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Rizio Sant'Ana
Só existem cinco triângulos que tenham perímetro numericamente igual à área, quando fixamos a unidade e exigimos que os lados do triângulo tenham medidas inteiras.
Sejam a,b,c as medidas dos lados de um triângulo na unidade fixada, p o perímetro e s o semiperímetro. Então, impondo que a área e o perímetro sejam medidos pelo mesmo número (perímetro na unidade e área na unidade ao quadrado), teremos:
Demonstremos que o perímetro tem que ser par. Ora,
• ou um dos lados é ímpar e os outros dois lados são pares; • ou a, b e c são, os três, ímpares; em qualquer dos dois casos, a raiz quadrada do numerador é ímpar e p não pode ser inteiro. Então o perímetro é sempre par, e s é inteiro, o que acarreta serem x, y, e z também inteiros. 1. O triângulo não pode ser eqüilátero. Nesse caso x = y z e, por (I), 4(3x) = x3 ou x2 = 12, o que não produz número inteiro para x. 2. O triângulo não pode ser isósceles. Nesse caso z = y, por exemplo, e (I) se transforma em 4(x + 2y) = xy2 ou xy2 8y 4x = 0, donde y, para ser inteiro, vai depender de que 4+x2 seja um quadrado perfeito, o que não acontece para nenhum x > 0, inteiro. 3. Então x, y e z são inteiros e diferentes e o triângulo será escaleno. Façamos sempre z>y>x 1; x não pode valer zero, porque senão a = s e não existe triângulo. Então o menor x é 1, se possível.
Outros valores de y ou não produzem z inteiros, ou produzem z < y.
Qualquer outro valor de a: terá y < x para z ser inteiro. Lembrando que a = y + z, b = x + z, c = x + y, podemos escrever:
Estes lados definem os únicos cinco triângulos que satisfazem as condições exigidas. NR. O argumento acima estuda as possíveis soluções inteiras estritamente positivas da equação (I). A interpretação geométrica encontrada não é tão natural, entretanto. Com efeito, um triângulo que tenha lados medindo 10, 8 e 6 unidades terá, como acabamos de ver, perímetro numericamente igual à área nessa unidade. Construa, então, um triângulo com 10, 8 e 6 cm de lados e torne a medir seus lados em milímetros: ele terá, agora, um perímetro de 240 mm e área de 2400 mm2. O fenômeno da igualdade desapareceu! De fato, na equação de partida
pensados como medidas, o 1° membro dá o número de unidades e o 2° dá o número de unidades ao quadrado. Há uma diferença na dimensão. Não só essa propriedade de coincidência numérica da área e perímetro não resiste à mudança de unidades como também ela não é privilégio de certos triângulos. De fato, dado um triângulo qualquer, existe sempre uma unidade de comprimento em que o perímetro seja o mesmo que a área: basta tomar o perímetro p' numa unidade u' qualquer e a área A' na unidade (u')2 e tomar a nova unidade u = (A' / p')u'. O leitor pode verificar que, na unidade u, o perímetro e a área do triângulo dado se medem pelo mesmo número. Acontece entretanto que, nem sempre, as medidas dos lados, nessa unidade u, serão números inteiros. 0 teorema do artigo prova que essas medidas só serão, as três, dadas por números inteiros se o triângulo de partida for semelhante a um daqueles 5 triângulos encontrados. Nesse contexto, eles são especiais.
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