Ainda os ponteiros do relógio

Carlos Gustavo Tamm de Araújo Moreira*
Aluno do Colégio Santo Inácio, Rio de Janeiro

Na RPM 3, p. 28 mostrou-se um teste de QI extremamente mal feito, que consistia no seguinte:

"Um relógio marca  8 horas e 20 minutos. Que hora marcará se trocarmos a posição do ponteiro grande com a do pequeno?"

A resposta é, logicamente, hora nenhuma. Mas isso nos leva a uma indagação: Em que situação podemos trocar a posição dos ponteiros de um relógio, e continuarmos com uma hora possível?
Para isso, façamos algumas considerações iniciais: Designemos a medida em graus do ângulo do ponteiro dos minutos com o raio que passa por 12 por m e o do ponteiro das horas por
h ,m ao marcarem h horas e minutos

Assim   m = 6m    e   h,m = 30h + m/2

Temos, necessariamente


Se pudermos trocar a posição do ponteiro das horas com o dos minutos, teremos também

__________
* v. Olimpíadas, p. 61.





 

Demonstração:


 

Observação:


NR.     O ângulo entre os ponteiros

Escreve o professor Jaibis Freitas de Souza, de Salvador, BA, que um aluno seu levou à sala de aula uma fórmula para calcular o menor ângulo , que os ponteiros de um relógio fazem, entre si, quando o relógio marca h horas e minutos.


 

     Amigo oculto

Carlos Gustavo Tamm de Araújo Moreira

Problema

Seja uma brincadeira de "amigo oculto", na qual n pessoas escrevem seu nome num pedaço de papel e o depositam num recipiente, de onde cada um pega aleatoriamente um dos pedaços de papel. Qual a probabilidade de ninguém pegar seu próprio nome?

Solução:

Numeremos as pessoas 1,2,...,n. Um sorteio de nomes nada mais é do que uma função f: [1, 2, ...,n} [1,2.... n) bijetora, que associa a cada pessoa o seu amigo oculto.

Dizemos que x é um ponto fixo para uma função f: A A se e só se f(x) = x. Um sorteio no qual ninguém pega o seu próprio nome é, simplesmente, uma f: {1, 2......... n} {1, 2, ...,n} bijetora e desprovida de pontos fixos.

 

Solução 1

 

Solução 2

Seja f( l ) = k:.  Teremos (n 1) possibilidades para k.

Solução 3

Usaremos aqui como lema um resultado devido ao matemático português Daniel Augusto da Silva (nascido em 16-5-1814 e falecido em 6-10-1878), resultado esse que é conhecido como Teorema de da Silva, Princípio da inclusão e exclusão ou Fórmula do crivo.

Demonstração:


o cardinal de cada uma é (n k)! (pois fixam-se k pontos, permutando os  n k restantes), temos que

 

 

Conclusão:

NR: Carlos Gustavo nos enviou, posteriormente, uma carta, dizendo "... podemos notar que obtivemos três resultados de formas diferentes. Parece interessante unificar algebricamente esses resultados, para que o leitor se convença que são, de fato, iguais". E acrescentou a demonstração da igualdade das  3 soluções  que a  RPM  deixa de publicar por falta de espaço.

 

 

 

     Uma construção de primos

Eríc Bastos Campos Guedes

Vou revelar meu processo para se obter números primos.

É verdade que ele funciona, fornece números primos, mas para isso é necessário que se tenha conhecimento de uma seqüência ininterrupta de números primos a começar pelo 2, e quando esta seqüência é muito pequena há necessidade de empregarmos também o número 1. Além disso, o processo pode fornecer também o número 1, isto porque ele não é para fornecer números primos, e sim números relativamente primos com todos os números positivos inferiores ao mesmo. E o número   1   está incluído nesta lista.

Seja: 2, 3, 5, 7, 11. Manejando os números 2, 3, 5, 7 convenientemente, todos os números obtidos inferiores a  112 =  121,   serão primos.

Veja:   5 x 7 + 2 x 3 = 41,  41 < 112 logo  41   é primo.

Observe que foram formados 2 produtos cujo MDC é  1, e em que entram todos os números primos entre  2  e  7  inclusive.

Poderíamos também ter feito:

52 x 3 - 2 x 7 = 61,   61 < 112,   logo  61   é primo

52 x 3 é primo com 2 x 7 e o produto desses 2 números tem todos os fatores primos entre  2  e  7  inclusive. Ou ainda:

2 x 5 x 7 + 3 = 73  ou  2 x 5 x 7-3 = 67

Conjecturo ainda que se tomarmos a seqüência  1, 2, 3,  poderemos obter todos os números primos aos poucos, assim:


 

assim nossa seqüência é aumentada em  2 termos: 1, 2, 3, 5, 7.

nossa sequência é aumentada em   11   termos

1, 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47

E assim por diante.

Não é difícil ver que este método para se obter números primos está baseado fundamentalmente em 2  fatos:

• Sejam a e b números primos entre si, se fizermos  p = a + ou p - a - b, teremos de qualquer forma os números ab e p primos entre si.

Sendo p e q números primos consecutivos, p < q, se n IN e n < q2, então ou n é um número composto de fatores primos dentre os quais figura um número primo positivo menor ou igual a p ou n é um número primo.

 

 

Éric descobriu o processo para obter números primos quando ainda cursava a 7.° série do 1.° grau do Colégio Figueiredo Costa em Niterói, RJ.

 

11 OLIMPÍADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA

1.   Os lados do triângulo   T de vértices  (0, 0), (3, 0)  e  (0, 3)  são espelhos. Prove que uma das imagens do triângulo   Tl  de vértices  (0, 0), (0, 1)  e  (2, 0)  é o triângulo de vértices (24, 36), (24, 37)  e  (26, 36).

2.  Seja  um inteiro positivo tal que  k(k +  l)/3  é um quadrado perfeito. Prove que  kf3 (k +  1)  são quadrados perfeitos.

3.  Uma função f,  definida no conjunto dos inteiros, é tal que f(x) = x 10 se x > 100, e f(x) = f [f(x + 11)]  se x 100.  Determine, justificando, o conjunto de valores da função f.

4.  Um jogo é disputado por dois adversários, A e B, cada um dos quais dispõe de dez fichas numeradas de   1   a   10.   O tabuleiro do jogo consiste em duas filas de casas, numeradas de   1   a   1492,   na primeira fila, e de   1   a   1989,   na segunda fila.

No n-ésimo lance (n = 1, 2,..., 10), A coloca sua ficha de número n em qualquer casa vazia, e B então coloca sua ficha de número n em qualquer casa vazia da fila que não contém a ficha de número   n   de  A.

B ganha o jogo se, após o décimo lance, ambas as filas exibirem os números das fichas na mesma ordem relativa. Caso contrário,  A   ganha o jogo.

a)    Qual dos jogadores tem uma estratégia vencedora? Justifique sua resposta.

b)   Suponha agora que cada jogador dispõe de k fichas numeradas de  1 k.  Qual dos jogadores tem uma estratégia vencedora? Justifique a resposta.

c)  Suponha agora que, além disso, as filas são o conjunto  Q dos números racionais e o conjunto  dos números inteiros. Qual dos jogadores tem uma estratégia vencedora?

Justifique a resposta.

5. Um tetraedro é tal que o centro da esfera a ele circunscrita está dentro do tetraedro. Prove que pelo menos uma de suas arestas tem comprimento maior ou igual ao comprimento da aresta do tetraedro regular que se inscreve na mesma esfera.

Livros com problemas de Olimpíadas

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SP, acompanhados de um cheque em nome do Comit
ê Editorial da RPM.