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A 28? Olimpíada Internacional de Matemática realizou-se no mês de julho, em Cuba. Três estudantes da equipe brasileira foram premiados: Ralph Costa Teixeira repetiu a façanha do ano passado e novamente conquistou um 1º prêmio. Desta vez, ele acertou integralmente os 6 problemas da prova! Marcelo R. Xavier de Mendonça e Felipe Fritz Braga receberam, cada um, um terceiro prêmio. São tantas as Olimpíadas de Matemática mencionadas na RPM, que talvez um quadro descreva melhor o desempenho destes três jovens que somente este ano completaram 18 anos e ingressaram na Universidade.
Tanto Marcelo quanto Ralph, que moram no Rio de Janeiro, já freqüentam cursos no IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) e têm-se reunido, semanalmente, com o Prof. Elon Lages Lima, que os orienta no estudo da Matemática.
Deixe-me contar como é feita a avaliação das provas numa Olimpíada Internacional. Como cada estudante faz a prova na sua língua materna, estas são realizadas em dezenas de línguas. Por isso a correção inicial é feita pelo líder e vice-líder de cada equipe, que atribuem, a cada problema de uma prova, de 0 a 7 pontos. A Comissão Local da Olimpíada designa 6 júris, um para cada questão. Assim, por exemplo, o júri IV examinará somente as correções da questão 4. Um júri é composto por 4 ou mais pessoas (em geral, matemáticos ou professores universitários). Seguindo um cronograma previamente estabelecido, cada líder apresenta, a cada um dos 6 júris, as provas corrigidas de sua equipe, e, se solicitado, explica em uma das línguas oficiais da Olimpíada, o porquê do número de pontos atribuídos a um determinado problema. Quase sempre júri e líder chegam a um acordo quanto à "nota" de cada estudante. Cumpre ressaltar que os membros de cada júri, alei e serem escolhidos pela sua competência, estudam de antemão o problema sob sua responsabilidade, para melhor entender as soluções que lhe forem apresentados. Na 27? Olimpíada foi este o enunciado da 5? questão: Seja n > 3 um número natural. Prove que existem n pontos, no plano, tais que a distância entre dois quaisquer dentre eles seja irracional enquanto que a área do triângulo, que três quaisquer dentre eles determinam, seja racional e não nula. Para a correção foi estabelecido que uma resposta correta, embora sem justificativa satisfatória, valeria 2 pontos. Ralph, Felipe e Marcelo acertaram integralmente a questão (veja a solução mais abaixo) e o líder atribuiu, a cada um, 7 pontos. Alberto, também da equipe brasileira, afirmou que n pontos do tipo (2i, 3i), i natural, constituíam uma solução, mas a justificativa que apresentou não estava correta. Para decidir se Alberto merecia, ou não, 2 pontos, era necessário saber se (2i, 3i) era uma solução do problema. O líder e vice-líder da equipe brasileira, que, num prazo relativamente curto, devem corrigir 36 problemas (6 provas com 6 problemas), deixaram em aberto a atribuição de pontos à 5º questão do Alberto, certos de que o júri saberia dizer se a solução estava certa ou errada. Mas o júri não sabia. Pensaram; tentaram isso; tentaram aquilo e não chegaram a conclusão nenhuma. Resolveram então dar o problema para um computador para que testasse os números
para vários valores de i e j, à procura de um que fosse racional. O computador encontrou um número racional para i = 10 e j = 12. Aparentemente, a solução dada por Alberto estava errada e, na ocasião, por já ter passado meia-noite, os trabalhos foram encerrados. Na manhã seguinte, na hora do café, o prof. A. Barone Netto, líder da equipe, contou a eles que o computador achara um contra-exemplo para a solução do Alberto, mas que o resultado era duvidoso, uma vez que res fazem arredondamentos ao lidar com números de muitos algarismos. Após cinco minutos, Ralph afirmou que o computador estava errado e deu, de imediato, a seguinte justificativa: Se (212 - 210)2 + (312 310)2 = a2 então (210 . 3)2 + (310 . 8)2 = a2 26 . 32(214 + 318) = a2 e, portanto, 214 + 318 seria um quadrado perfeito. Mas, 214 + 318 = b2 318 = (6 27)(b + 27). Como 3 não pode, simultaneamente, dividir b 27 e b + 27, pois, neste caso, dividiria b + 27 (b 27) = 28, conclui-se que b 27 = 1 e b + 27 = 318, ou seja, b=27+1 e 27+1+27=318, isto é, 28 + 1 = 318 0 que, obviamente, é falso. E assim, sem o contra-exemplo, a dúvida permanece: (2i, 3i), i natural, é uma solução do problema 5?
