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São dois
os jogadores — cada um escolhe, secretamente, um número natural não nulo.
Suponhamos que um jogador escolheu o número a e o outro jogador, o
número b, com a
Suponhamos que os números escolhidos tenham sido 31 e 7. O 1.° jogador terá várias opções de jogo: {24,7}, {17, 7}, {10, 7}, {3, 7}. Suponhamos que escolha {10, 7}. Neste caso, o 2.° jogador só terá uma alternativa: {3, 7}. Será a vez, novamente, do 1.° jogador que poderá escolher{4, 3} ou{1, 3}. Se jogar {1, 3}, o 2.° jogador jogará {1, 0} e será o vencedor. Se jogar {4, 3}, o 2.° jogador será obrigado a jogar {1,3} e, na jogada seguinte, o 1.° jogador ganhará o jogo.
Não é difícil ver que o jogo termina com o par {n, 0}, onde n é o maior divisor comum de a e b. (De fato, se um número dividir a e b, este número também dividirá a-kb e b. Reciprocamente, se um número dividir a-kb e b, este número também dividirá a e b. Portanto, os divisores comuns de a e b e os de a-kb e b são os mesmos e, conseqüentemente, mdc(a,b) = = mdc(a-kb, b) = ... = mdc(n, 0) = n.) Também não é difícil ver por que o jogo se chama "jogo de Euclides" — basta observar o algoritmo de Euclides para o cálculo do maior divisor comum de dois números:
onde, em cada passagem, do maior número subtrai-se um múltiplo do menor (no jogo, este múltiplo não é necessariamente o maior possível). Como foi feito para o jogo do NIM (RPM 6, p. 47), apresentaremos uma análise matemática do jogo de Euclides que permitirá dizer quem vencerá o jogo, caso ambos os jogadores joguem corretamente.
Dado um
par {a,
b}, com a > b, os pares {a-b,
b},
{a-2b,
b}, ...,
{a-qb, b},
com a-qb
Se
a-qb
Se {a-qb, b} for o par derivado mínimo, diremos que o par {a-(q-1)b, b} é o par anterior ao par derivado mínimo.
Observe, mais uma vez, o exemplo. Dado o par {31,7}, o 1.° jogador tem apenas duas opções significativas: • ele escolhe o par derivado mínimo {3, 7}; ou • ele escolhe o par anterior ao par derivado mínimo, isto é, {10, 7}, obrigando o adversário a jogar {3, 7}. Qualquer outra escolha daria estas mesmas duas opções ao adversário. Qual das duas é a melhor? Vamos fazer a análise no caso geral. Suponhamos que o 1.° jogador receba o par {n, m} com m < n.
• Suponhamos, então, n = qm + r, 0 < r < m. O jogador deverá optar pelo par derivado mínimo ou pelo par anterior a este, isto é, deverá optar entre: {n-qm, m} - {r, m} com 0 < r < m ou
{n-(q-l)m, m} = {qm +
r-qm + m, m} =
{m + r, m} com m < m + r Como o
adversário
Refazemos, então, a pergunta: o 1.° jogador pode optar entre um par cuja
razão é
maior do que
a melhor opção? A resposta se encontra no seguinte fato:
Portanto é sempre vantajoso para um jogador escolher aquele par cuja razão é menor do que 2 e passá-lo ao adversário. Este, na sua vez, não ganhará o jogo e será obrigado a devolver um par com razão maior do que 2. E, agora, o fato decisivo: Se um jogador receber um par [a, b] com-r-> r ele terá uma estratégia que lhe garantirá a vitória.
Demonstração:
sempre impedir que seu adversário ganhe o jogo no lance seguinte. Como o jogo é finito (já que os sucessivos pares contêm números naturais cada vez menores), necessariamente haverá uma vez em que o jogador receberá um par {a, b}, com a múltiplo de b, o que lhe dará a vitória. Em resumo:
Se o
jogo começar com o par {a,
b}, com a > b > 0, o 1.° jogador
terá uma
estratégia que
Bibliografia
[1]
Roberts, Joe. Elementary Number Theory, a Problem Oriented Approach,
MIT Press, 1977 [2] Gardiner, A. Discovering Mathematics, Oxford,
1982. NR: O "problema de Euclides", que se encontra no livro [2] da bibliografia, fez parte da prova da 9.ª Olimpíada Brasileira de Matemática e foi resolvido corretamente por Ralph Costa Teixeira
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