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Era uma vez um solitário senhor que, ao chegar à sua aposentadoria. refugiou-se numa pequena cidade do interior a criar galinhas. Não conversava com ninguém. Um dia, ao caminhar por uma poeirenta estrada de terra que levava a uma cidade próxima, ao dobrar uma. curva, nosso solitário personagem encontrou, sentado à beira do caminho, um velhinho de barbas brancas. (Historieta que se preze não pode deixar de ter um velhinho de barbas brancas, é ou não é?) Meio perdido, o solitário perguntou ao velhinho: - Por favor, quanto tempo levarei para chegar ao Patrimônio do Seu Zé Guedes? O velhinho não respondeu. Nova pergunta e novo silêncio. Desistindo do diálogo, o homem solitário continuou sua marcha. Mal andou cerca de trinta metros quando o velhinho respondeu, em alto tom de voz: - O senhor vai levar meia hora até chegar ao Patrimônio de Seu Zé Guedes. Surpreso pela tardança da resposta, o solitário homem, voltando-se, perguntou ao velho o porquê da demora: - Demorei para poder verificar o seu ritmo e a sua velocidade de caminhar. Ainda mais surpreso pela filosófica resposta, ó homem solitário procurou aproveitar a experiência daquele idoso e perguntou: Meu sábio senhor, ajude-me. Qual a fórmula do bom relacionamento humano? Confesso que nunca tive muitos amigos e hoje sou um homem solitário. Mas quero mudar. Qual a fórmula para ser feliz? A resposta veio direla e clara: - Saia a perguntar quanto é um mais um. Quando souber a resposta, você estará preparado para ser feliz. O homem solitário saiu a procurar pessoas para responder à questão de quanto dá um mais um. Tão logo chegou à cidade encontrou um grupo de alunos saindo de uma escola e fez a pergunta. A resposta de um dos jovens foi: - Um mais um dá dois. Mas o senhor não sabia? E ainda andam dizendo que os jovens atuais são despreparados!
O homem solitário concordou com a resposta do jovem mas, como a ordem do velhinho era correr o mundo a perguntar, fez a pergunta a mais uma pessoa. Agora foi a um professor de Física da mesma escola de onde saíram os meninos. A resposta do professor de Física foi: - Um mais um d á sempre valores entre 0 e 2. Falo isso baseado na Matemática Vetorial. Vejamos um exemplo. E desenhou o esquema a seguir.Uma pergunta duas respostas, pensou o homem solitário. Mas sua missão era perguntar e lá se foi ele. Ao passar pela Prefeitura, foi conversar com uma simpática, assistente social, especializada em trabalhos comunitários. A pergunta foi a mesma de sempre: Quanto é um mais um? A assistente social não pestanejou: Excelente pergunta. Respondo com segurança. Dá sempre mais do que dois. Minha segurança vem de inúmeros trabalhos comunitários de que participei. Duas pessoas trabalhando juntas produzem mais do que a soma do trabalho de duas pessoas trabalhando sozinhas. Era a terceira resposta a uma única e aparentemente simples pergunta. Recolhidas as três respostas, o hornem solitário voltou ao local onde encontrara o velhinho para fazer-lhe um relato da experiência. Encontrou o velhinho e fez o seguinte balanço: Dois é uma razoável, mas surpreendentemente não única resposta para o seu problema. Quero entretanto contar que para encontrar essa resposta ouvi varias pessoas, vi que não existe unanimidade de opiniões, mas mais importante foi que, para poder ouvir esses depoimentos, tive que comversar com estranhos, vencer a minha timidez. Procurar conversar, dialogar, essa foi a resposta que eu queria para vencer meus problemas de relacionamento. Obrigado, bom velhinho. Aqui acabaria a nossa pequena história, não fosse o fato de os originais deste trabalho terem caído nas mãos amigas de Nogueira, meu colega de trabalho, que, ao lê-los, não perdoou: Botelho, e o velhinho, quem era? Ainda não consegui encontrar essa resposta. Se meus leitores souberem quem era o velhinho, favor mandar cartas aos cuidados da RPM .
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