiram como um recurso para socorrer a quem procura realizar a tarefa impossível de transformar certas frações ordinárias, como 1/9, 3/11 ou 4/15 em frações decimais.

Uma fração decimal é, por definição, uma fração (ordinária) cujo denominador é uma potência de 10. Assim, por exemplo, 3/10, 152/100 e 13/1000 são frações decimais.

Algumas frações, como 3/5, 7/20 e 6/25, não são, estritamente falando, decimais (pois seus denominadores não são potências de 10) mas podem ser escritas como (isto é, são equivalentes a) frações decimais. Assim, temos:

Por outro lado, não existe fração decimal alguma equivalente à fração irredutível 3/11. Com efeito, as únicas frações equivalentes a 3/11 são as da forma 3n / 11n, obtidas multiplicando-se o numerador 3 e o denominador 11 pelo mesmo número natural n. Ora, qualquer que seja nossa escolha de n, o denominador 11n jamais será uma potência de 10. O mesmo raciocínio se aplica às frações 1/9 e 4/15.

Mais geralmente, o argumento acima prova que um fração irredutível cujo denominador contenha algum fator primo diferente de 2 ou 5 não é equivalente a uma fração decimal. (Pois 2 e 5 são os únicos fatores primos que ocorrem numa potência de 10).

Desde a publicação da Aritmética do holandês Simon Stevin (em 1585), sabe-se da grande vantagem prática das frações decimais. É fácil escreve-las; é trivial compara-las; é muito mais fácil realizar com elas as operações aritméticas usuais do que efetuar as mesmas operações com frações ordinárias (principalmente somar e subtrair). Pode-se mesmo dizer, sem cometer exagero, que o uso das frações decimais foi um grande fator de progresso para a Astronomia, para a Navegação e, conseqüentemente, para a Humanidade, de um modo geral. Para que tal adoção se desse foi necessário, entretanto, encontrar um meio de representar qualquer fração sob forma decimal.

Um momento: não vimos acima que nenhuma fração decimal é equivalente a 3/11? É verdade. Mas, mesmo assim, 3/11 pode ser escrita “sob forma decimal”. O segredo está em admitir frações decimais ilimitadas.

Vejamos como.

A maneira bem conhecida de transformar uma fração ordinária como 3/11 em fração decimal consiste em escrever 3 como 3,0 ou 3,00 ou 3,000 etc. (o número de zeros fica a nosso critério) e efetuar a divisão por 11. Se tomarmos 4 zeros, por exemplo, obteremos o quociente 0,2727 e, no lugar do resto, aparece o algarismo 3. Isto quer dizer que o resto é 0,0003 (já que fomos até décimos milésimos). Como o dividendo é igual ao divisor vezes o quociente mais o resto, temos

  3,0000 = 11 x 0,2727 + 0,0003.

Dividindo ambos os membros desta igualdade por 11 e escrevendo 0,0003 sob forma de fração ordinária, obtemos:

Isto quer dizer que, se substituirmos a fração ordinária 3/11 pela fração decimal 0,2727, cometeremos um erro igual a 3/110 000. O mesmo raciocínio mostra que, em geral, se em lugar de 3/11 escrevemos a fração decimal 0,2727...27 (com o “período” 27 repetido n vezes) o erro cometido será um fração cujo numerador é 3 e cujo denominador é 11 x 102n. Este erro se torna cada vez menor, a medida que n cresce. Tomando n suficientemente grande, podemos tornar o erro tão pequeno quanto desejemos.

Assim, as frações decimais

(*) 0,27    0,2727   0,272727 etc.

constituem valores aproximados da fração ordinária 3/11. Quanto maior for o número de algarismos decimais tomados, menor será o erro cometido (isto é, melhor será a aproximação). Por isso, quando escrevemos:

não estamos afirmando que 3/11 = 0,2727. As reticências no fim do símbolo 0,2727... significam que ele não representa uma única fração decimal, mas a seqüência infinita de frações decimais (*) acima, as quais são valores aproximados de 3/11.

Agora podemos entender o que significam as igualdades enunciadas no começo deste tópico. Na “dízima periódica” 0,111... as reticências são fundamentais. Elas indicam que 0,111... não é a fração decimal 0,111 e sim seqüência infinita de frações decimais

0,1   0,11   0,111   0,111 etc.

Cada uma dessas frações decimais é um valor aproximado par 1/9. Tomando um número suficientemente grande de algarismos decimais, podemos tornar esta aproximação tão precisa quanto desejemos. Por exemplo, escrevendo 0,11111 em vez de 1/9 estaremos cometendo um erro igual a

  .