Realizou-se no dia 15 de agosto em várias cidades do Brasil. Transcrevemos a seguir os três problemas de Geometria que fizeram parte da prova: 1. Tem-se um bolo em forma de prisma triangular, cuja base está em um plano horizontal. Dois indivíduos vão dividir o bolo de acordo com a seguinte regra: o primeiro escolhe um ponto na base superior do bolo e o segundo corta o bolo por um plano vertical à sua escolha, passando porém pelo ponto escolhido, e seleciona para si um dos pedaços em que dividiu o bolo. Qual deve ser a estratégia para o primeiro e qual deve ser a fração do volume do bolo que ele esperaobter? 2. São dados um poliedro convexo e um ponto interior ao poliedro. Prove que existe uma face do poliedro tal que a projeção ortogonal do ponto no plano suporte desta face seja interior à face.
3.
Aos pontos Al
= (x1 y1,
z1), .... An =
(xn yn
,
zn)
associa-se um ponto
Foram premiados os seguintes alunus: Song San Woei; Jun Takakura; Alberto Adami; Lenilson Barreira de Morais; Maria Célia Paiva de Freitas; Walfredo Cirne Filho; Antônio Marcos de Oliveira Costa; Edilson Jun Kina e Marcelo Augusto Cândido Cardoso.
Muitos colegas nos têm escrito perguntando onde podem ser encontradas as questões das Olimpíadas Brasileiras e Internacionais, com soluções. Existem dois livros, ambos em inglês, que trazem as questões de todas as Olimpíadas Internacionais, desde 1959 até 1985, com soluções detalhadas. São eles: Greitzer, S. L. International Mathematical Olympiads, 1959-1977 e Klamkin, M. S. International Mathematical Olympiads, 1979-1985. Ambos são publicações da: The Mathematical Association of America 1529 Eighteenth Street, N.W. Washington, D.C. 20036 Estados Unidos
Para comprar os livros diretamente da MAA (Mathematical Association of America) um processo é o seguinte: a) Escreve-se para o endereço acima solicitando uma fatura pró-forma (invoice), cobrindo o preço do livro e a remessa postal. Em geral, recebe-se a fatura após um mês.
b)
Apresenta-se esta fatura a um banco
(Bradesco, por exemplo) que emitirá uma ordem de pagamento em favor da MAA. Para a compra de livros técnicos, o dólar é vendido à
taxa do câmbio c) A ordem de pagamento deverá ser remetida ao endereço acima, com uma cópia da fatura. Dependendo do banco, esta remessa é feita pelo comprador ou pelo banco. d) Decorridas cerca de 10 semanas, o livro chegará pelo correio. Um processo um pouco mais simples (e bem mais caro) é encomendar o livro através de uma livraria. Existem, nas grandes cidades do Brasil, diversas livrarias que importam livros técnicos mediante pedido. Se o leitor pretende escrever para a MAA, deve aproveitar a oportunidade e solicitar um catálogo.de, suas publicações. A MAA publica muitos livros de interesse para o professor. Dois deles já foram traduzidos pela SBM — são os números 5 e 6 da Coleção Fundamentos da Matemática Elementar. O livro que contém as questões das 8 Primeiras Olimpíadas Brasileiras, com soluções, tem os seus originais prontos, devendo em breve estar no prelo. Esperamos já na RPM 12 poder anunciar sua publicação.
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