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Desde
que o homem conseguiu um grau razoável de civilização, ele começou a
interessar-se por problemas de medidas de comprimentos, áreas, etc.. Isto
foi a origem da Geometria. Um problema particularmente importante, foi o cálculo
do comprimento de uma circunferência cujo diâmetro era conhecido. O
primeiro fato importante notado pelos geômetras da antiguidade foi que
“quanto maior o diâmetro maior o comprimento”, mais ainda, que o
comprimento da circunferência é proporcional ao seu diâmetro. Se
indicarmos por C o comprimento e por D o
considerada. Medidas
experimentais mostravam que esta constante era um pouco maior do que 3. Os
geômetras antigos usaram, com muito sucesso, valores aproximados para
esta constante, como por exemplo, 22/7. Hoje
sabemos que esta constante é um número real muito famoso (e
complicado...) chamado ,
aproximadamente igual a 3,141592... . Uma
tabela com aproximações do número p,
obtidas quando se substitui o comprimento da circunferência pelos
comprimentos de polígonos regulares de n lados inscritos e
circunscritos a esta circunferência, encontra-se no volume dois do texto
“Matemática Aplicada” de Trotta, Imenes e Jakubovic (v. Livros,
neste mesmo número da Revista) à página 106. Nesta tabela, chega-se aos
valores 3,1415
<
< 3,1416 com
polígonos de 500 lados. O leitor entenderá melhor esta construção ao
ler todo o parágrafo 10, que trata do comprimento da Circunferência, com
início na página 102. Lembramos que os
significa que o número
racional x é solução da equação de 1° grau nx = m, cujos
coeficientes n e m são inteiros. No entanto, existem muitos
números reais que não são racionais e por isso são chamados
irracionais. Dentre estes, alguns são relativamente simples, como por
exemplo a0xk
+ a1xk-1+ ... + ak-1x + ak = 0 onde
os números a0, a1, ... ak são inteiros.
Vejamos mais um exemplo de irracional algébrico:
Sendo
temos
e
portanto, elevando ao quadrado novamente
ou
seja
O
cálculo que fizemos mostra que
é raiz da equação
e portanto é algébrico.
Verifique você mesmo que
é irracional! Mas
acontece que muitos números irracionais não são algébricos. Por isso são
chamados de irracionais transcendentes. Estes não são raízes de equações
do tipo a0xk
+ a1xk-1+ ... + ak-1x + ak = 0 como
acima. Afinal, o p
é o quê? Racional ou Irracional? Se for irracional, é algébrico ou
transcendente? A resposta a esta pergunta foi dada em 1881 por um matemático
chamado Lindemann que provou: p
é transcendente. Resumo
desta pequena história: nos primórdios da Matemática já apareciam números
muito “complicados” que só viriam a ser bem compreendidos no século
XIX quando os matemáticos começaram a preocupar-se com a boa fundamentação
da própria Matemática. Sabemos que existem “muito mais” números
transcendentes do que algébricos. Em outra ocasião, explicaremos o
significado desta frase. Sabemos
também que os números racionais estão “bastante espalhados”, isto
é, perto de cada número irracional (tanto faz algébrico como
transcendente), sempre existe um número racional. Isto significa que,
para efeito de aplicações práticas da Geometria, podemos tomar aproximações
racionais de ,
como por exemplo, 3,1416. Como dissemos, os geômetras da antiguidade
usaram 22/7 como aproximação de p
e 22/7 = 3,1428... .
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N. da R. O texto de Djairo G. de Figueiredo, “Números Irracionais e Transcendentes”, da Coleção Fundamentos da Matemática Elementar (v. anúncio na segunda contra-capa deste número da Revista) consiste numa exposição sobre a irracionalidade de certos números reais, a construção de alguns números transcendentes e a transcendência de e, e outros. Este é um campo em que os problemas têm enunciados, quase sempre, de fácil compreensão, mas alguns deles, surpreendentemente, exigem técnicas mais elaboradas em suas soluções, algumas delas acima do conhecimento do estudante regular do segundo grau. Este texto, entretanto, é de leitura acessível a quem tenha formação equivalente à dos programas de Cálculo Diferencial e Integral dos cursos de Licenciatura.
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