Explicação análoga vale para a igualdade 1 = 0,999... A seqüência infinita de frações decimais

  0,9   0,99   0,999   0,9999 etc.

fornece valores aproximados para o número 1. Por exemplo, a diferença 1 – 0,999999 é igual a 1 milionésimo.

Finalmente, a igualdade 32,8 = 32,799... significa que a diferença entre 32,8 e 32,799...9 (com n algarismos iguais a 9) pode ser tornada tão pequena quanto se deseje, desde que se tome um número n suficientemente grande.

Com esta discussão, esperamos ter esclarecido o significado da igualdade que encabeça este tópico, bem como das outras duas, sugeridas pelos colegas que nos escreveram.

Mas, para encerrar o assunto, convém lembrar que nem todas as frações decimais infinitas são periódicas. A periodicidade só aparece quando procuramos representar uma fração ordinária (número racional) sob forma decimal. Mas há certos números importantes em Matemática, como , e, , etc. que não são racionais, isto é, não podem ser expressos como quociente de dois números naturais. Eles são chamados números irracionais. Cada um deles é representado por uma fração decimal infinita não-periódica.

Vejamos , por exemplo. Este número é, por definição, a área de um círculo de raio1 (ou, se preferirem, o comprimento de uma circunferência de raio 1/2) .

Inscrevendo no círculo de raio 1 polígonos regulares cujo número de lados tomamos cada vez maior, as áreas desses polígonos representam valores aproximados para a área do círculo, isto é, para o número . Por esse método, ou por outros métodos muito mais sofisticados, conhecem-se hoje valores aproximados de p com erros extremamente pequenos. Mais ainda: desde o tempo de Arquimedes (cerca de 250 anos antes de Cristo) se conhecem algoritmos (isto é, processos sistemáticos de cálculo) que permitem determinar frações que aproximam com a precisão que se deseje. Quando, por exemplo, escrevemos p = 3,14159265... devemos entender que o segundo membro desta igualdade representa uma seqüência infinita de frações decimais cujos primeiros termos são

  3   3,1   3,14   3,141   3,1415    3,14159 etc.

Cada fração desta seqüência representa um valor aproximado de , ou seja, da área do círculo de raio 1. Além disso, os algarismos de cada fração são exatos, isto é, só se pode obter uma aproximação melhor, por falta, acrescentando novos algarismos decimais, sem alterar os que já estão lá. Na seqüência acima não haverá periodicidade, uma vez que já foi demonstrado (de maneira teórica, com base na Análise Matemática) que p não é um número racional. Considerações análogas podem ser feitas sobre os números e, , etc.

 


 

     Qual destes números é o maior?

Resposta: nenhum dos dois, porque o corpo ¢ dos números complexos não é ordenado.

Lembremos que um conjunto X diz-se ordenado quando está definida entre seus elementos uma relação de ordem, ou seja, uma relação binária x < y, com as seguintes propriedades:

 

1)  Dados arbitrariamente x e y em X, ou se tem x < y, ou y < x, ou x = y, cada uma dessas possibilidades excluindo as demais (tricotomia).

2)   Se x < y e y < z então x < z (transitividade).

Posta esta definição, cabe a pergunta: o que impede alguém de ordenar o conjunto ¢ dos números complexos? Por exemplo, o que estará errado se tomarmos em ¢ a “ordem do dicionário”? Esta ordem é a seguinte: dados os números complexos w = a + bi e z = c + di quando a < c) e, naturalmente, põe-se z < w se c < a. Quando, porém, se tem a = c, apela-se para a parte imaginária, ou seja, diz-se que w < z quando b < d e z < w no caso de d < b. As propriedades 01 e 02 são facilmente verificadas para a ordem do dicionário, logo ela torna o conjunto ¢ dos números complexos um conjunto ordenado. E agora?

Não há contradição. Qualquer conjunto pode ser ordenado (de muitas maneiras). Mas a resposta acima diz que ¢ não é um corpo ordenado.

Entre os números complexos estão definidas duas operações, adição e multiplicação, as quais são comutativas, associativas e a multiplicação é distributiva relativamente à adição. Além disso, todo número complexo z possui um inverso aditivo –z, caracterizado pela igualdade –z + z  = 0. E todo complexo z ¹ 0 tem um inverso multiplicativos z -1, tal que zz -1 = 1. Por causa dessas propriedades diz-se que o conjunto ¢ dos números complexos é um corpo.

