Marcando um Ângulo sem Transferidor

Alexandre Kleis
Colégio Pitágoras
Patuca, Equador

Num artigo nesta Revista, Imenes e Jakubovic diziam que "o mundo está a nossa volta e a Matemática está presente (...) nas atividades de muitas pessoas. É preciso sair em busca disto e conversar com outras pessoas" (RPM 1, p. 2).

Um conselho especialmente interessante e que pude seguir facilmente: afinal, lecionava num colégio instalado próximo ao canteiro de obras de uma hidrelétrica na Amazônia. E um dia desses, vi algo simples e engenhoso.

Fui visitar a Central de Armação, onde são dobrados os ferros para a estrutura de concreto da barragem, no comprimento e com a inclinação apropriados. O encarregado recebe um lote de barras de ferro com uma plaqueta, mais ou menos como na figura ao lado, querendo dizer que cada barra, de 1,30 + 5,60 + 2,10 = 9m, deverá ser dobrada em ângulo reto numa extremidade e a 45° na outra.

Embora este serviço seja feito por uma máquina, o encarregado tem necessidade de verificar se o ângulo está certo. Para isso, prepara-se um padrão; dobra-se uma pequena barra que é sobreposta a cada barra preparada para conferir.

Assim, é preciso inicialmente marcar um ângulo de 45° (no nosso exemplo). Como não se tem transferidor — e nem será preciso, como se verá —, o encarregado toma uma trena, tira 57 cm e, segurando esta marca, traça, com giz, sobre uma mesa, uma semi circunferência. Em seguida, tira 45 cm, e entorta, sobre a semi circunferência, a trena, determinando um arco. O ângulo subtendido por este arco mede 45°.

A justificativa é simples. Uma circunferência de raio R cm tem comprimento 2R cm e subtende um arco cuja medida é de 360°; um arco de x cm subtende um arco de a°. Logo:

 

Agradecimento: Muito obrigado ao Sr. Feliciano Lima, chefe de Armação da Construtora Andrade Gutierrez em Balbina (AM).
 

 

Alexandre Kleis é catarinense de Itajaí, onde nasceu há 25 anos. Formou-se em Matemática pela Universidade Federal do Paraná em 1982, indo, logo em seguida, para Balbina, uma hidrelétrica em construção na Amazônia e, agora, para Patuca, ponto de partida de uma estrada que está sendo construída no interior do Equador. Acompanha o Colégio Pitágoras e a Construtor Andrade Gutierrez, mineiros.