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Há algum tempo, o professor Sidney Luiz Cavallanti mostrou-me a equação
e fez a seguinte observação: apesar de, no decorrer da resolução, elevarmos as equações somente a potências ímpares (duas elevações ao cubo), ainda assim, surpreendentemente, aparece uma raiz falsa. Por quê? Antes de mostrar como o professor Sidney resolveu a equação, vejamos o porquê da sua surpresa. Sabemos que
mas a recíproca desta afirmação só é verdadeira se n for ímpar. Isto é,
É fácil ver que a
propriedade xn = yn
Estes fatos aparecem nitidamente quando, no final do 1° grau, resolvemos com nossos alunos as equações irracionais. Vejamos um exemplo: Resolver
As passagens 2, 3 e 4 são equivalências, mas a recíproca da implicação 1 não é verdadeira. E por isso que, após resolvermos a equação, "testamos" as raízes encontradas, para ver se elas, de fato, satisfazem a equação inicial. No exemplo, 6 é raiz de (2), mas 2 não é. Portanto, estamos acostumados com o aparecimento de "falsas raízes" na resolução de equações irracionais. Mas, no exemplo que o professor Sidney apresentou, o fato de aparecer uma "raiz falsa" era estranho, pois a resolução da equação exigia apenas que seus membros fossem elevados ao cubo e sabemos que, em IR,
x3
= y3
Vejamos como o professor Sidney resolveu a equação:
Elevando ao cubo, obtemos
o termo entre parênteses vale 1 (é a própria equação (1)!) E, portanto, x = 0 ou a: = 1. Verifica-se, por substituição em (1), que 1 é .solução, mas 0 não é. Onde e por que apareceu esta falsa raiz? Sugiro que o leitor tente responder a esta pergunta antes de prosseguir. Observe que x = 0 não é solução das equações (1), (2) e (3), mas é solução das equações a partir de (4). Na verdade, (1), (2) e (3) são equivalentes entre si (possuem o mesmo conjunto solução), e as equações de (4) a (9) também são equivalentes entre si, mas (3) e (4) não são equivalentes. Foi nesta passagem que fizemos algo "ilícito".
O
que fizemos para passar de (3) a (4)? Ora, usamos novamente a equação (1)
substituindo Vejamos um exemplo onde este fato é mais evidente: x = 2 (o conjunto solução é {2}), 2 = x ( equivalente a de cima). Substituindo uma na outra, obtemos x = x, cujo conjunto solução é IR! Assim, o aparecimento de uma raiz falsa não está ligado ao fato de a equação ser irracional nem as potências que tomamos, e sim. ao procedimento da resolução. Uma palavra sobre a abordagem deste tema em sala de aula: o "truque" utilizado na passagem de (3) para (4) é útil, pois "limpou" a equação, mas não é uma equivalência - não podemos perder de vista a equação original. Situações como esta são comuns, por exemplo, na trigonometria quando usamos, numa equação, a identidade sen2 x + cos2 x = 1. Vamos ilustrar o aparecimento de falsas raízes através de mais dois exemplos:
x = 1
Se elevarmos ambos os membros ao cubo, teremos:
x = l
(substituindo
x por 1
x3
= 1
Outro exemplo: x = 1.
x
= 1
(substituindo x por 1)
x2
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