O conjunto dos números racionais e o conjunto R dos números reais também são corpos em relação às operações de adição e multiplicação usuais.

Um corpo ordenado é um corpo no qual se definiu uma relação de ordem “compatível” com as operações de adição e de multiplicação, ou seja, com as seguintes propriedades:

CO1) Se x < y então x + z < y + z para todo z no corpo;

CO2) Se x < y então xz < yz para todo z > 0 no corpo.

Por exemplo, a definição “x < y quando y – x é um número positivo” faz do corpo R dos números reais um corpo ordenado (o mesmo ocorrendo com o corpo Q dos racionais).

Por outro lado, a ordem do dicionário, que definimos acima no conjunto ¢ dos números complexos, não faz de ¢ um corpo ordenado. Com efeito, ela cumpre a condição CO1), ou seja, é compatível com a adição de números complexos, mas não cumpre a condição CO2). Para comprovar esta afirmação, observemos primeiro que, na ordem do dicionário, os números complexos maiores do que zero são os que ou têm parte real positiva ou são da forma z = 0 + bi = bi com b > 0. Em seguida, notemos que vale 2 + 3i < 3 + 2i na ordem do dicionário mas, multiplicando ambos os membros desta desigualdade pelo número complexo “positivo” 2 – 3i obtemos 13 < 12 – 5i, uma desigualdade falsa na ordem do dicionário.

A resposta que demos no início significa que NENHUMA relação de ordem entre os números complexos pode tornar ¢ um corpo ordenado. Como se prova isto? De modo simples, como conseqüência dos seguintes argumentos:

 

a)      Num corpo ordenado, tem-se x > 0 se, e somente se, – x < 0.

Com efeito, supondo x > 0 e somando –x a ambos os membros, obtém-se 0 > x, ou seja, x < 0. Reciprocamente, se x < 0, somando x a ambos os membros vem 0 < x, ou seja, x > 0.

 

b)  Num corpo ordenado, o quadrado de todo elemento não nulo é positivo, isto é, x 0 implica x2 > 0.

Com efeito, sendo x 0, deve-se te x > 0 ou x < 0. No primeiro caso, multiplicando ambos os membros da desigualdade x > 0 pelo elemento positivo x, obtemos x2 > 0. No segundo caso, segue-se de a) que –x > 0. Pelo primeiro caso, tem-se (-x)2 > 0. Mas (-x)2 = x2, logo x2 > 0 em qualquer caso.
 

c)      Em todo corpo ordenado, 1 é positivo, logo –1 é negativo.

Com efeito, 1 é o quadrado de 1, logo 1 > 0 (por b) e daí –1 < 0 (por a)).

 

d)      Nenhuma relação de ordem torna o corpo ¢ dos números complexos um corpo ordenado.

Com efeito, temos –1 = i2. Se ¢ fosse um corpo ordenado, o número –1 seria negativo em virtude de c) e positivo em virtude de b), uma contradição.

 

     O número “e”: por quê?  

A noção de logaritmo quase sempre nos é apresentada, pela primeira vez, do seguinte modo: “o logaritmo de um número y na base a é o expoente x tal que ax = y”. Segue-se a observação: “os números mais freqüentemente usados como base de um sistema de logaritmos são 10, que é a base do nosso sistema de numeração, e o número e = 2,71828182...” Isto nos deixa intrigados.

De saída, uma pergunta ingênua: esta regularidade na seqüência dos algarismos decimais deste número persiste? Não. Apenas uma coincidência no começo. Um valor mais preciso seria 
e = 2,718281828459...

Não se trata de uma fração decimal periódica. O número e é irracional, isto é, não pode ser obtido como quociente e = p/q de dois inteiros. Mais ainda: é um irracional transcendente. Isto significa que não existe um polinômio P (x) com coeficiente inteiros, que se anule para x = e.

Por que então a escolha de um número tão estranho como base de logaritmos?

Mesmo depois de aprender que  

a indagação ainda persiste: o que faz esse número tão importante? Isto é o que procurarei responder aqui.

Talvez a resposta mais concisa seja que o número “e” é importante porque é inevitável. Surge espontaneamente em várias questões básicas.

Uma das razões pelas quais a Matemática é útil às Ciências em geral está no Cálculo (Diferencial e Integral), que estuda a variação das grandezas. E um tipo de variação dos mais simples e comumente encontrados é aquele em que o crescimento (ou decrescimento) da grandeza em cada instante é proporcional ao valor da grandeza naquele instante. Este tipo de variação ocorre, por exemplo, em questões de juros, crescimento populacional (de pessoas ou bactérias), desintegração radioativa, etc. Em todos os fenômenos desta natureza, o número e aparece de modo natural e insubstituível. Vejamos um exemplo simples.

