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Maria Alice Gravina
Na minha experiência
como professora de alunos calouros do curso de Matemática da UFRS, constatei o
quanto os alunos vêm presos ao uso de tabelas na construção de gráficos de
funções. E isto faz com que percam a idéia
mais geral sobre o comportamento da função. Com a tabela o problema se reduz à
marcação de alguns pontos do gráfico através de avaliação em valores de x
(geralmente,
x
= 0, +1,
O que pretendo neste artigo é dar uma idéia de como podemos fazer nossos alunos de segundo grau, através de raciocínios simples, obterem informações sobre gráficos, especialmente sobre forma das curvas; a tabela entra como um recurso, mas não como o único recurso. Vamos aqui nos deter no estudo da função quadrática f(x) = ax2 + bx + c. Começaremos com a função quadrática mais simples e, gradativamente, chegaremos à função quadrática geral. Caso I: f(x) = x2 Observamos que conforme o valor absoluto de x aumenta, x2 aumenta mais rapidamente e, portanto, a curva no gráfico deve ser io tipo "voltada para cima". Com esta informação e mais a tabela obtemos o gráfico:
Caso
II:
f(x) =
O gráfico
desta função são os pares de pontos (x,
Localizamos o
ponto (x,x2), marcamos no eixo y o valor
Caso III: f(x) = ax2 Nesta situação vamos considerar os casos: 1. a > 0 Aqui o gráfico de f tem a forma de y = x2 , sendo exatamente igual quando a = 1. Usamos novamente o gráfico de y = x2 como auxílio (curva pontilhada nas figs. 3 e 4).
Localizamos o
ponto (x,x2), x
1.1 para a > 1, tomos ax2 > x2 e, portanto, o ponto (x,ax2) está acima de (x,x2), na mesma reta vertical. Isto significa que o gráfico de f está acima de y = x2, exceto na origem (fig.3). 1.2 para 0 < a < 1, temos ax2 < x2 e, portanto, o ponto (x,ax2) está abaixo de (x,x2), na mesma reta vertical. Isto significa que o gráfico de / está abaixo do gráfico de y=x2, exceto na origem (fig. 4).
2.
a
< 0
Caso IV: f(x) = x2 + h 0 gráfico de f tem a forma de y = x2 , sendo igual quando h = 0. amos usar este último gráfico como auxílio (curva pontilhada nas figs. 7 e 8). Localizamos o ponto (x, x2) e marcamos no eixo y o valor x2 + h. 1. Se h > 0, temos x2 + h > x2 , e portanto o ponto (x' = x2 + h) está acima de (x,x2), na mesma reta vertical. Vemos que o gráfico de f é obtido a partir de y = x2 deslocando-se este último de h unidades para cima (fig. 7).
2.
Se
h < 0 , com
raciocínio análogo ao anterior, vemos que o gráfico de
f é
obtido a partir de y=x2
deslocando-se este de
Vamos usar novamente o gráfico de y = x2 como auxílio (curva pontilhada nas figs. 9 e 10). Começamos marcando os valores x e x + k no eixo x, o ponto (x + k, (x + k)2) no gráfico de y=x2, e queremos localizar (x,(x + k)2). 1. Se k > 0, temos x < x + k e, portanto, o ponto (x,(x + k)2) se encontra à esquerda de (x + k,(x + k)2), na mesma reta horizontal. Vemos assim que o gráfico de f é obtido a partir de y = x2 deslocando-se este de k unidades para a esquerda (fig. 9).
2.
Se k < 0, com raciocínio análogo ao anterior, vemos que o
gráfico de
f é
obtido a
partir de
y =
x2, deslocando-se
este de
Caso VI: f{x) = a(x + k)2 + h Através dos casos analisados anteriormente obtemos facilmente o gráfico de f e o leitor já deve perceber que estamos no caso geral de função quadrática. Resolvemos o problema fazendo, sucessivamente, os gráficos de y = (x + k)2, y = a(x + k)2, y = a(x + k)2 + h, e para efeitos de figura vamos tomar a > 0. mais particularmente, a > 1 , k < 0 e h > 0 (figs. 11, 12 e 13):
O leitor deve se convencer que as demais possibilidades para o gráfico de f são: 1. a > 0
2. a < 0
Se a função quadrática for dada na forma f(x) = ax2 + bx + c, usamos o procedimento de completar quadrados:
sendo esta expressão final de
f do tipo
a(x + k)2 +
h, com k
= b/2a
e h = (4ac
1. as coordenadas do vértice V do gráfico:
Se a
> 0, o menor valor de f é
atingido em x =
Se a < 0, obtém-se analogamente as mesmas coordenadas para V. 2. as raízes da equação ax2 + bx + c = 0: O gráfico encontra o eixo x se e somente se
Vemos que esta equação tem raízes
quando b2
Neste final gostaria de salientar que as ideias usadas neste artigo podem se aplicar a outras situações. Uma vez conhecido o gráfico de y = f(x), obtemos facilmente os gráficos das funções y = f(x + k) , y = af(x) e y = f(x) + h.
Por exemplo, a partir de y
= xa
obtemos
o gráfico de y
= 2(x
Ainda da minha experiência, quero registrar que este tipo de abordagem para gráficos sempre entusiasma os alunos, pois deste modo eles enxergam a forma da curva e sentem-se seguros ao fazerem os traçados. Finalizo registrando os meus agradecimentos ao estudante Leonardo Gick, pelo seu trabalho na confecção dos gráficos apresentados no texto (original). NR. O trinôinio do segundo grau foi diversas vezes abordado na RPM. Ver RPM 4, p. 32, RPM 6, p. 36, RPM 12, p. 33, RPM 13, p. 18 e p. 21, entre outros.
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