Número Dez

Nós que fazemos a RPM, olhamos com emoção, e até mesmo com uma pontinha de orgulho, a publicação deste décimo número, que vem completar nosso quinto ano de trabalho.

Com ele se conclui um ciclo, uma fase inicial, durante a qual temos procurado sentir a repercussão da nossa mensagem, ao mesmo tempo em que tentamos estabelecer nossa própria identidade.

Não pensamos todos igualmente, nem atuamos da mesma forma. Cada um de nós tem seu modo de ser, suas idéias próprias, suas preferências e suas opiniões de como fazer a RPM. Por isso mesmo é que somamos. Do contrário, bastaria uma só pessoa para tomar decisões pois, afinal de contas, {a} {a} = {a}. Mas não divergimos no essencial. Há concordância a respeito de certos princípios fundamentais, alguns dos quais merecem destaque pois orientam boa parte dos nossos rumos. Em primeiro lugar, entendemos que a RPM é feita para servir aos professores de Matemática espalhados por este imenso Brasil. Servi-los no sentido de ajudá-los a conhecer melhor a sua matéria e cultivá-la com dedicação. Para isso, propiciamos oportunidades e assuntos para pensar, tópicos para ilustrar suas aulas, informações para enriquecer seus conhecimentos e espaço para trocar idéias e experiências. Em segundo lugar, sabemos das dificuldades dos nosso  leitores, das lacunas na formação profissional de alguns e do isolamento intelectual de muitos. Mas sabemos também (e isto fica bem claro na farta correspondência que recebemos) que há uma grande ansiedade de conhecer mais a fundo a disciplina que ensinam, muita curiosidade sobre a origem, a estrutura e as aplicações dos assuntos que abordam em suas aulas, além da vontade de saber mais para ensinar melhor. Por isso procuramos manter o conteúdo da Revista dentro de um padrão matemático respeitável, esforçando-nos, ao mesmo tempo, para tornar sua leitura amena e agradável.

Outro ponto de concórdia entre nós é que a RPM não é uma revista pedagógica. Nosso assunto principal é a Matemática, propriamente dita. Para ser um bom professor é preciso, antes de mais nada, conhecer bem e ter amor à matéria que se ensina. A alegação de que isto não é suficiente para um ensino eficaz tem sido usada como justificativa para muitos escritos pseudo-científicos, cuja contribuição para o cultivo e a divulgação da Matemática é bastante duvidosa. A respeito da arte de ensinar Matemática há algumas boas peças escritas — neste número publicamos uma delas, de autoria de G. Pólya. Mas fizemos uma opção bastante consciente quando resolvemos preferir falar mais sobre teorias, conceitos e questões matemáticas em vez de enfatizar problemas didáticos.