Suponhamos que eu empreste a alguém a quantia de 1 cruzeiro a juros de 100% ao ano. No final do ano, essa pessoa viria pagar-me e traria 2 cruzeiros: 1 que tomara emprestado e 1 dos juros. Isto seria justo? Não. O justo seria que eu recebesse e cruzeiros. Vejamos por que. Há um entendimento tácito nessas transações de que os juros são proporcionais ao capital emprestado e ao tempo decorrido entre o empréstimo e o pagamento. Assim, se meu cliente dinheiro mais seis meses, à taxa de 100% ao ano, logo deveria pagar-me

cruzeiros no fim do ano. Isto me daria 2,25 cruzeiros mas, mesmo assim, eu não acharia justo. Eu poderia dividir o ano num número arbitrário n de partes iguais. Transcorrido o primeiro n, segue-se que o justo e exato valor que eu deveria receber pelo meu cruzeiro emprestado

Mais geralmente, se eu empresto c cruzeiros a juros de k% ao ano, transcorridos t anos eu devo receber de volta c.eat cruzeiros, onde a = k/100. Para maiores detalhes e outros exemplos, relativos a desintegração radioativa, crescimento populacional, etc., veja o livrinho “Logaritmos”, de minha autoria, publicado pela S.B.M.

Os logaritmos que tem base e são às vezes impropriamente chamados de “logaritmos neperianos”. Na realidade, os logaritmos originalmente introduzidos por Napier tinham por base o número a = (1 – 10-7)7. Aliás, para sermos mais exatos, o verdadeiro “logaritmo neperiano” do número x era igual a 

É mais apropriado chamar logaritmos naturais aos logaritmos de base e. Euler os chamava de logaritmos hiperbólicos, pelo seguinte motivo. Consideremos a função f: R+ R, definida por f(x) = 1/x. Seu gráfico é um ramo de hipérbole eqüilátera. Para cada número real a > 0, seja  a faixa de hipérbole formada pelos pontos de plano cujas coordenadas (x, y) satisfazem às desigualdades 0 y 1/x   e   1 x a  (se a 1) ou   a x 1 (se a 1).

A área de  é igual ao logaritmo natural de a se for a 1 e a esse logaritmo com sinal trocado se for a 1. Em particular, o número e é a abscissa tal que tem área igual a 1. O fato de que a área da faixa de hipérbole  é igual ao logaritmo natural de a pode ser tomado como definição de logaritmo e permite desenvolver a teoria, a partir daí, de modo simples e elegante. Esta abordagem é adotada em nosso livro acima citado.

“O logaritmo hiperbólico pode ser caracterizado pela igualdade log (1 + x) = x, para todo número infinitamente pequeno x.” Esta frase é de Euler. Evidentemente, na teoria habitual dos números reais, não há números infinitamente pequenos. O que Euler quis dizer é que log(1 + x) e x são “infinitésimos equivalentes” ou, de modo mais preciso, que

 

Esta igualdade só é verdadeira quando a base do sistema de logaritmos é o número e. Se tomarmos logaritmos numa base a teremos

 

onde c é o logaritmo natural de a. Na verdade, esta fórmula é um caso particular do fato de que a derivada da função log x é igual a c/x. Aqui tomamos log x numa base a qualquer. Se a base for e então a derivada de log x será 1/x. (No caso geral c = logea). Mais uma vez, vemos que a base e é mais “natural”.

 

O máximo em paranóia  

O eminente matemático inglês G. H. Hardy (1877-1947) tinha algumas idéias fixas. Uma delas era a de demonstrar a chamada “hipótese de Riemann” (um famoso problema sobre variáveis complexas, até hoje não resolvido). A outra era de que Deus era seu inimigo pessoal e o perseguia incessantemente. Certa feita, ao regressar de uma viagem à Dinamarca, num barco pequeno e mar bravio, enviou de bordo um telegrama a seu amigo,  o matemático Harald Bohr, em Coponhague, contendo a mensagem: “Consegui provar a hipótese de Riemann”. Seu raciocínio era o seguinte: se o navio naufragasse (coisa que ele muito temia), ele passaria à História como tendo resolvido um dificílimo problema matemático, todos supondo que sua demonstração afundara com ele. Como, entretanto, Deus o odiava, não ia permitir que isso acontecesse; protegeria a viagem e ele chegaria são e salvo à Inglaterra.